Laptop a manivela e a educação em país sério
- Por Nelson Correa
- 25 fevereiro, 2007
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Estive em Saint Louis em 1999 para participar de um Congresso. Conhecida como o Portal para o Oeste, por ser a última cidade que os aspirantes a nova vida passavam antes de se embrenharem para o Oeste Selvagem. Como me disseram os nativos, era ali que os velhos desbravadores compravam munição, armas, víveres, ferramentas e o que mais pensassem ser necessário para encarar a travessia para a nova vida na costa oeste.
Saint Louis fica à beira do rio Mississipi. Tem um arco gigantesco construído entre 1963 e 1965, é o mais alto monumento dos EUA. Dizem eles, o quarto mais visitado do mundo, e serviu para homenegear Thomas Jefferson e a expansão para o oeste. Fora isso, a cidade é uma típica cidade do interior dos Estados Unidos. Quem conhece Nova Iorque, Miami, Boston, Washington ou Chicago, tem um choque com o caipirismo de Saint Louis.
Toda essa introdução é para te posicionar geográfica e culturalmente sobre um fato que me deixou pensando sobre muitas coisas. O fato: foi publicado pelo jornal na Internet, Saint Louis Today ponto com, no dia 23/02/2007, uma matéria sobre a compra e distribuição de 2000 Palms modelo T|X para alunos de uma escola de um distrito pobre da cidade. A matéria pode ser lida aqui.
Me surpreendeu que a atitude visa buscar melhorar o rendimento dos alunos dessa escola, que estão apresentando notas abaixo da média nacional, ou das que eles deveriam alcançar como rendimento escolar. Mas a maior surpresa, não estou acostumado com isso: a fatura a ser paga por esse projeto é de 1 milhão de dólares. Sobre uma quantia dessas no Brasil, é mais fácil lermos que foi paga no caixa dois para o publicitário da campanha do presidente, e que foi enviada fraudulentamente para o exterior. Ninguém até hoje foi punido. Depois não entendem a tristeza do país (aqui).
Em países menos sérios, também classificados como sub-desenvolvidos, um milhão de dólares, ou qualquer outra verba disponível iria para a construção de mais uma escola sem infraestrutura, e nunca teria 20% da verba, ou 200 mil dólares sendo direcionados para o treinamento dos poucos professores que trabalharão com os pequenos computadores junto aos alunos. As professoras não tolerariam a colocação de placas comemorativas do investimento em seus corpinhos.
Fora esses aspectos, me surpreendeu que escolas e distritos escolares tenham diretores de tecnologia. Ou seja, eles usam as ferramentas disponíveis para tornar suas crianças preparadas para a disputa global que já vivemos. E esse caminho passa obrigatoriamente pela tecnologia da informação.
Eu tenho um Palm T|X e se você quiser conhecer um pouquinho mais sobre essas maquininhas, visite o Blog Palm em Foco. Posso garantir que apesar de caber na palma da mão, é um computador de verdade, tem bateria, acesso internet, se comunica em redes sem fio com tecnologia wifi e bluetooth, e existem mais de 10.000 programas disponíveis para se usar nessa maquininha. E um dos elementos de integração com os professores, é a possibilidade de enviar na hora para a professora, o resultado do exercício que acabou de ser finalizado.
Em outros lugares menos desenvolvidos do mundo, tem-se discutido há mais de ano, o uso de um brinquedo de plástico para ajudar o aprendizado das crianças. A escolha é nossa.
Olá Nelson!
Como aparentemente seu trackback está desabilitado aviso manualmente mesmo!
Eu escrevi um texto no meu blogue sobre a sua opinião (implicita neste texto) de que usar Tungsten T|X é “mais sério” do que se usar os notebooks do MIT.
O texto está aqui
[]’s
Oi Sergio,
Pena que seu texto não entrou aqui de trackback, está excelente e nos habilita a discutir esse tema que muito me empolga em altíssimo nível. Acho que no ponto central não estamos discordando. Meu foco não foi o hardware, veja que mostrei, talvez mal mostrado, que lá eles têm um projeto. Projeto que inclui até o treinamento forte dos professores envolvidos. Lá eles compraram o hardware + softwares com um foco e com objetivos a serem alcançados definidos. O Palm era só o gancho para discutirmos isso e até mesmo o “novo” PAC da educação. A manivela, entrou para mostrar que ainda somos parecidos com os nativos que aqui estavam e ficaram maravilhados com os espelhinhos oferecidos pelos portugueses. Muito obrigado pela oportunidade de discutirmos um assunto tão sério como esse. Virei leitor do Blog e Fisica.
Grande abraço e sucesso.