McDonald’s, entrevista, lado da força, diploma


A entrevista do atual presidente da McDonald’s Corp., Jim Skinner, à repórter Janet Adamy, publicada no The Wall Street Journal do dia 5/jan/2007, me chamou a atenção para dois pontos: 1) eles assumem que jogam no time da American Tobacco Co, Seagrams Distillers entre outros do gênero, e 2) impressionante como nós no Brasil, adoramos uma reserva de mercado profissional.

A Salada é só para enganar.Não entro em uma lanchonete (eles insistem em chamar de restaurante) do McDonald’s há vários meses, e o motivo principal é a dieta alimentar que preciso praticar. O motivo secundário é a relação custo x benefício. Até fiquei sabendo que agora eles servem nas lojas brasileiras, frutas, iogurtes, saladas e outras opções para quem se preocupa em ter artérias sendo entupidas por excesso de gordura. E pior, da gordura que hoje é a grande vilã: a gordura trans (aqui conhecida como gordura hidrogenada). A minha questão é saúde. E nada mais.

Lá fora, nos Estados Unidos, eles também passaram por maus bocados. Primeiro por terem perdido, seguidamente, dois presidentes há menos de 5 anos. Um morreu na função e o outro saiu para lutar contra um câncer que o venceu. Depois foi a avalanche de propaganda negativa, capitaneada pelo filme Super Size Me – A Dieta do Palhaço. Mas Mr. Skinner é um executivo muito bom, pois apesar destes contratempos, o McDonald’s cresceu desde 2004, quando começou sua gestão.

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Além de competente, ele é pragmático, assim como as indústrias de tabaco e álcool, a indústria da gordura travestida de fast food não assume nenhum sentimento de culpa, come quem quer. E isso fica claro neste trecho da entrevista: “Não estamos prescrevendo o que as pessoas devem comer. Não dizemos para você: ‘Levante de manhã, e se você não comer fatias de maçã, vai ter problema.’ Precisamos oferecer escolhas para que você diga: ‘Posso ir lá porque há uma opção que me faz sentir bem.’ Mas precisamos lembrar quem somos. Nascemos como uma empresa de hambúrguer.”

Concluí então: consuma com moderação. Quem sabe um dia aparecerá uma foto de uma pessoa obesa ou quem sabe de um cérebro com derrame ao lado do cardápio da parede nas lanchonetes de fast food? Só o tempo dirá.

Outro aspecto da entrevista que me chamou a atenção foi a formação de Mr. Skinner, o presidente que está recolocando o McDonald’s no caminho do crescimento, lucro e sucesso: ele não tem diploma universitário! Nesses dias, andei lendo mensagens em listas de profissionais, de gente que estava justamente buscando saber como andava a tramitação da lei que criará a reserva de mercado profissional para a área de tecnologia de informacão. A tal da regulamentação.

Diploma universitárioVi também uma descrição de cargo para uma função de analista de uma especialidade de tecnologia da informação. O profissional, que será subordinado a um coordenador da mesma especialidade, deve, para se candidatar a essa função, ter curso superior completo, sendo desejável ter também uma pós-graduação em uma das áreas de conhecimento dessa especialidade. Imagine que acima do coordenador, no mínimo, deve existir um gerente, um diretor, um vice-presidente e o presidente. Qual será a formação desejada para os demais?

Que tipo de cursos superiores pode-se esperar em um país, que mesmo diplomados e formados, advogados para exercerem a profissão precisam ser aprovados em uma prova de conhecimentos? Sem contar que montar uma pós-graduação caça-níqueis é o hobby de muitos profissionais que estão esperando uma oportunidade para se recolocar no mercado de trabalho. Não os condeno! Ah sim, tem também a indústria das certificações profissionais. Mas essa, Paulo T. Tinha (pseudônimo) já dissecou na entrevista para o blog Distante do André Fucs.

Não sou contra certificações profissionais, nem muito menos contra o curso superior. Muito pelo contrário. Minha preocupação é a nossa eterna vocação para criar dificuldades e barreiras para depois poder vender facilidades e formas de transpô-las. Não se pode jogar fora a experiência. Nos Estados Unidos e Europa, a graduação quase nunca é uma imposição para determinadas posições, desde que o pretendente comprove ter experiência naquela atividade ou seja aprovado em processos de formação direcionada. O diretor-presidente da McDonald’s Corp., quando adolescente, foi atendente em uma das lanchonetes da rede. E, depois de passar 10 anos nas forças armadas, ele entrou em um programa de trainee para gerentes de lojas McDonald’s. Aqui no Brasil, ele só seria presidente hoje, da sua própria lanchonete.



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1 Comentário

  • Anne Francisco disse:

    olá…
    meu nome é Anne e eu tenho 16 anos, estou aqui deixando minha crítica construtiva de que a falta de informação das pessoas esta deixando-as mais gordas…
    gostei desse texto porque fala exatamente o que as pessoas não sabem…
    que quanto mais gordura trans é ingerido, mais risco de problema cardíaco terá..
    eu li que o óleo que o Mc Donald´s usa nas frituras, é produzido por eles mesmos, ou seja, eles produzem a semente que gera o óleo, e que em alguns países, o nível de gordura trans varia devido a legislação.
    aqui no Brasil, eles modificariam a composição da semente, não sei se o fizeram.
    e se a situação não mudar, se os níveis de gordura trans do produtos continuarem sendo mostrados para pessoas nas letras miúdas, logo, teremos tantos obesos quanto nos EUA…

    está aqui meu comentário.

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