A velha cultura da velha Varig… hummmm…
- Por Nelson Correa
- 5 janeiro, 2008
- 9 Comentários
Primeira sexta-feira do ano. Volta prá casa depois da curta semana de trabalho. Embarco no 737-300 da Varig. Me lembro que em março completarei 10 anos do programa Smiles (cheguei a ser Diamante). É essa vida de vai e vem. Subo pela porta traseira, pela pista, longe das pontes de embarque (fingers). Quando que um vôo da ponte aérea da Varig embarcaria fora da área nobre, fora das pontes de embarque? Hoje isso acontece com a novíssima Varig. Esse avião, o PP-VPY é um dos mais antigos da frota. Tá bem velhinho, as poltronas azuis puídas e desbotadas. Infelizmente, meu lugar cheirava a vômito. Mas o vôo não estava cheio e havia outro lugar como opção.
Decolagem em direção ao norte, por sobre Moema. Curva à direita para o tomar o rumo da aerovia que leva ao Rio de Janeiro, pelo litoral. Redução da velocidade por conta do tráfego aéreo, retomada de potência, subida e altitude de cruzeiro. Serviço de bordo: jantar. Tudo normal até aqui, menos “jantar”. Em uma época de muitas restrições de serviços, jantar me soa estranho. Acho graça, mas me surpreendo com o cardápio: feijão tropeiro, caldinho quente de feijão e mousse de limão, com as bebidas de sempre. E foi servido “o jantar”. Meu Deus, estava perfeito! Naquela pequena caixinha, transbordavam cheiros e sabores maravilhosos dos temperos. O caldinho quente e delicioso. A mousse, equilibradíssima. Perfeita. O doce do açúcar com o azedinho do limão. Foi pouco.
Nos quase 15 minutos entre o fim do “jantar” e o pouso do co-piloto, com o avião sendo jogado contra a pista do Santos Dumont na noite limpa e super quente do verão carioca, eu digeri aquele feijãozinho tropeiro me lembrando que na semana anterior, a última do ano, eu fazia o mesmo trajeto, mas daquela feita, de TAM. Como gosto de sentar no fundo do avião, ao chegar a minha vez para ser servido do jantar que me deixou com água na boca (risoto de funghi e vinho tinto), acabou o jantar. Frustrante. Lembro que no dia do meu aniversário, em abril de 2006, voando de Brasília para São Paulo, de Varig, aconteceu a mesma coisa. Não deveria, mas isso pode acontecer. Qual foi a atitude da TAM na semana passada? Me deram uma bandejinha com pedaços de queijo e presunto e eu sentindo o cheiro e vendo o resto do avião comer risoto de funghi.
Lá no dia do meu aniversário de 2006, a comissária da Varig “contornou” o problema de outra maneira: me deu um prato de massa (muito boa) que era do jantar da tripulação. E ela nem sabia que era meu aniversário! Tudo isso viajou pela minha cabeça com a velocidade do Boeing que me levava para casa, naqueles quase 15 minutos que comentei ali em cima. Apesar de tão caidinha, a Varig mantinha sua cultura de serviço de bordo de altíssimo nível. Cultura é uma coisa muito forte mesmo. Se sobressai até quando todo o resto do meio ambiente é hostil e fortemente contrário à ela. Me lembrei da experiência dos macaquinhos + comida + choque elétrico. Como se transmite a cultura para aqueles que, muitas vezes, nem vivenciaram o passado, onde a cultura foi iniciada. Se a novíssima Varig conseguir manter essa cultura criada na velha Varig, quem sabe não conseguiremos deixar para trás o modelo da barrinha?
Não tive essa mesma sorte, ao menos com relação a refeições de bordo. Na época áurea da Varig, me faltava o vil metal para viajar pela companhia. Acabei me acostumando com as goiabinhas e amendoins distribuídos pela Gol, até porque os preços dela são mais camaradas. :P Como bem disse o filósofo Falcão, “dinheiro não é tudo mas é 100%”…
Comentário do Pô, meu!
Graaande Inagaki,
A maior parte das milhas que computei nos programas de fidelidade das empresas aéreas foram pagas por meus empregadores, já que eles precisavam de mim em um lugar diferente do que eu morava. Daí ter viajado muito de Varig.
Mas hoje, a Varig ou qualquer outra (ainda não tive coragem de encarar a Ocean Air) só “rola” se o custo x benefício compensar. Também defendo o filósofo Falcão. A Varig está fazendo uma promoção para passagens ida e volta de e para qualquer cidade do Brasil que eles voem, até o final de março, custando somente 5.000 milhas + R$ 100,00 (mais tarifa de embarque, por volta de 35 reais).
