Escolhas ou escolhas


Imagem: Comemoração pela conquista de ser a sede das OlimpíadasSó o tempo, também conhecido como História, poderá avaliar se serão positivas ou negativas as escolhas que fazem os governantes. Como se tratam de políticos, a maioria prefere direcionar suas ações de maneira que possam ter avaliações rápidas e simples, de resultado imediato. Nós, os eleitores, tal qual os bêbados que preferem a amizade de quem os apóia no seu vício em detrimento dos verdadeiros amigos que insistem em levá-lo para casa, que insistem no controle do consumo da bebida, nós, o povo de uma forma geral, ainda damos preferência à farra, a festa do momento, do que as ações sóbrias que estruturem o futuro.

Se eu estivesse errado, veríamos muito mais investimentos em educação, saneamento básico e obras de infra-estrutura que sustentassem o crescimento da comunidade, da cidade, do estado e do país. Mas a preferência é com a obra que o povo pode ver na hora e não aquela em que ele só possa ver o resultado no futuro. Um exemplo? O PAC da favela da Rocinha no Rio de Janeiro. A favela já ganhou uma passarela de pedestres desenhada por Oscar Niemeyer (um monumento) e ainda ganhará Centro Esportivo, Centro de Referência, Hospital e é claro, um Plano Inclinado! Se você não sabe o que é um Plano Inclinado, na verdade é um elevador como se fosse um trenzinho para levar pessoas de baixo para cima e vice-versa (umas 20 pessoas por vez – população estimada da Rocinha: 100 mil habitantes). Os moradores da Rocinha merecem todas as obras que estão sendo feitas por lá. E estão felizes com isso. O governador e o presidente são muito bem recebidos pela comunidade.

Mas nem um centavo dos 897 milhões de reais (estimado) da obra será destinado a educação. Poderiam destinar parte disso para dar formação de alta qualidade para professores da própria comunidade, e ainda, oferecer escolas modernas para as crianças, com horário integral e professores bem remunerados. Também não será investido nem um centavo para canalizar esgotos e tratá-los, para que a saúde daquela população possa ter mais qualidade, direcionando o atendimento médico para enfermidades que não possam ser evitadas pelo meio ambiente em que vivem os moradores. Priorizando o atendimento médico para tratamento de doenças graves, evitando contaminações dermatológicas e, principalmente, reduzindo o potencial da dengue.

Isso é o que estou chamando de escolha do governante. Nós somos o bêbado, que tem que decidir entre o “amigo” que oferece mais uma dose ou do chato que quer levá-lo do botequim. Caso isolado? Claro que não. O Estadão publicou em editorial hoje, o abandono das estradas federais no norte do país. A Rodovia Transamazônica por exemplo, uma estrada gigantesca de 4.900km que deveria ligar o país de leste a oeste, saindo (ou chegando?) da Paraíba (Cabedelo) tendo a outra ponta no interior do Amazonas (Lábrea), está abandonada, com trechos onde é impossível trafegar, tornando o custo do transporte elevadíssimo, e naturalmente impondo essa carga de preço aos habitantes do interior da Amazônia.

Pelas contas do jornal Valor Econômico, conforme descrito no editorial do Estadão, serão necessários 893 milhões de reais para recuperá-la. Por outro lado, ainda estamos vivendo a euforia, a sensação primeiro-mundista de sediar uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A primeira será repartida por várias capitais do Brasil, e você deve estar lendo aí nos jornais da sua cidade os custos para recuperação ou construção do estádio que, com orgulho, receberá as melhores seleções de futebol do planeta em 2014. Aqui no Rio, ontem mesmo, foi anunciado o resultado da licitação para a reforma do Maracanã, que certamente será o palco da final, onde cremos, coroará nossa seleção, hexacampeã mundial. Ah sim, o orçamento para a reforma do Maracanã, o fabuloso palco do nosso orgulho nacional, custará a bagatela de 705 milhões e seiscentos mil reais.

Escolhas, foram elas no passado que definiram como estamos vivendo hoje. E serão elas também, que hoje, definirão como será o nosso futuro.

