Abaixo o golpe militar


Imagem: Golpe Militar de 1964

Golpe Militar de 1964

O Brasil é um país bem complexo, onde nem sempre 2 mais dois é igual a quatro. Aliás, nem mesmo o resultado errado dessa simples soma aritmética costuma ser o mesmo, eliminando a possibilidade de Roberto Carlos estar certo. Por que digo isso? Tento imaginar como seria um papo meu com meu eventual futuro meu neto sobre as rupturas políticas do Brasil. Posso tentar? ;-)

Neto ou neta Pomeu: Vô, li no Pô, meu! que você acha que nenhum outro valor é mais rígido que a liberdade.

Vô Pomeu: Sério, garota, que sua mãe já deixa você ler o Pô, meu!? Ou você achou sozinha? Já sei, sua vó que foi mostrar o post do nosso aniversário de namoro, não foi? :-)

Neto: Foi a vó sim. Semana que vem vocês fazem 59 anos de namoro, e ela me disse que ano que vem iriam comemorar 60 anos! Eu não acreditei e ela me mostrou.

Vô Pomeu: Danadinha a sua avó. Tá vendo? A liberdade só é o meu mais alto valor porque considero sua vó muito mais que um valor. Hehehehehe. Mas prossiga, o que você estava lendo?

Neto: Como vamos apresentar no mês que vem um trabalho sobre os 70 anos do Golpe Militar, andei procurando alguma coisa lá no seu blog. E achei uma publicação com título “Abaixo a ditabranda“. Você foi contra esse golpe, vô?

Vô Pomeu: Se você leu e entendeu o que está escrito no blog, só falta acreditar que sou e sempre fui um ardoroso defensor da liberdade. Nenhuma ditadura deixou como segunda ação o corte, mais ou menos profundo, das liberdades – é sempre por onde elas começam. O golpe militar de 1964, que levou à ditadura militar até 1985 foi deplorável.

Neto: Todos os golpes militares são deploráveis?

Vô Pomeu: Sem dúvida! Golpes contra a democracia são deploráveis. Normalmente eles são militares pois precisam de força que os militares têm através de armamentos e estrutura militar.

Neto: E as ditaduras, são todas ruins?

Vô Pomeu: Se existe algo pior que um golpe contra a democracia, isso é uma ditadura. Toda ditadura é infernal, desumana, violenta, criminosa e detestável. Nunca houve ou haverá uma ditadura aceitável.

Neto: Vô, a gente tem algumas datas nacionais que comemoramos até com feriados, certo?

Imagem: Proclamação da República

Proclamação da República

Vô Pomeu: Certo.

Neto: Também temos figuras históricas no Brasil que têm monumentos e são lembrados como heróis, certo?

Vô Pomeu: Certo. E…?

Neto: Vô, o feriado de 15 de novembro é para comemorar uma data importante, a Proclamação da República, não é? Como foi que aconteceu?

Vô Pomeu: Sim. 15 de novembro é a data da Proclamação da República. Bem, o Brasil era uma monarquia com partidos políticos e com parlamentares eleitos. Havia uma constituição, com leis atrasadas, como o imperador poder dar a última palavra e leis avançadas, como o capítulo das Garantias dos Direitos Civis e Politicos.

Neto: Legal. E como foi a mudança da monarquia para a república?

Vô Pomeu: Bem… foi… um golpe militar.

Neto: Golpe militar, é? Mas houve eleição em seguida?

Vô Pomeu: Na verdade não. O Marechal Deodoro da Fonseca, o líder formal do golpe militar foi o primeiro presidente, mas só por dois anos. Na sequência, veio outro militar, o Marechal Floriano Peixoto.

Neto: Tá vô. Entendi. E o Estado Novo, como foi Getúlio Vargas?

Vô Pomeu: Em 1930 houve um golpe militar que acabou com o que era chamado de Velha República…

Neto: Outro golpe militar, vô?

Vô Pomeu: Sim. Mas esse foi um pouco diferente da proclamação da república. Havia um líder civil, Getúlio Vargas. Entre 1930 e 1934 houve um tipo de governo provisório comandado pelo Getúlio. Em 1934, com uma nova constituição aprovada, Getúlio foi eleito indiretamente até 1938. Indiretamente porque não foi o povo que o elegeu, mas sim o Congresso Nacional.

Imagem: Memorial Getúlio Vargas - Rio de Janeiro

Memorial Getúlio Vargas – Rio de Janeiro

Neto: Que legal, vô! Um golpe que não colocou no poder um ditador! Por isso Getúlio tem tantas homenagens pelo Brasil todo. No Rio tem até aquele cabeção dele com um memorial ali na Glória.

Vô Pomeu: Mais ou menos. Getúlio foi eleito indiretamente em 1934 para governar até 1938. Fora os quatro anos de lambuja que ele ganhou entre 1930 e 1934…

Neto: Mais ou menos por que, vô?

Vô Pomeu: Eu estava contando quando você me cortou. :-)  Mais ou menos porque Getúlio gostou tanto do poder que em 1937 deu um novo golpe e se tornou o ditador até 1945. Esse período foi chamado Estado Novo.

Neto: Sério, vô?

Vô Pomeu: Infelizmente, foi sério demais. Getúlio fechou o congresso, mudou aquela constituição de 1934 e entregou uma nova dando-lhe amplo poderes para mandar e desmandar no país. Durante sua ditadura foram praticadas tortura e repressão política. Durante todo o Estado Novo, e mais os oito anos desde o golpe de 1930, o brasileiro não frequentou vez nenhuma uma urna para votar.

Neto: Vô, acho que você tá ficando senil. Tem tomado seus remédios? Como pode um golpe militar virar feriado nacional e outros não? Como pode um ditador ser herói e outros não. Acho que você embolou minha cabeça. Vou brincar com pessoal. Tchau vô.

Vô Pomeu (pensando): O Brasil não é um país fácil para os de alma pura. Eu já previa que isso fosse acontecer um dia. Tomara que eles consigam resolver isso definitivamente quando crescerem, porque nós não conseguimos.

 



Você gostaria de receber as atualizações do Pô, meu! por e-mail? Clique aqui.

Deixe uma resposta