A esposa ultrajada


Foto de Iris DeLaPaz @ stck.xchngNa sala de audiências do Fórum, o juiz da Vara de Família ouvia o casal com solicitação de divórcio iniciada pela mulher, que pedia mundos e fundos do homem, pequeno comerciante de bairro. Todos os argumentos da empedernida mulher, balzaquiana falante, unhas bem feitas, baton vermelho em tonalidade forte e perfume excessivo dentro de vestido justo, esbarravam na simplicidade, timidez e até mesmo ingenuidade daquele homem de expressão cansada, barba de alguns dias, mas ainda aparentando estar apaixonado.

Era de 15 anos e 8 meses a diferença de idade entre eles. Ela nem lembrava mais como tudo começou. Ele sabia com detalhes. Ela foi convidada da prima Mayara no churrasco de aniversário do tio Olavo, há exatos 4 anos, 11 meses e 7 dias.

A mulher se desesperava, pois o juiz fazia perguntas cada vez mais complicadas e difíceis de responder, e principalmente, parecia cada vez mais distante de concordar com seus pleitos e exigências. Foi quando resolveu dar a cartada final. Puxa o lencinho da bolsa caramelo e chorosa diz ao juiz.

– Meritíssimo (ela ouviu e aprendia rápido), além de tudo isso por que passei, o senhor não imagina onde esse homem já quis me levar.

Ela soluça, limpa a lágrima que teima em não escorrer e completa.

– Mais de uma vez, excelência. (Lembra? Ela ouviu e aprendia rápido)

– E aonde seu marido quis levar a senhora? Por favor, nos fale.

– Ele mais de uma vez me convidou para ir no suíngue clube.

E chora com a convicção das que foram apunhaladas em seus princípios morais. O juiz se dirige ao homem, e com firmeza, pergunta:

– O senhor convidou sua esposa para fazer swing?

O homem assustado, com olhos esbugalhados e atordoado, sem entender direito o que se passa, responde prontamente:

– Mas como doutor juiz, eu não sei nem dançar?!

Lavrou-se a sentença, a separação foi concedida, ela saiu sem nada, pois os bens dele já existiam antes do casamento. O juiz concedeu-lhe um salário mínimo de pensão até que ela arrumasse um emprego. Ela era manicure. Dizem as más línguas, que poucos meses depois os dois foram vistos mais de uma vez na cidade vizinha, na Rua Prof. Leocádio, passando de carro lentamente, e olhando fixamente o casarão de cor mostarda do final da rua. Onde, à noite, fortes homens negros e engravatados garantiam a movimentação tranqüila e segura para os casais que visitavam o Swing Club Paradise.



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5 Comentários

  • andre fucs disse:

    ????

    Comentário do Pô, meu!
    Cara, você não entendeu nada?
    Ou foi só algum pedaço específico?
    Se for só um pedaço, posso tentar desenhar para facilitar seu entendimento, mas se for tudo, não tem muito jeito não.
    Essa minha primeira experiência publicando um mini conto ao invés das minhas tradicionais crônicas de opinião e do cotidiano, e, pode realmente estar uma merda.
    ;-)
    Hummm…
    Você sabe ler? Não, por favor não se aborreça, não estou te chamando de analfabeto. Mas quem sabe um funcional? :-s
    De qualquer maneira, é bom tê-lo por aqui.
    :-D
    Abração,
    Nelson

  • Nine disse:

    Nelson parabens pelo seu conto ,gostei bastante apesar do assunto me incomodar.Continue escrevendo contos para nos!bjs

    Comentário do Pô, meu!
    Oi Nine,
    Que legal que você gostou.
    O assunto não foi uma escolha aleatória, um pedacinho (duas frases) dele faz parte de uma história real que tomei conhecimento. Mas eu realmente não estou muito à vontade, é muito mais difícil escrever um conto que uma crônica. Mas juro que gostei da experiência.
    Vamos ver se isso vai ter continuidade.
    :-)
    Bjs,
    Nelson

  • andre fucs disse:

    o conto é uma xxxxx… mas pior ainda é o dono do blog um rude troglodita! Não volto mais. :P

    Comentário do Pô, meu!
    Tchau
    :P

    P.S. Esse cara não vale nada, mas é um belo fotógrafo amador (muito amador mesmo!) Visitem o Flickr dele.

  • Helô Fialho disse:

    nelson, preciso te apresentar urgentemente pra minha filha, a gabi. o link tá no meu blog. ela se formou em direito, trabalha no fórum central e volta e meia aparece com estórias hilárias, reais ou criadas, bem nesse estilo.

    sobre o comentário acima: well, a porta de entrada é a mesma da saída. bon voyage!

    Comentário do Pô, meu!
    Oi Helô!
    Olha, bem que tentei achar o blog da Gabi, mas depois de clicar em vários links do seu blog (É só um diário), conheci alguns blogs muito interessantes, é verdade, mas não achei o da Gabi. Manda ele prá gente.
    :-)
    Quanto ao comentário acima, liga não, é um carma que eu assumi.
    Abraços,
    Nelson

  • Helô disse:

    Oi, Nelson. O link da Gabi está no primeiro painel da esquerda (a biblioteca de outros links tá no segundo painel). O nome é Mil Folhas e o endereço é http://www1000folhas.blogspot.com/
    beijo.

    Comentário do Pô, meu!
    Oi Helô,
    Fui lá no blog muito bacaninha da sua Gabi. Vou mergulhar mais fundo por lá, mas veja só, antes mesmo de me inspirar nos causos jurídicos da Gabi, já me caiu no colo outro post sobre o tema. Obrigado!
    Beijos,
    Nelson

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