Oito coisas que faltam

Chapéu e praia ainda faltamDiego Viana é jornalista e economista. Está há um ano na Paris de carne dura e sangue quente, estudando a filosofia e a vida do Velho Continente. No mundo inverso da internet sem pátria, é Osrevni, e publica dois blogues: Para ler sem olhar e Cálculo renal, é assim que ele está descrito no Le Monde Diplomatique, outro lugar em que este paulistano escreve.

Conheci Diego depois de um comentário que ele deixou ano passado, aqui no Pô, meu! Seu texto é denso e ele não costuma escrever telegramas, ele escreve tudo que precisava ser dito naquele assunto. Talvez por isso, o blogueiro Ricardo C. (Ágora com dazibao no meio) que o convidou para o meme “Oito coisas que tenho de fazer antes de morrer” achou que ele, por ser “cabeça”, não responderia. Diego escreveu um tratado e desafiou outros blogueiros, dentre eles este escriba amador, a não escrever uma lista banal. O desafio dele é “falar sobre o assunto. Não é trocar dados, é trocar humanidade.”

Caramba, que responsabilidade! E quantas dúvidas! A única certeza que tenho sobre esse assunto é que gostaria de ser avisado com alguma antecedência. Isso não é coisa de “achar que é melhor”, é experiência mesmo, por duas vezes. Outra coisa importante, da qual não tenho certeza, mas sou quase convicto, é que vivemos várias vidas. É por pensar assim que em minha lista vem em primeiro lugar: [1] Não levar problemas não resolvidos com outras pessoas, principalmente parentes e agregados. Já pensou encarar aquele cunhado chato novamente em outra vida? Não, de jeito nenhum. Quero começar praticamente do zero, nada de pendências.

Não tenho apego excessivo a bens materiais, mas tem um que até pode ser visto como uma fraqueza nesse tema: [2] Quero ter um Jaguar. Nem precisa ser meu, no sentido de posse, propriedade. Mas tem que ser meu, para eu andar com ele quando eu quiser. Na linha das minhas paixões por velocidade e automóveis, aproveito o assunto e apresento o próximo item: [3] Andar com um monoposto em um autódromo.

Amar por toda a vida, eu tenho certeza que amarei. Acho o sexo com amor a harmonização perfeita, como determinados vinhos com certos pratos. Mas não será pela falta de vinho que deixaremos de saborear uma refeição perfeita. Por isso, a quarta coisa é: [4] Ser capaz de sexo pelo menos enquanto minha parceira sentir prazer e vontade. Depois… ora depois… terei o prazer da pele.

Gosto de coisas simples. Sou tímido. Entendo que envelhecer oferece a prerrogativa da ausência de vergonhas. Estou guardando para iniciar já, já, duas coisas fundamentais para o resto de minha vida: [5] Usar chapéu. Não é boné, que esse já uso para minhas caminhadas. Muito menos esses coloridos ou camuflados para passeios diurnos. É um dos que talvez meu avô usasse no início do século passado. Em qualquer momento, em qualquer lugar, quem sabe junto com a próxima coisa: [6] Tocar bateria. A música é o enredo da minha vida. Preciso de música. Já toquei violão, mas dei o violão para um violeiro sem violão. Foi fugaz minha relação com ele, pois não era o violão, mas sim a bateria quem eu amava.

A maioria dessas coisas não são vontades recentes. Eu sempre briguei pelo que eu queria, mas algumas ficaram “para depois” por várias razões. Uma delas, nem está só na minha lista, talvez fosse mais fácil quando eu era bem jovem, mas pode ser viável também quando eu for um pouco mais velho: [7] Conhecer em seqüência, praias de sul a norte do Brasil, no estilo easy rider (enpt). Para encerrar a lista do desafio que o Diego me passou: [8] Conhecer todos os meus netos. Joguei sujo né? Espero que Ele finja que não entendeu meu golpe e me dê todo o tempo necessário para isso. ;-)

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5 Comentários

  • Marcos Semola disse:

    Amigo Nelson,

    Você tem dominado a palavra com maestria e provocado sentimentos que há muito estavam esquecidos. Esta sua lista de ações é ótima, mas melhor do que ela é sua visão simples do mundo e os ensinamentos que compatilha com o amigo aqui. Vou na sua sombra e aprendendo a ser um cara melhor e mais simples dia apos dia. Te vejo em breve no Brasil e com certeza em outras vidas também!

    Grande abraço!
    MS

    Comentário do Pô, meu!
    Grande Sêmola!
    Combinamos asssim: nos veremos rapidamente aqui no Brasil.
    Nas outras vidas, podemos deixar rolar uma metade de século, que tal? ;-)
    Obrigado por andar por aqui.
    Abração,
    Nelson

  • Bacana ver como cada um monta a sua lista, ou reflete sobre o assunto, Nelson. E não imaginava que seria citado tb, sobretudo por ainda não ter passado por aqui o tempo que o seu blog merece.
    Da minha parte, como disse por lá, resolvi brincar com o assunto, fazer ficção e misturar impressões pessoais nela. Foi como consegui me divertir com o tema, já que o meu blog funciona sobretudo como área de lazer, mesmo quando o lazer envolve brincar de ser sério.
    Abraços,
    Ricardo

    Comentário do Pô, meu!
    Oi Ricardo!
    Que bom te ver por aqui. Fique à vontade, visite o que te interessar, a casa é sua. Se depois de tudo ainda quiser deixar um comentário, será um prazer.
    Também tenho dando umas passeadas pelo Àgora. ;-)
    Abraços e sucesso,
    Nelson

    P.S. Mas aquele papo do Diego que tu é sobrinho do homem é sério? ;-)

  • Alguns itens de sua lista estariam na minha, também. Outros, talvez não. Por exemplo, preferiria uma Ferrari a um Jaguar. Mas é uma lista que me faz pensar.
    E ainda não desisti da idéia de aprender baixo e montarmos a nossa banda, ainda que agora tenha de ser na ponte aérea. Aliás, por falar em banda, não comentei por um lapso, mas uma pessoa em quem eu pensei quando fui ao show do Ozzy foi você. Quis acreditar que também estivesse lá, e que de alguma forma estávamos juntos, curtindo aquele momento.

    Comentário do Pô, meu!
    Pois é Enio, nossa banda. Mas não desisti da idéia não.
    Rapaz, deve ter sido um showzaço, pena que não estava lá.
    Mas valeu a lembrança.
    Abração,
    Nelson

  • “P.S. Mas aquele papo do Diego que tu é sobrinho do homem é sério? ;-) “

    A sacaneada do Diego ainda vai acabar virando lenda urbana, sobre um certo sobrinho do governador que tem um blog, hehehe!

    Mas apesar do meu bom-humor matinal, não, não tenho nenhum parentesco com o cara. A idade dele é próxima da minha, seria mais fácil dizer-nos primos, o que, ufa!, felizmente não somos!

    Abração

    Comentário do Pô, meu!
    Ok, Ricardo.
    Mito desfeito.
    Não que eu tenha algo contra ele, nada disso, mas com políticos inverto meu receptor. Normalmente, acredito que as pessoas são boas até que me provem o contrário. Mas com políticos… :-)
    Abração,
    Nelson

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