Censurado? Pô meu, novamente não!

Depois de vermos a velha esquerda incensar o “mago da economia” dos ditadores que comandaram o Brasil depois do golpe de 64 e beijar a mão do ex-governador do Pará, ex-ministro, ex-senador e deputado federal, com quatro ações penais no STF e ícone direitista que representava o “tudo isso que está aí” que era combatido, agora também temos que ver de volta a censura.

Ah, isso não! Eu comecei a ler jornal na época em que os ditadores, donos do poder, escolhiam o que eu deveria ler. Mudamos isso, e outras coisas, no voto e no grito. Mudamos até da ditadura para a democracia. É verdade: com dor, com muita dificuldade e com perdas.

Porém, esses velhos políticos (ou seriam velhacos?*) pensam que nos enganam e controlam. O mundo tem mudado muito rapidamente, e eles que se locupletem nesse finalzinho da era da obscuridade, pois a informação instantânea e livre é uma realidade. Certamente que ainda será usada de forma deformada e falsa por um período. Mas nós aprenderemos com seu uso a separar o joio do trigo.

Minha indignação teve origem na censura que o TSE fez, a pedido do Partido dos Trabalhadores, ao áudio do dia 10/10/2006 do jornalista e comentarista Arnaldo Jabor no site da Rádio CBN. Jabor expressava sua (dele) opinião a respeito do debate entre os candidatos à presidência, Lula e Alckmin, na TV Bandeirantes no dia 08/10/2006.

Primeiro li no jornal, depois ouvi na Internet, e fico até agora me perguntando o que teria motivado a censurarem o artigo “Qual é a origem do dinheiro?”. Será que foi por conta dessa frase?

“De um lado, a teimosa demanda de Alckmin pelo concreto da administração pública e, do outro lado, o Lula apelando para pretextos utópicos, preferindo rolar na retórica de símbolo, lendo constrangido estatísticas e citando obras quem nem foram iniciadas.”

Ou será que o que incomodou foi lá pelo meio da fala do Jabor, quando ele disse:

“Lula não precisa dizer a verdade; basta parecer. Sempre que o Alckmin o encostava na parede, ele chamava as verdades proferidas de “leviandades”, o que é muito comum no vocabulário petista que nomeia de “erros” os crimes cometidos ou de “meninos”, os marmanjos corruptos que transportam dólares na cueca ou nas maletas…”

Cheguei a achar que a parte que ele acusa diretamente os donos atuais do poder, pudesse ter sido a motivadora da censura. Veja só:

“Lula tentou encobrir os crimes de sua quadrilha apelando para pretensos “crimes” de gestões anteriores, como barragem de CPIs, votos comprados, caixa 2 sem provas. Ele e os petistas se julgam donos de uma “meta-ética”, uma “supra moral” que os absolveria de tudo e, por isso, Lula se utilizou de mentiras e meias-verdades para responder às acusações de mensalões e sanguessugas em seu governo.”

Forte não é? Mas isso não era tudo. Mais uma vez Jabor falou da criminalidade e da alienação batida e repetida.

“Lula tentou fugir da pergunta que não vai se calar: “Qual a origem do dinheiro?”.
Lula respondeu com a metáfora batida: “Muitas vezes o sujeito está na sala e não sabe o que está acontecendo na cozinha”. Ou seja: é normal que o chefe da Casa Civil e agora o presidente do partido, Berzoini, Hamilton Lacerda, o chefe da campanha do Mercadante, o diretor do Banco do Brasil, seu assessor, seu churrasqueiro, petistas ativos no diretório, todos soubessem e trouxessem o dinheiro em malas, sem avisar o chefe.”

Mas agora, depois de muito analisar, acredito que ter chamado a atenção para um crime contra a democracia, pode ter sido o grande motivador da censura. Pois a censura sempre, em qualquer época ou lugar, se alimentou da falta de democracia. Ou não seria a falta de democracia se alimentando da censura?

“Acontece que os crimes de sua quadrilha “são” a questão principal e também “programática” porque, além da imoralidade, esses crimes prefiguram uma política que visa atropelar a democracia através de grossuras truculentas que lhes mantenham no emprego a qualquer custo.”

O Jabor, ou qualquer outro, deve assumir seus pontos de vista, e responder por eles. É da natureza da democracia que qualquer pessoa que se sinta ofendida por opiniões tenha o direito de contestá-las na justiça. Ao analisar o debate, não concordei 100% com o Jabor, mas sou totalmente contra a atitude inconstitucional (**) e imoral de censurar idéias.

Para que você possa formar sua opinião sem tê-la cerceada por qualquer ato truculento de censura, e já que o site da CBN não pode mais disponibilizar o áudio do dia 10 de outubro, você pode ler o artigo livremente (por enquanto) em o Jornal O Povo (aqui) ou ouvi-lo no Youtube (aqui).

* Velhaco em Dicionário Michaelis: adj. 1. Que engana de propósito. 2. Fraudulento, traiçoeiro. 3. Maroto, patife.

** Constituição Federal do Brasil
Art. 5º, inciso IX: é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica, e de comunicação, independente de censura ou licença.
Art. 220, § 2º: é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

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Categorias: Política

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