Duas visões


Duas visões do nosso tempo por pensadores com posições frontalmente antagônicas. Nesta semana, a queda do Muro de Berlin, representação icônica do fracasso do socialismo/comunismo no século XX, foi tema de artigos de Leonardo Boff e Henrique Meirelles.

Boff, teólogo e ex-frade desenvolve uma visão de um fracasso duplo. Primeiro o comunismo, representado pela queda do Muro de Berlin, depois, do capitalismo, representado pelo crash de Wall Street em 2008 depois da bolha imobiliária norte-americana. Ele abre seu artigo com a seguinte afirmação:

“A nossa geração viu caírem dois muros aparentemente inabaláveis: o de Berlim, em 1989, e o de Wall Street, em 2008. Com o muro de Berlim, ruiu o socialismo marcado pelo estatismo, pelo autoritarismo e pela violação dos direitos humanos. Com o muro de Wall Street, se deslegitimaram o neoliberalismo como ideologia política e o capitalismo como modo de produção.”

É bem verdade que o Muro de Berlin representou o fim do grande experimento do comunismo que a humanidade fez no século passado. O mesmo país, a mesma cultura, as mesmas origens, é dividido em dois, um capitalista e outro comunista. Os resultados das experiências não são conjecturas, estão aí para serem analisados por quem quiser. A queda do Muro jogou no ralo o fracasso da Alemanha Oriental sob o esplendoroso sucesso da Alemanha Ocidental, menos de 50 anos depois de arrasada por ter perdido a II Grande Guerra Mundial.

Conclui o teólogo socialista Boff que depois das duas experiências, Muro de Berlin e Wall Street 2008, só nos resta um caminho, o socialismo. Mas não o socialismo do século XX, mas o novo socialismo com teor humanístico. Tá aqui no link para ler Boff na Tribuna da Imprensa.

Meirelles, executivo do setor financeiro e ex-presidente do Banco Central durante o governo de Luiz Inácio da Silva, o Lula, indica como a queda do Muro de Berlin modificou alguns partidos socialistas europeus, fazendo com que praticassem as primeiras experiências da social democracia. Meirelles inicia o artigo com esta afirmação:

“O colapso da União Soviética e a queda do Muro de Berlim geraram mudanças importantes em diversos partidos socialistas na Europa e em outras partes do mundo.

O Partido Socialista espanhol é um bom exemplo das transformações. Após amplo debate, as propostas de estatização dos meios de produção e controle da economia pelo Estado foram abandonadas, adotando-se a economia de mercado e o uso da riqueza gerada pela economia privada para financiar o governo e os programas sociais da socialdemocracia europeia.”

A partir da ideia que só a economia de mercado gera riqueza, Meirelles cita uma carta do famoso economista John Maynard Keynes para o então presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Roosevelt, monstrando que “… É um erro pensar que eles (empresários) sejam menos éticos do que os políticos.” Leia também o artigo de Meirelles na Folha, o link é este aqui.

P.S. Minha opinião? Rola o artigo do Boff até o finzinho dos comentários, você vai achar a opinião do Pô, meu! ;-)



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