Fradinho: nossa vergonha


Nem os fradinhos conseguem impedir carros nas calçadas do Rio

Antes de entrar no tema, vale um preâmbulo para que todos os leitores tenham o mínimo de informação para entender este texto. De maneira alguma são os frades personagens do grande Henfil que nos envergonham (leia sobre o Fradinho Baixim). Apesar da Igreja Católica ter dado umas escorregadas por aí, não posso generalizar. Também não são os frades religiosos que são nossa vergonha. Eu falo de um bloco de concreto, de no máximo 80 centímetros de altura, como esse ali da foto. Eles foram criados há muitos anos aqui no Rio (e adjacências) para impedir que os carros fossem estacionados nas calçadas. Pode até ser que ele exista na sua cidade também.

Esses trambolhos urbanos são regulamentados, padronizados e de uso incentivado e até mesmo cobrados, por cidadãos que querem suas calçadas livres de automóveis. Mas eles também dificultam a passagem de pedestres carregando sacolas de compras, carrinhos de bebês gêmeos, e o mais grave, atrapalham pessoas cegas. E a vergonha?

A vergonha é constatar que sem estes estorvos nas calçadas, o carioca colocaria seu carro em qualquer calçada, é isso que me envergonha. Nós não temos a civilidade e o bom senso na prática da cidadania para respeitar uma lei: calçadas são para pedestres e NÃO para qualquer outro veículo de duas ou mais rodas. Aqui e em boa parte do país, talvez pelo excesso de leis estapafúrdias, as pessoas decidem ao seu bel prazer que leis devem “pegar” e as que podem ser desconsideradas.

Se a gente terminasse esse assunto aqui, já seria vergonhoso. Mas isso não é tudo, me preocupa muito estarmos cristalizando essa cultura do “bundalelê“. Vejam que o jornalista Ancelmo Gois, na sua coluna do O Globo (08/10/2009), em uma bela companha sobre a preservação de praças do Rio de Janeiro, mostra a foto de uma praça faltando um dos famigerados fradinhos e um carro estacionado no meio da praça.

Para o famoso jornalista, é a falta daquele fradinho que permitiu que o carro fosse estacionado no meio da praça. Para mim, o que garantiu uma vaguinha na sombrinha do meio da praça foi uma tremenda falta de educação, cidadania, civilidade, vergonha, punição, etc, etc.

Foto de Luiz Fortes



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