Coexistir

Quem esteve no Morumbi em fevereiro desse ano (eu estava) pôde ver Bono entrando no palco para cantar Miss Sarajevo com uma faixa na testa com a imagem ao lado.

Is there a time for keeping a distance
A time to turn your eyes away…

Essa música, que antes da turnê “Vertigo” foi cantada ao vivo pouquíssimas vezes, e foi gravada com uma estrofe interpretada por Luciano Pavarotti, foi na verdade a trilha sonora do documentário Miss Sarajevo (aqui), gravado durante a guerra civil na Bósnia e Herzegovina (1995) por Bill Carter. O filme mostra como as pessoas ainda tentavam manter uma normalidade apesar conviverem com conflito tão sangrento, que tinha como inspiração motivos étnicos e raciais.

… Is there a time for keeping your head down
For getting on with your day…

Voltando ao Bono e sua faixa, na performance de Miss Sarajevo, ele buscou inspiração na obra do artista polonês Piotr Mlodozeniec. Essa obra faz parte do acervo/exposição Coexistence, iniciada e criada pelo Museum on the Seam, de Jerusalém (aqui). A exposição mostra obras de vários artistas sobre a coexistência do ser humano em grandes painéis, com textos fortes de grandes pensadores da história da humanidade.

Quem estiver por São Paulo até o próximo dia 26 de setembro (2006), não pode perder a exposição no Parque do Ibirapuera. É a primeira vez que a mostra vem para a América Latina. Além dos outdoors, existem diversas atividades paralelas que discutirão a coexistência. Veja todo o programa no site da Coexistência Brasil (aqui).

… Is there a time to walk for cover
A time for kiss and tell
Is there a time for different colors…

Essa mostra é muito importante para nos ajudar a romper os preconceitos que ainda existem entre nós brasileiros com relação à cor da pele. Mas, fundamentalmente, a exposição pode nos ajudar a repensar a idéia de lutar para que os negros brasileiros possam andar na parte da frente do ônibus, quando nunca por aqui, eles foram proibidos disso.

Clique na foto para ampliar em outra janela. (All by Esk except #06 by Cris)

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2 Comentários

  • Nilo Matos disse:

    Prezado Nelson Corrêa,
    Não entendi o que você quis dizer no último parágrafo. Não ficou faltando alguma parte de texto?
    Att,
    Nilo Matos

  • Caro Nilo,
    Você está transbordando de razão, faltou sim. Faltou clareza! :-)
    Eu não queria me estender demais e o fecho do post ficou pouco claro. Na verdade eu tentei dizer que ainda temos que caminhar bastante aqui no Brasil para superar todas as barreiras raciais que temos. Mas por outro lado, nossos problemas raciais são absolutamente opostos aos que foram vividos, por exemplo, nos Estados Unidos, onde a segregação era prevista em lei. Meu medo maior é entrarmos por um caminho que fomente o racismo ao invés de minimizá-lo. Nossa pele é parda (morena?). E cada vez menos teremos brancos e negros no Brasil. Mais que do que trabalharmos por diferenças de cor de pele, devemos sim trabalhar para minimizar as diferenças sociais do país. Para finalizar, gostaria chamar a atenção para a criação de barreiras, não só por conta da cor da pele, mas também por conta de opções religiosas. Não podemos deixar que isso aconteça no Brasil.
    Obrigado pela dica.
    Abraços,
    Nelson

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