Gostosas e cervejas


Imagem: Nu feminino - RenoirNick Ellis, dentre todas as outras (várias) qualificações que eu poderia citar, é o editor do super visitado e respeitadíssimo blog Digital Drops, no ar desde fevereiro de 2006. Vou ficar só com essa qualificação porque foi o primeiro Nick Ellis que conheci. Desnecessário dizer que o Nick também é tuiteiro, afinal, que blogueiro com essa estrada não tuíta também? Pois foi seguindo um link sugerido pelo Nick no Twitter que caí em uma foto no Flickr, aliás, mais que uma foto, um artigo completo, um manifesto, um posicionamento preocupado do Mario Amaya (TwitterBlog) com: o caso Geisy x Uniban, com a polêmica falsa em torno da propaganda da cerveja Devassa com Paris Hilton e com a vilificação maciça da twitteira que participou do BBB e virou capa da revista Playboy. Passe lá, leia, eu espero voltar.

Continuando. Acho que Geisy e Tessália (twitteira que participou do BBB) têm todo o direito de aproveitarem a onda e o sucesso que elas, com ou sem roupa, estão fazendo. Que venham sem roupa e, pague para ver, quem tiver vontade. Acho que o bullying sofrido pela Geisy não é uma tendência, muito menos um padrão sócio-cultural. Foi um espasmo público de um monte de babacas reunidos no mesmo local. Não merece preocupação. Sobre a twitteira, nem vou perder meu tempo para falar da vilania que nerds e blogueiros frustrados a tratam depois que ela, com muita facilidade, derrubou os “ativos virtuais” que esses caras se orgulhavam de poder ostentar. Não merece manifesto.

Acabei ficando com a Paris Hilton/Devassa e as demais gostosas e outras cervejas. Calma! Não é literalmente gente, não tô mais jogando essa bola toda (acho que nunca joguei). Enfim, discordo do Mario Amaya e acho sem fundamento seu temor “pelo dia que os fotógrafos de arte erótica comecem a ser empalados e queimados vivos nas fogueiras anódinas do hipócrita conformismo politicamente corretista“. Exagero Mario! Relaxa. Não é bem por aí.

Eu sou a favor da discriminalização do uso de drogas e do controle do estado por sua distribuição. Vamos gastar esses bilhões da repressão em algo produtivo. Não vou me aprofundar nesse tema aqui e agora, é longo demais. A única droga que uso hoje é o álcool, eventualmente. Gosto de algumas bebidas alcoólicas, principalmente vinhos. Mas sou terminantemente contra a propaganda massiva de qualquer tipo de droga. Qualquer tipo, leia-se, até a cervejinha. Portanto, se dependesse de mim, não adiantava nem vir com mulher gostosa, que eu não concordaria em promover o uso de drogas nas mídias de massa. E a coisa fica mais braba, porque a propaganda de drogas sempre criou, há 100 anos ou mais, busque e achará belos exemplos, uma relação de prazer, ascensão, posição, beleza, poder e outras, nunca relacionadas verdadeiramente com o uso da droga. Imagina se a gente visse na TV a Paris Hilton gostosa(???) bêbada, de cara no chão ou vomitando na parede do banheiro? Não rola, não é?

Fora isso, há dois anos o CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), formado por profissionais de publicidade de todas as áreas e representantes da sociedade civil (não remunerados), decidiu que além de vetar propaganda com apelo erótico, também vetaria às que apelam à sensualidade. Definiu também que não é recomendável a comparação de bebidas a modelos femininos ou masculinos e a exibição de grande quantidade de bebida. Os caras só estão sendo coerentes com as decisões deles. E por que os próprios publicitários definiram isso há dois anos? Seriam eles puritanos de fachada? Recalcados morais? Apressados no julgamento? Teriam impulsos de autoritarismo sobre a vida privada?

