Conheci um Brasil sério

Terça-feira, 28/11/2006, 20:27h. A essa hora eu já deveria estar sobrevoando Uberlândia, em direção a São Paulo. Mas ainda estou dentro do Airbus da TAM, estacionado no pátio do aeroporto de Brasília. Acabei de receber a notícia, que por conta da herança maldita do governo anterior, deveremos decolar daqui a três horas, isso se decolarmos hoje. Tudo por que o governo que está aí, antes desse novo, recém eleito, aquele que começou em 2003 e prometeu espetáculo de crescimento e outras bobagens que não se concretizaram, deixou de investir o que era necessário para que o tráfego aéreo hoje não vivesse o apagão a que estamos submetidos.

Só me restava abrir a mesinha à minha frente, tirar do bolso externo do paletó o teclado infra-vermelho totalmente dobrável e do bolso interno do mesmo paletó o meu novo e poderoso Palm T|X para começar a escrever sobre um assunto que tinha me encantado horas mais cedo. Eu não estava a passeio em Brasília, estava lá profissionalmente, mas mesmo assim, esse assunto extrapola o aspecto profissional. E sendo assim, ele não vai para o blog profissional, fica aqui mesmo no Pô, meu!

Na segunda e terça-feira participei de pedaços de um evento promovido pela ViaForum chamado SecGov. A finalidade desse evento era reunir especialistas do governo em diversos segmentos (água, financeiro, telecom, segurança pública, saúde, etc) para discutir ameaças, desafios e futuros projetos destes segmentos governamentais, com um viés em segurança. Na tarde de terça-feira, submergi (com várias paradas para receber e fazer ligações críticas) junto com o grupo de saúde e fiquei encantado com o nível das pessoas presentes, seu conhecimento sobre o assunto e a quantidade de propostas colocadas para a discussão pelo grupo.

O que as pessoas discutiram e propuseram eram temas que mais facilmente vemos abordados e adotados em países de ponta e não aqui. Problemas de mapeamento de vetores epidêmicos, roubo de pesquisas de 10/20 anos, necessidade da informação sair e chegar nos mais longínquos recantos do país no tempo certo. Mas principalmente, o que aqueles profissionais, técnicos e funcionários públicos do governo federal me passaram, foi um profundo respeito pelo carinho, diria até amor, com que tratam de seu trabalho e profissão.

É nessa hora que lamentamos o “aparelhamento” político da estrutura pública. É nessa hora que lamentamos a incompetência e canalhice de políticos que nunca pensaram de verdade no Brasil. Por que não ouvem esses técnicos? Eles sim, conhecem e têm feito o melhor Brasil que conhecemos. Apesar do choque, passar aquela tarde entre eles, como ouvinte, me encheu de esperança.

Esperança de que mesmo a gente escolhendo quem não sabe e/ou não quer fazer nada de verdade pelo Brasil, existe um Brasil sério, que apesar de tudo, continua trabalhando para nos levar a um patamar de país de ponta. Só vai depender da gente acertar a mão e colocar no comando gente igual em seriedade, competência, inteligência e amor pelo trabalho.

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Categorias: Política

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