Educação é coisa de palhaço?


Deputado Palhaço Tiririca

Deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca

As redes sociais na Internet, as seções de cartas dos principais jornais do país e até alguns articulistas e editorialistas bradaram sua indignação ontem e hoje (25 e 26 de fevereiro de 2011) por conta da indicação do deputado federal, o palhaço Tiririca, semi-analfabeto semi-alfabetizado (há controvérsias) para a Comissão de Educação e Cultura da  Câmara de Deputados. Pois eu discordo veementemente. Vamos analisar com equilíbrio essa decisão. A educação no Brasil nunca foi tratada com a importância que deveria ter sido tratada ao longo dos últimos cem anos. Pesquisando no próprio site do Ministério da Educação, pode-se constatar que a criação de um ministério que teria responsabilidade de dar direcionamento à educação no Brasil, surgiu somente em 1930 pelas mãos do ditador Getúlio Vargas. Infelizmente, o ministério que cuidaria da educação, também cuidaria da saúde pública e hospitalar, esportes e meio ambiente. Um balaio de gatos.

Em 1937, ainda sob a ditadura Vargas, achou-se por bem diminuir o trabalho desse ministério, que teve seu nome mudado para Ministério da Educação e Saúde. A nova pasta tinha a responsabilidade de cuidar da educação escolar e extra-escolar e da saúde pública e assistência médico-social. Mas aí em 1953, o dessa feita presidente Getúlio Vargas cria um ministério só para a saúde, afinal todos os brasileiros deveriam ter acesso à saúde. Já a educação, nem todos brasileiros precisavam dela, deveria ser o pensamento dos políticos da época, ja que mesmo desmembrada da saúde, não ficou sozinha no novo ministério, que passou a se chamar Ministério da Educação e Cultura. Com simplicidade e obviedade, entende-se que a saúde foi elevada de patamar, assim como a cultura. A educação… bem, a educação “repetiu de ano”.

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Nas mãos de Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e de todos os milicos que nos comandaram pelos 21 anos de ditadura militar, nenhuma alteração na visão estrutural da gestão da educação, todos mantiveram a educação de mãos dadas com a cultura. Veio então em 1985 o presidente membro da Academia Brasileira de Letras, que por sua mediocridade política (quem aceitaria ser o vice de Tancredo na transição? Ulisses? Covas?) foi premiado com a presidência por conta da morte de Tancredo, primeiro presidente civil depois que os milicos enjoaram de mandar nisso aqui. Sarney separou os ministérios da educação e da cultura. Há quem, maldosamente e sem comprovação, diga que ter dois ministérios seria melhor do que um para alojar tantos pedidos de políticos. Enfim, o MEC (que manteve o nome) passou a cuidar somente da educação, pela primeira vez na história desse país. Não durou muito, pois o caçador de marajás, Fernando Collor, tão logo assumiu, achou um despautério essa importância toda dada para a educação, e trouxe o esporte nacional, com uma história de glórias muito maior que a nossa educação (me dá um meio-fio para eu sentar e chorar) para dividir a nova pasta, o Ministério da Educação e do Desporto.

Ainda bem que conseguimos (nós, os eleitores) acertar a mão e colocamos na gerência dessa bagaça o Fernando Henrique Cardoso, que novamente colocou a educação sozinha no Ministério da Educação. Lula, apesar de dizer que foi ele que fez isso, ou não, foi equilibrado e manteve a educação sozinha, Dilma Roussef deu continuidade. O problema é que a Câmara de Deputados ainda considera a importância da educação ali no mesmo nível da cultura, e mantém uma comissão onde se discutem os dois temas. Dessa forma e muito naturalmente, poderemos ver sentados lado a lado, deputados que entendem que não haverá um futuro luminoso para esse país sem muito foco e investimento em educação e, deputados que sabem que se não der certo nosso futuro pela negligência com a educação, só muito circo para manter a alegria e alto astral dessa população. E o palhaço o que é? Um dos nossos mais fiéis representantes.



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4 Comentários

  • A Educação vem evoluindo desde os tempos dos Brucutus, pelo próprio nivel de inteligencia que cada um tras ao nascer, quem sabe não estamos precisandos de um outro para que a educação melhore,ja tivemos o exemplo do Lula, que quer queira quer não fes muito pelo nosso país. Inteligencia não depende de cultura,mas a cultura depende muito da inteligencia.

    • Nelson Correa disse:

      Valdir,

      Com relação a educação, gostaria de não ser injusto com Lula (ou FHC, ou outro qualquer), por isso, aceito dicas da obra deles com relação a educação que efetivamente transformou esse país. Não consigo ver nada. De nenhum deles. Um dia vou acabar acreditando no que o PT vivia pregando lá no início do partido: não interessa aos poderosos ter o povo educado para pensar. ;-)

      Você deve imaginar quanto ganha por mês um professor. :-(

      Abraços,.
      Nelson

  • chantinon disse:

    Nelson,
    Eu só discordo da colaboração do FHC. Ele foi o mentor de uma revolução educacional idiota, que proibe alunos de serem reprovados, o modelo mudou para melhorar os indices usados por instituições estrangeiras, assim aparecemos melhor na fita. Eles medem quantos alunos se inscrevem no inicio do ano e não medem quantos terminam. Como a população cresce, todos os anos o numero de alunos aumenta, e aqueles que só ficam na escola por 3 meses tentam novamente (e eles adoram isso).
    O Orçamento é planejado no numero de inscritos, ou seja, no fim do ano só 30 ou 20% chegam lá, mas a verba é gasta 100%, para onde vai?
    Mas para o grande público está tudo indo bem, pobre conseguem comprar uma casinha, uma tv lcd cce e um carro velho ou parcelado em 60 meses, viva!

    • Nelson Correa disse:

      Caríssimo Chantinon,

      A colaboração de FHC para o Ministério da Educação no meu texto não é opinião, é fato. Ele tirou o esporte do mesmo ministério que a educação. É disso que você discorda? Eu errei? ;-)

      Mas se você pensou que eu aprovei o governo FHC quanto à condução da educação, esqueça meu amigo, nem FHC, nem JK, nem Jango, nem Vargas, nem Dutra, nem Lula, nem os milicos, ninguém, nenhum presidente até hoje merece o aplauso pela guinada que deu na educação que vai transformar esse país. Infelizmente. :-(

      Abração,
      Nelson

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