Piada de brasileiro



Imagem: Cadeirinha de criançaSabe a última do brasileiro? De tempos em tempos, um iluminado (burocrata?) resolve ter uma ideia genial, ou quem sabe, um plano infalível (político?). Quem não se lembra do kit de primeiros socorros que todos os motoristas no Brasil foram obrigados a comprar a partir de janeiro de 1999? Não lembra? Não dirigia ainda e não tinha carro? Então se segure na cadeira para não cair de rir, o kit deveria ser composto de:

“… rolo pequeno de esparadrapo, dois pacotes de gaze, dois pares de luvas cirúrgicas (quem tem 4 mãos?), dois rolos de atadura crepe, bandagem de tecido de algodão do tipo bandagem triangular e tesoura de ponta romba (sem ponta) que ficam acondicionados no interior de um recipiente próprio, tal como bolsa, estojo, sacola, saco ou caixa.”

Tranquilo. Era só pegar tudo em casa, colocar em uma caixa que estivesse sobrando e levar no carro. HAHAHAHA. Os iluminados (ou mal intencionados) pensaram nisso antes de todo mundo, vejam como a legislação seguia:

“… tal como bolsa, estojo, sacola, saco ou caixa. Em sua tampa superior e nas laterais, estão identificados de forma escrita e desenhada que este recipiente é um kit de primeiros socorros para levar em veículos automotores para apressar o atendimento a vítimas de acidentes.”

Mas ainda assim não seria difícil desenhar na sua caixinha o que a legislação pedia, não é? É! Mas os caras eram muito astutos, e pensando na sua audácia de desenhar na caixinha, eles deram o golpe de misericórdia, vejam só:

“… O manual de primeiros socorros que acompanha o kit contém instruções que permitem a compreensão da forma de utilização do material médico-hospitalar nos primeiros socorros às vítimas de acidentes no trânsito.”

Se você ainda tinha que ter um manual de primeiros socorros junto do kit de produtos, tudo isso na caixinha, oras, compramos quase todos o kit completo. Mas foi justamente o exagero de amarrar por todos os lados a pacote fechado e embrulhado para a gente engolir que fez com que 4 meses depois a lei fosse jogada no lixo. Vejam onde se erraram:

“… Este kit, é levado/transportado no interior dos veículos automotores, em locais de fácil acesso, de forma a permitir que num caso de acidente, fique fácil sua localização proporcionando, assim, um atendimento rápido, seguro e eficiente a vítimas de acidentes.”

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Vítima de acidente tem que ser atendida por quem entende de acidentado e não por curioso com tesoura romba, gaze e esparadrapo. Mas depois de 4 meses de pressão e de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal cancelaram a obrigatoriedade, e todos (ou quase todos) ficamos com nossas farmácia caseiras ampliadas de gaze, esparadrapo, etc, etc. Obviamente, meia dúzia de “espertos” ficaram com alguns milhões a mais em suas contas bancárias com o negócio da china do brasil que arranjaram.

Pois então, agora os burocratas iluminados ou políticos mal intencionados não são mais tão bobos assim. Apelam para a preocupação com a saúde física das crianças. Meu filho, seu filho, nossos filhos. Começa hoje a caça aos pais que possuam o instinto dos Nardoni e não usem cadeirinhas especiais nos seus carros para levar seus pequenos rebentos a salvo de sérios acidentes.

Uau! Que legal! Onde está a piada? Bom, só os veículos particulares são obrigados a ter a cadeirinha para os pequenos. Táxis, vans e peruas de transporte alternativo, ônibus, pickups de cabine simples e ônibus escolares (hein?!?!) não estão obrigados, neste momento, a usarem a cadeirinha salvadora. E por que não? As crianças não se machucam nestes veículos “liberados”? Claro que se machucam! Mas seus proprietários gritariam muito contra o absurdo da obrigatoriedade, já a classe média (proprietária de veículos), essa entuba qualquer merda coisa calada.

Tá rindo? Eu nem tenho mais lágrimas para chorar.

***

P.S.1) Caro parente ou amigo, se você tem filho pequeno e não foi de carro na festinha de aniversário, por favor, não me peça carona para voltar. Não tenho mais crianças pequenas em casa, só crianças adultas, e não preciso levá-las nas cadeirinhas especiais, daí não ter nenhuma no meu carro. Portanto, para não ser multado, não vou lhe dar carona, ok?P.S.2) Não sou contra a cadeirinha. Sou totalmente a favor. Mas sou contra a obrigatoriedade e fiscalização policial que vão levar, certamente, ao “jeitinho brasileiro” quando algumas pessoas forem pegas em “situação especial”.P.S.3) A opção? Educação, conscientização e punição firme em caso de acidentes sem a cadeirinha.

Atualização em 02/set/2010: Patético!!! Eles têm poucas coisas mais importantes a fazer.


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2 Comentários

  • Helô disse:

    Querido Nelson, muito obrigada pela força. Aos pouquinhos to conseguindo abrir a janela. Primavera chegando e as flores brotando sempre dão ânimo.

    Tudo passa.
    beijo grande.

    PS – sobre esse assunto aí de cima: e o que dizer da maravilhosa e segura tomada que querem nos empurrar guela (quero meu ¨ de volta!) abaixo? Fabricantes de eletrodomésticos gastando fortunas com os novos plugs, fabricantes de adaptadores e ferragens em geral ganhando fortunas com os adaptadores e nós colaborando no meio.

    • Nelson Correa disse:

      Oi Helô!

      Escancara a janela e enche os pulmões do ar frio aí do sul! :-) Ah, e não pare nunca de caminhar.

      Você sabe que como nunca precisei da tal tomada nova (besta absurdo mesmo) nem lembrei desse outro estropício que nos empurraram.

      Nós somos muito babacas mesmo. Ai, ai.

      beijos,
      Nelson

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