Vou voltar a sentir tesão pela cidade do Rio

Gabeira Rio 2008Canso de ser apedrejado no Rio de Janeiro por amigos cariocas, e fora do Rio por amigos que são apaixonados pela famosa Cidade Maravilhosa. Tudo porque discordo da máxima: “o Rio de Janeiro continua lindo”. Só porque saí do Rio em 1986 e por conta da minha profissão, conheci dezenas de cidades, de norte a sul do continente americano. E se tem uma coisa que adoro fazer é me envolver com as cidades, sou volúvel e me apaixono por elas, às vezes por pequenas características que me atraem. E flerto com todas elas. Comento isso para os cariocas. Comparo o Rio com as outras e sem medo, pergunto como outras cidades, com predicados de beleza natural tão limitados e muito inferiores ao Rio, proporcionam hoje, na minha opinião, muito mais tesão para se ficar, para estar e principalmente, para morar. Sim, parte é por ciúmes, já que não sou um homem de uma só cidade, e São Paulo tem sido um amor continuado, já há algum tempo. Talvez até por conta da proximidade, mas tenho outras paixões distantes.

A verdade é que não quero mais ver o Rio sendo tão maltratada como vem sendo nas últimas três décadas. Cansei e acho que todos os cariocas, nascidos no Rio ou não, têm a obrigação de brigar para mudar esse quadro de abandono e decadência. O Rio sempre foi tratada como a jóia da coroa. Era a princesinha da república. Tinha suas vontades atendidas por todos que caíam a seus pés, maravilhados com sua beleza e pelo poder que emanava. Primeiro tiram-lhe o poder, o que particularmente adorei. Vejam Brasília, rica, bela, cheia de jóias, mas transpira sua prostituição imunda como um tumor que não pára de crescer por conta de nossa cultura de impunidade. Não queria esse futuro para o Rio.

Tratada com mimo pelo governo federal enquanto foi o distrito federal, sobreviveu sem problemas como estado da Guanabara, mas foi deixada à própria sorte depois que lhe tiraram a condição de cidade-estado. Despreparada e sempre chegada à novas experiências, caiu no conto do gaúcho que nunca pensou nela, ou no estado do Rio de Janeiro. Ele só tinha um projeto, e era particular e não para o Rio (a presidência a qualquer custo). À partir daí, foi uma seqüência de Governadores e Prefeitos que só fizeram aumentar a degradação. A prova: Leonel Brizola, Moreira Franco, Leonel Brizola, Nilo Batista, Marcello Alencar, Anthony Garotinho, Anthony Garotinho, Benedita da Silva e Rosinha Garotinho no âmbito estadual. Quanto ao Cabral Filho, vou esperar até mais para o fim do mandato dele, é uma prerrogativa que todos os políticos devem ter. No âmbito municipal a lista é: Saturnino Braga, Jó Rezende, Marcello Alencar, César Maia, Luiz Paulo Conde, César Maia e César Maia. Quantos desses foram reconhecidos nacionalmente, ou ao menos, fizeram carreira política de respeito fora do executivo carioca e fluminense.

Enquanto isso o carioca, nascido aqui ou não, continuava entorpecido pela beleza e tradição do Rio. E entorpecido não percebia o que era feito com sua amada. A cidade, antes cartão postal, sede cultural do país e o outro lado da balança das decisões financeiras e políticas do país, foi gradativamente sendo tomada, violentada, degradada, por todos os podres poderes que lhe dominam. Oficiais, paralelos e oficiosos. Municipais, estaduais e federais.

Mas surge uma luz de esperança. Eu quero ver o Rio que perdi no meio da década de oitenta. Eu quero novamente me orgulhar de ser carioca. Li no blog do Pedro Dória (aqui e aqui) a notícia que uma frente de partidos políticos, sob o comando do Partido Verde (PV), trazia para a tentativa de redenção do Rio, a candidatura do Deputado Federal, jornalista, escritor, blogueiro e ex-exilado político Fernando Gabeira. Uau! O Gabeira é a cara do Rio. O Gabeira é uma das únicas possibilidades de dar uma volta por cima já. O Gabeira precisa ser o escolhido pelos cariocas que escolherem o Rio. Não sei se dará tempo para trocar meu título de eleitor de São Paulo para o Rio, mas vou torcer e fazer campanha aqui no Pô, meu! para o Rio poder voltar a ser nosso orgulho. Quem sabe paro de falar bem das outras e deixo de ganhar pedradas.

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3 Comentários

  • Carol Costa disse:

    Tem meu voto! Eu é que não vou perder a oportunidade de botar na Prefeitura um cara de sunga de crochê. Urrú!

    Comentário do Pô, meu!
    Carol,
    Acho que com sunga ou sem sunga (sem maldade hein!) o Gabeira é um cara que parece muito sério. Só vejo uma grande mancha no passado dele: ter sido o responsável por soltarem um tal de zé… zé… como é mesmo? Ah… sim… dirceu. ;-)
    Abraços,
    Nelson
    P.S. Mas aquela sunguinha de crochê era horrorosa… :-D

  • Paulo Corrêa disse:

    Parece que o mau gosto da sunguinha de crochê e a honestidade do Gabeira constituem uma quase unanimidade (quase para afastar a burrice, seguindo Nelson Rodrigues). O que todos os cariocas esperam, porém, com Gabeira ou qualquer outro é que o Prefeito do Rio de Janeiro seja alguém que ame o Rio de Janeiro tanto quanto a grande maioria dos cariocas o ama. Ver nossa outrora Cidade Maravilhosa nessa situação de abandono é muito triste e para quem vive efetivamente aqui, de domingo a domingo, só restam duas esperanças: um cara comprometido com o Rio ou um passaporte da Comunidade Européia… (óbvio que uma é excludente da outra). Beijos. Em tempo: vou passar pela Cidade Sorriso (Niquite) e comprar o camarão para o risoto…

    Comentário do Pô, meu!
    Oi Paulo,
    Todo mundo tem em suas memórias situações que preferiria não tivessem acontecido. A tanga de crochê do Gabeira deve ser uma dessas. :-)
    Olha, na falta de pasaporte da CEu, pode-se tentar o Green Card. Australia e Dubai têm aberto suas portas para profissionais brasileiros. Mas se com todas essas opções, ainda assim ficar complicado, pegando a direção sudoeste, 400km de distância, consegue-se já uma grande melhoria. A praia é longe, mas fala-se português e não precisa de passaporte. :-D
    Vou trazer o Vertente corrigindo, Redoma Reserva ;-).
    Beijos,
    Nelson

  • Gostei do seu texto, mas ele me disparou um raciocínio meio torto. Antes de mais nada, tenho a dizer que nunca tive nada contra o Rio, apesar de ser paulista jamais levei a sério a tal briguinha com os cariocas. Ou com os argentinos, mas isto é outra história.
    A questão que fica para mim, é que eu sempre disse que cada povo tem o Maluf que merece, e que no caso do Rio se chama César Maia. Minha preocupação é saber se, sendo o Rio redimido por um Gabeira, terá São Paulo o direito ao seu redentor, também?

    Comentário do Pô, meu!
    Amigo Enio,
    A briguinha entre cariocas e paulistas é igual à briga entre irmãos por conta da nova vizinha da rua. É superável e gerará risos quando crescerem. Mas argentino é argentino. Nada a ver. >:-\
    São Paulo também merece o seu Gabeira!
    Abração,
    Nelson

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