O ônibus Sampa-Rio, na alta temporada (agora) está custando mais de R$ 70,00 por trecho de 6 horas de viagem. ;-)
E viva o filósofo Falcão! Até porque ter dinheiro não é tudo, o bom mesmo é trocá-lo por diversas coisas maravilhosas! :-D
Abração,
Nelson
Geekman,
Ontem tive o “prazer” de voar pela Varig tb. Tenho boas recordações dela – putz, to velha;)
Mas achei a empresa caidona, antiga,aqueles unifomes antigos…rsrsss
Mas o vôo saiu no horário. Ponto pra VARIG. Mesmo sendo um sábado, vôo BH-Sp já tive problemas.
Ainda saúdo a GOL.
E se você assistisse a entrevista que o soíólogo Domenico di Masi deu ao Roberto D’ávila ia ouvi-lo dizendo ” a melhor empresa de aviação no mundo deve ser a TAM” . Vai entender quais são os critérios dele! (se bem que eu adoro minhas milhas TAM)
Mas quero celebrar a VARIG: demorei exatos 55 minutos para chegar a SP. Coisa rara hj em dia!
Comentário do Pô, meu!
Oi Sandra,
Não tenho preferência por nenhuma companhia aérea. Já voei muito de TAM também. Já fui diversas vezes surpreendido pela TAM, positivamente. Mas o serviço da velha Varig foi uma tradição e uma referência em todo mundo. O que me encanta nos serviços de refeição de bordo é eles conseguirem entegar uma comida requentada, em embalagens “para viagem”, em quantidades mínimas, para você comer desconfortavelmente e ainda achar muito bom. Fazer isso no restaurante é mole, e muitos ainda te servem uma comida bem ruinzinha. Lá no avião fazer isso bem feito, é o estado da arte. ;-)
Abraços,
Nelson
A Varig é outra história mesmo. Parece com aqueles anciões argentinos que, mesmo na crise em que o país se encontra, não perdem a dignidade e continuam a vestir seu melhor terno para passear, mesmo que esteja velho.
Comentário do Pô, meu!
Olá Marcus,
Eu acho que isso acontece por conta do amor que os funcionários (ou a maioria deles) têm pela companhia. Eu tenho uma amigo, estudamos juntos no Pedro II (ginásio), que era piloto da Varig e agora da VarigLog, e ele tem uma paixão grande pela empresa. Nem precisa conhecer alguém da Varig, basta ver as comunidades no Orkut. Torço para a Varig voltar a crescer, pena que não pelas próprias pernas. Se esse país fosse sério e se nosso mercado fosse de verdade, era melhor um grupo transnacional ser dono da Varig do que a Gol, um dos atuais jogadores desse mercado. Triste país que não consegue se achar entre o socialismo e o mercado.
Abração,
Nelson
Não vou falar de comida, pois nunca viajei pela Varig. hehe
Mas pelo o que li, a meta é até 2009 substituir todos os Boeings 737-300 por novos 737-800, através de uma parceria com a Boeing. Os novos 737-700 que chegaram em dezembro, já estão começando a trabalhar em Congonhas.
Fico tão feliz quando olho pro céu aqui de casa e vejo um deles.
Uma questão de tempo para Varig estar renovada. Adorei a nova identidade visual deles, principalmente o site.
Depois que descobri que a família Constantino também é dona da Breda, dei um voto de confiança para a GOL e a VARIG.
Abraço
Comentário do Pô, meu!
Grande Helder!
Beleza garoto?
Ontem eu estava no trânsito lento, subindo a Marginal Pinheiros, e na perna final do Aeroporto de Congonhas, praticamente entrando paralelo à Av. Bandeirantes, um Boeing 737 com uma pintura diferente me chamou a atenção. Fixei o olhar, o reflexo do sol do final de tarde mudou um pouco de posição, e pude ver: era um Varig com a nova pintura e logo. Bonito também visto aqui de baixo.
Não conheço a Breda (só de nome) e muito menos a família Constantino (só de nome), mas gostaria muito que eles não fossem donos de duas entre 3 grandes companhias aéreas no Brasil. Perdemos nós, consumidores.
Abração,
Nelson
Encontrei o seu blog por acaso no Google e resolvi fazer uma visita e deixar meu comentário. Já trabalhei na aviação nas boas épocas. Realmente a Varig era um exemplo. Hoje em dia, as maiorias das empresas só pensam no dinheiro e os clientes são tratadas como números, ou seja, apenas mais um. Mas o legal é quando o cliente é tratado de uma forma diferente, com certas regalinhas, coisa que Varig fazia e a TAM na época do Rolim Amaro.
Mas a vida muda.
Muito legal seu blog e farei novas visitas. Se quiser visitar o meu tb, fique à vontade: http://visaohebraica.v10.com.br
Uma ótima semana!!!!
Comentário do Pô, meu!
Oi Fábio!
Seja bem vindo e fique à vontade por aqui.
