Preferia Jackson 5
- Por Nelson Correa
- 12 julho, 2009
- 4 Comentários
Ele tinha quase a mesma idade de Michael Jackson. MJ nasceu alguns meses antes dele, mas não eram contemporâneos. Apesar de ter ene motivos para não jogar uma vitrola no Inagaki, ele nunca quis aprender a coreografia do clipe de “Thriller” ou fazer o moonwalking. Não lamentou a morte de MJ, muito menos choraria por ele. Aliás, homem não chora, mas como toda regra precisa ter uma exceção, confessou, chorou uma vez a morte de um astro pop… vá lá… duas… primeiro chorou enquanto dirigia o carro para a faculdade ouvindo no rádio, as músicas de Vinícius de Morais no dia da sua morte. Depois, anos mais tarde, chorou no computador, repetindo no jogo GP da Microprose, simulador de F1, o acidente que nos tirou Senna, na Tamburello, em Ímola. Com o som no mudo e uma puta dor no peito.
As músicas com que MJ estourou nas paradas de sucesso no mundo inteiro, a partir dos anos 80, eram legais, mas nunca fizeram sua cabeça. Aliás, a cabeça do Michael, por exemplo, nunca esteve em sintonia com suas referências. Sua insatisfação estética, principalmente quanto a apagar traços de sua origem étnica, nunca lhe agradaram. Sem contar as acusações de envolvimento com crianças. Enfim, MJ não fazia muita diferença para ele. Acha até que MJ “morreu” há mais de uma década, mas só agora resolveram enterrar o corpo. Que seus fãs lhe perdoem, só está sendo sincero.
Mas MJ foi a alma, a estrutura e o elemento focal dos Jackson Five. Esse caras sim, foram de vital importância no seu desenvolvimento. Conheceu o J5 ali entre 12 e 13 anos, quando começava a descobrir, da noite para o dia, que meninas o atraiam tanto quando uma pelada de futebol com os amigos da rua. E do mesmo jeito que organizava o time da rua, arrumando uniforme, marcando jogos contra outros times e garantindo terem sempre uma bola disponível para celebrar o suor e a queima de calorias, passou a se preocupar também em organizar festinhas em casa. Lâmpadas estroboscópicas, luz negra, pickup, amplificador, caixas acústicas e 3 meninas para cada menino nas festas.
Foi nessa época que comprou alguns LPs dos Jackson Five. Tocavam sempre nas suas festinhas… errr… como direi… mélacueca… lá no salão da casa onde morava, numa pacata rua da zona sul carioca, era assim que eram conhecidas as festinhas onde se tocavam músicas como: Ben, Never can say goodbye, Who’s loving you, e para agradar as meninas que gostavam de dançar separado, também se tocava: I want you back, ABC ou Going back to Indiana.
Apesar de se lembrar de situações significativas da sua vida que aconteceram pela primeira vez, nem sempre consegue se lembrar de todos os detalhes. Impossível lembrar por exemplo, da música que tocava quando ele, com 13 anos, se encostou completamente na menina com quem dançava. Qual! Se encostou nada, duvido, aposto que ela lhe puxou até encostar todo seu corpo no corpo dela. Ele não lembra seu nome, era a primeira vez que ela estava em uma de suas festas… alguém a levou… forçaram até um primeiro pedaço de bolo para ela… a família não entendeu que o menino já trazia o homem, que vergonha. Talvez tenha sido dançando I’ll be there que um corpo feminino disparou pela primeira vez uma emoção já sua conhecida. Foi naquele dia que ele aprendeu uma outra interpretação para a famosa frase revolucionária: “Hay que endurecer-se. Pero sin perder la ternura jamás”. É isso que se conta.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com pessoas
ou fatos da vida real terá sido mera coincidência.
Nelson,
Muita coisa me deixou feliz esse fds: a vitória do majestoso, glorioso GALO sobre o Cruzeiro; a vitória do Gremio sobre o Corinthias; a vitória do GATO MAIOR Mark Webber, uma vitória soberana:) Provocações à parte, naa me deixe tão feliz qto seu retorno. Eu entendo que há momento de dar um tempo nas coisas. Era seu tempo. Mas eu me acostumei com esses textos de tirar o folego, virgulas e pausas. Gosto do seu estilo, geekman! Adorei esse conto(ficção né? aham) pra falar de maneira lúdica do que MJ representou na vida do protagonista. Eu curti MJ, sem grandes arrombos de paixao, ms via em cada videoclipe uma obra prima. Alias, a industria fonográfica é A.MJ – P.MJ. Mas nada me tocou tanto qto o choro da Paris, filha do MJ. Talvez pq é um choro de criança, genuíno portanto. Talvez pq me fez lembrar que MJ foi uma criança, um dia. Criança explorada pela família, criança que perdeu a infância. Criança que creesceu e fez muita besteira.
Talvez pq MJ reflete q a criança em mim tb se perdeu. Preciso reencontrá-la, geekman.
E gracias,pelo seu retorno. Pelo texto, sensibilidade, escolha de palavras que são um afago.
Eu adoro seu texto, fã de carteirinha.
Bom retorno, geekman!
beijos
Sandra
PS: falei demais né?:)
Nossa, falou prá caramba!
:-)
valeu!
bjs
OI Nelson ja tinha desistido de passar aqui ,estava sempre vazio … foi otimo passar e ver as novidades,nao fique tanto tempo sem escrever por favor!Tb gostei mais dos J5 do que do MJ como seu personagem.Esses hi-fis eram tao bons!Me transportei graças ao seu texto a minha adolescencia!bjs e bom retorno!
Oi Nine,
Que bom que você não desistiu completamente. Mas essa primeira frase te me cheirando a bronca, hein!
:-)
Que bom que vc gostou do texto. Eu não tenho dúvida: concordo com você e com o personagem principal da história: J5 foi melhor.
;-)
bjs,