Roubado é mais gostoso
- Por Nelson Correa
- 14 abril, 2014
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E mané é quem ainda sustenta essa indústria de maracutaias e arranjos do futebol brasileiro (quiçá mundial). No país onde a esperteza nunca antes na sua história foi tão valorizada, torna-se banal que em dois jogos seguidos, um deles a final do campeonato, um gol que a bola entrou quase meio metro tenha sido anulado e no outro, um jogador impedido em quase um metro tenha seu gol validado. E o pior, ninguém se envergonha! Prá que? ‘Se deime bem’.
É impressionante que diversos outros esportes já tenham aderido ao uso da tecnologia de vídeo para esclarecer lances duvidosos e o futebol se recuse a usá-las. Se políticos roubam e escarnecem o povo com suas caras de bunda, olhares perdidos para o alto e as frases padronizadas ‘que não sabiam de nada’, ou ‘que todos fazem assim’, nós podemos ter a esperança de trocá-los um dia, mesmo que distante. Mas e o futebol? O torcedor babaca compra ingresso, camisa, jornal, revista, pay-per-view e o escambáu para assistir o escárnio que foi esse campeonato de futebol do Rio de Janeiro em 2014.
Como esse país é feito de ixspertos que decidem que uma “lei não pegou”, temos agora um avanço na famosa Lei de Gérson, que remove o pudor do século passado, desnecessário nos dias atuais, transformando o “gosto de levar vantagem” no claro, direto e muito mais compatível com o povo dessa “nação”: “roubado é mais gostoso”, a Lei de Felipe.
Os ladrões desse país ainda envergonham alguns de nós, e dependendo de quem se locupleta com o roubo, esse grupo fica cada vez menor, ontem mesmo foi reduzido em quase uma “nação”. Minha esperança é que um dia ele pare de diminuir e volte a crescer. Minha certeza é que nunca deixarei de me indignar com esse “mais gostoso” que todos riem despudoradamente nas nossas caras.
Sugiro um boicote a todos os jogos do Flamengo. Ou melhor, que a Federação e a Arbitragem façam uma solenidade e entreguem a taça ao time logo no início. Poupem-nos de aguentar esses absurdos e ainda ouvir que é choro de perdedor. Perdemos todos com essas maracutaias.