Eu trabalhei na aviação (Votec) e assisti à ascensão do Rolim. Gostava do jeito de gestão que ele imprimia.
Eu acho que nos dias de hoje, as empresas que só tratam seus clientes como números, morrerão certamente num futuro próximo.
Que bom que gostou do Pô, meu! Obrigado.
Já visitei o novíssimo Visão Hebraica e assinei seu feed.
Abraços e sucesso,
Nelson
Nem na única vez que viajei de primeira classe (cortezia de uma aeromoça que foi com minha cara) me serviram feijão tropeiro :)
A Varig no passado era realmente a melhor.
A coisa que mais me irrita nos aviões hoje é o espaço para as pernas.
Além do desconforto de horas sentado.
Meu piores momentos em voo foram em uma ida/volta a SP. Estava gripado, constipado (não sei porque, mas aqui no nordeste quando as vias respiratórias estão com secreção, chamam isso de constipação)
Nessa época era cliente do Focker 100.
Parecia que meu crânio iria explodir… as lágrimas jorravam dos olhos.
Na volta foi ainda pior, pensei que seriam meus ultimos momentos de vida :)
Sempre fui fã da TAM com seu pessoal descontraido e alegre, além da frescura do tapete vermelho.
Hoje em dia a única coisa que se salva na aviação comercial do Brasil são as aeromoças da Gol com suas roupas “fetichescas” :)
(Ahhh aquelas luvinhas!!!)
Comentário do Pô, meu!
Chantinon,
Adoro avião. Gosto de ser bem atendido em qualquer situação como consumidor. Tem horas que a TAM fura, mas na maioria das vezes fui bem atendido pela TAM. Mas tem uma coisa interessante essas luvinhas desgarradas da Gol, são mesmo muito “fetichescas”, mas não entubo as barrinhas, mesmo entregues por braços com luvas “fetichescas”. :-D
Abração,
Nelson
É, Nelson, também tenho graves restrições à TAM e seu serviço. Só não podia imaginar é que a Varig manteria a cabeça erguida. Estou surpreso!
Comentário do Pô, meu!
Cultura é cultura meu amigo. A única coisa que sobrou da velha Varig para a nova Varig, é a cultura do serviço de bordo excelente. Locupletemo-nos todos com isso. ;-)
Abraços.
Nelson
Oi Nelson,
Gostei muito do seu blog, encontrei por acaso e já de cara, topei com esse seu post sobre a velha Varig.
Trabalhei lá por 20 anos e sei exatamente o que era aquela empresa… Dá muita pena de ver o que andam fazendo com ela.
Inclusive, neste período, chegamos a começar a estruturar um plano de conseguir um ISO na área de serviço de bordo, coisa que nenhuma empresa brasileira tem. (nem terá com as tais malditas goiabinhas)
Mas a “crise” se agravou com TAM e Gol loucas para tirar a concorrência do caminho, e bem, deu no que deu.
Tenho muitas saudades daquele padrão de serviço, onde atrasos e cancelamentos tinham que ter muita justificativa (meu chefe participava de uma reunião semanal sobre pontualidade, só para se ter uma idéia e qualquer variação nos números o deixavam bem irritado)
Agora, as pessoas acampam no aeroporto, sem idéia de quando poderam embarcar e já virou a coisa mais normal do mundo perder bagagem…
Enfim, os bons se foram e os maus dominaram o mercado e voar nunca mais será a mesma coisa.
Comentário do Pô, meu!
Oi Drika,
Que acaso bom! :-D
Eu também tenho saudades do tempo bom da Varig. Mais que isso, tenho saudades da concorrência na aviação brasileira. Sei que hoje, voar está diferente, mas ainda adoro voar.
Só por conta da sua lista de 10 mais já gostei do Pipocando Online. Entrou na minha lista de indicações. Eu não conseguiria fazer uma lista de 10 músicas. Mas me conta uma coisa, quem é Steve Vai?
Volte sempre, sinta-se em casa.
Abraços e sucesso,
Nelson
Oi Nelson,
Obrigada! Steve Vai é um ótimo guitarrista que já fez parte da banda Whitesnake, mas é mais conhecido por seu trabalho solo.
Não sei se vc já viu um filme chamado “A Encruzilhada” (Crossroads) com o Ralph Macchio? Lembra da batalha final entre o Ralph Macchio e um guitarrista “encapetado”? Pois é, o Steve Vai é o guitarrista encapetado… kkk
Abraços.
Drika
Comentário do Pô, meu!
Drika,
Tive dois albuns do Whitesnake, mas não lembro de jeito nenhum do Vai. Quanto à filmes, sou ótimo para esquecê-los. Mas isso é bom, posso ver um filme algumas vezes que não lembrarei seu final. :-D
Eu sempre tive certeza que blog é cultura. Obrigado por apresentar o Steve! ;-)
Abraços,
Nelson