Nada disso! Eles só querem poder ter em seus portfolios, clientes do peso dos anunciantes de um produto que vende, e anuncia muito: a cerveja. Criar regras mais rígidas para anunciar um tipo de droga (bebidas alcoólicas) foi uma forma de segurar o ímpeto do governo de proibir, como fez com outra droga (cigarro), as propagandas na televisão.

Enfim, concordo com o Mario que o erotismo emanado de imagens femininas deve ser preservado, desde sempre e para sempre. Em homenagem a esta arte, ilustrei este post com Renoir em uma de suas belas peças de nu feminino. Ah, quem quiser imagens mais atuais, o Mario listou três links de grupos que publicam fotos de nus no Flickr.



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6 Comentários

  • chantinon disse:

    Nelson,
    Estou longe de ser moralista ou conservador, mas eu mesmo estou de dando esses rótulos de uns 10 ou 12 anos pra cá.
    Também sou a favor da liberalização da drogas, da legalização da prostituição e do aborto. Só o Brasil não está pronto para nenhuma dessas “coisas”.
    O prejudicial das propagandas de cervejas não é ter mulher gostosa, é a associação que se faz a “felicidade”. Se você ainda não percebeu, vivemos em um mundo se super felicidade, onde se você não estiver rindo ou participando de algo “sócial” é descartado.
    Tive esse debate ontem com uma professora de ensino médio, ela argumentava que hoje em dia uma pessoa tímida e que não goste de trabalho em grupo ou dinâmica de grupo, está fora do mercado.
    Ela tomou como exemplo funcionários do Wallmart e Carrefour.
    Automaticamente eu perguntei se ela já havia entrevistado funcionários dessas empresas, já que nunca conheci nenhum deles que tenha uma vida feliz, mesmo fazendo ginástica laboral ou dinâmicas de grupo.
    Na minha humilde opinião felicidade é algo que deve ser medido no fim de uma vida, não aos 20 anos de idade. A Paris Hilton é um belo exemplo de como a mídia aliena as pessoas. Mulheres e homens voltados a escândalos sempre existirão, ao meu ver o problema está na escala. Saber que milhares ou milhões de jovens garotas se espelham (mesmo sem perceber) em uma Paris Hilton, assusta.
    E como estudo de caso, pode fazer uma pesquisa sobre jovens garotas que relatam toda sua vida intima na internet, vai ficar surpreso como tem gente que faz isso. Isso é uma evolução da sociedade? Espero que seja só um espasmo.

    abraços

    • Nelson Correa disse:

      Caro amigo Chantinon,

      A mídia tem uma força incrível. Eu lia seu ótimo comentário e imaginava os anúncios de bancos. Eu nunca conheci um banco que eu pudesse dizer: essa é uma empresa que pensa em mim, é uma empresa amiga. HAHAHAHAHA

      Mas eles vendem a imagem que são mais bonzinhos que a Madre Teresa de Calcutá.

      Espero que isso tudo seja somente um espasmo.
      ;-)
      Abração,
      Nelson

  • Nine disse:

    Caro Nelson

    Concordo com o Chantinon em tudo,entao é idem!bjs

    • Nelson Correa disse:

      Oi Nine!

      Bom falar com você de novo.

      Olha, nesse tempo de “coisificação” da mulher, meu ponto de vista é o mesmo do Gabriel Pensador na música Nádegas a Declarar. Principalmente nos versos: “A dignidade tá em baixa
      Você só rebola, só rebola / Só rebola e se rebaixa / E se encaixa no velho perfil: / Mulher objeto / Em pleno ano dois mil”

      Assista aqui se ainda não conhecia:

      Beijos,

      P.S. 1) Desculpe demorar tanto com a resposta. A explicação e as desculpas estão aqui.

  • Barbara disse:

    Adorei o post.

    • Nelson Correa disse:

      Oi Barbara!

      Que bom que você gostou. Estou tremendamente envergonhado por ter demorado tanto tempo para dizer muito obrigado. Valeu!

      Abraços e sucesso,
      Nelson

      P.S. 1) Desculpe demorar tanto com a resposta. A explicação e as desculpas estão aqui.

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