Em tempo: o novíssimo estádio de futebol do Chivas, de Guadalajara no México, finalista da Taça Libertadores desse ano, acabou de ser inaugurado. É o mais moderno da América Latina, com conforto, tecnologia de ponta e segurança para público, jogadores e imprensa, além de muito bonito. Custou o espetacular valor de 150 milhões de dólares, que na nossa moeda, representam aproximadamente 270 milhões de reais. Baratinha a mão-de-obra mexicana, não é? Baratinho o cimento mexicano também, não? Baratinhos esses políticos mexicanos. O estádio foi construído com dinheiro privado e não com dinheiro público. Explica? Pode ser. Escolhas.



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7 Comentários

  • Chantinon disse:

    Sou brasileiro e desisti!
    Irei tentar votar em branco…
    Isso, tentar, pq da ultima vez que tentei a urna não aceitava voto em branco. Hahahah!

    • Nelson Correa disse:

      Urna viciada meu caro amigo Chantinon?

      Olha, eu acho que não sou 100% brasileiro, por isso não desisti de continuar perseguindo esses políticos. É claro que não vivo em função deles, mas se depender de mim, eles não terão pista livre para dançar a vontade. ;-)

      Abraço,
      Nelson

  • valdir nascimento disse:

    Meus amigos ,não quero aqui dar uma de medíocre e nem uma de pessimísta, porém a gente é o que é e pronto,e pensem o que quiserem da gente.
    eu hoje estou entrando para a década dos sessentão,e toda a vida eu só ouvia dizer sobre inflação,divida do FMI,e etc..e etc..e tal,no entanto hoje eu só ouço diser ao contrário,com excessão de alguns casos é claro.
    De qualquer forma ,tanto antigamente quanto nôs dias de hoje as pessoas só sabem mesmo é reclamar e nunca agradecer pelo pouco que melhorou, não vamos tapar o sol com a peneira, mas tambem não podemos deixar de agradecer ao pão de cada dia,e convenhamos ,que melhorou melhorou ,nós não podemos negar isto! o resto é FÉ em D´US pé na tábua e vamo que vamos, porque atráz vem gente. sorte para todos e muito sucesso.em nome do todo Poderoso.

    • Nelson Correa disse:

      Oi Valdir,

      Pois eu deixei de ouvir e de reclamar desses grandes problemas há quase 20 anos atrás, foi no Plano Real. Um marco, sem dúvida, na nossa virada como país. De lá para cá a gente tem melhorado continuamente, é bem verdade que por conta de escolhas infelizes (eleitoreiras?) da maioria de nossos políticos, essa velocidade de melhora até que poderia ser maior. Mas estamos melhorando.

      Mas não é porque estamos caminhando em frente que darei carta branca para nenhum político. Eles não são meus pastores. São prepostos que tento colocar na gestão pública para que tenham como resultado, o melhor para nós e para o país. E se a gente não ficar de olhos abertos, eles adoram fazer lambanças. ;-)

      Abraços e sucessos para nós,
      Nelson

  • valdir nascimento disse:

    Me perdoe Nelson ,não é nada pessoal é claro, mas não devemos esquecer que toda potestade é imposta por D´us , há potestade que é para o bem, outras para o mal necessário, é com essas e outras que vamos crescendo e aprendendo a disernir os nossos próprios sentimentos ,em todos os sentidos, cada nação tem o governante que merece, não porque o povo não presta, mas porque ainda não cresceram o suficiente para merecer um melhor governante, acho que as coisas vem melhorando sim , graças ao desenvolvimento do próprio povo na sua, tanto na intelectuslidade, como tambem no sentido geral do seu próprio EU. abraços

    • Nelson Correa disse:

      Valdir,

      Nessa agora você me fez sentir mais aliviado. Tá certo, nós ainda não estamos preparados, e por isso, ainda temos o que merecemos. Ai meu Deus, onde fui amarrar meu burro velho. Atura Nelson, e evolui. ;-)

      Abraços e sucesso,
      Nelson

  • valdir nascimento disse:

    E isso aí nelson, temos que aturar mesmo,e não só os politicos mas tambêm uns e outros ,como por ex:uns carinhas que vivem tentando te contrariar no Pô meu!, só prá te deixar maluco.kkkkkhuhuhuh um abraço nelson

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