… de bêbado não tem dono


... de bêbado não tem donoEssa semana já escrevi um post sobre uma bela sentença de um juiz de direito, impulsionado por texto de Umberto Eco que li no Blog Livros e Afins. Coincidentemente, recebi de um amigo dos velhos tempos de ensino médio no CEFET-RJ, o Wagner Costa, a imagem estampada aqui do lado. Meu primeiro impulso foi usá-la porque ela é ótima. Quem sabe um post falando de como os jargões profissionais podem fazer da “nossa” língua, algo pouco entendível para os que não praticam estas profissões. Mas acabei me lembrando do caso ocorrido no ano passado, em Goiás, onde o resultado de uma ‘suruba’ (assim está na sentença) provocou a ira de um tal conhecido como ‘Preguinho’. Ah, vou contar a história rapidamente e da belíssima sentença (na verdade acórdão) dos juízes (na verdade desembargadores) do Tribunal de Justiça de Goiás.

Pois bem, caía a noite em Bela Vista de Goiás e Zé Roberto estava com sua amásia Ednair em um boteco da vida lá por aquelas paragens. Eles tinham o hábito de convidar outra mulher para a prática de séquiço (mesmo assim o Google vai trazer tarados aqui) grupal. Tentaram com uma garçonete do tal bar, mas ela negou. O Luziano, conhecido como Preguinho, estava próximo, ouviu a cantada e a negativa e se ofereceu para o programaço diferente. E lá se foram os três para uma construção próxima, tranqüilona. Sabe-se lá como, no final da história o tal Preguinho reclamou que não ‘martelou’ ninguém e foi ‘pregado’ pelo Zé Roberto. Arrependido Revoltado com o resultado daquela tal suruba, entrou na justiça com pedido de prisão e outras coisas mais contra o esperto Zé Roberto.

A sentença (acórdão) e comentários em juridiquês e mais detalhados, quem quiser pode acessar aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui. Mas a decisão magnífica dos desembargadores foi:

“A prática de sexo grupal é ato que agride a moral e os bons costumes minimamente civilizados. Se o indivíduo, de forma voluntária e espontânea, participa de orgia promovida por amigos seus, não pode ao final do contubérnio dizer-se vítima de atentado violento ao pudor. Quem procura satisfazer a volúpia sua ou de outrem, aderindo ao desregramento de um bacanal, submete-se conscientemente a desempenhar o papel de sujeito ativo ou passivo, tal é a inexistência de moralidade e recto neste tipo de confraternização.

Ademais, o grupo de amigos reuniu-se com o propósito único de satisfazer a lascívia de cada um e de todos ao mesmo tempo, num arremedo de bacanal, que o vulgo intitula de sexo grupal. Nesse tipo de congresso a regra moral dá lugar ao desvario, e enquanto perdurar a euforia, ninguém é de ninguém.”

Não se tem notícia, mas Preguinho certamente não recebeu nenhum telefonema do Zé Roberto nos dias seguintes, muito menos um buquê de rosas ou uma caixa de bombom. Vida que segue.
:-D



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6 Comentários

  • Dayse Corrêa disse:

    Hi brother! Agora me diga: para aqueles que não são da profissão, há como imaginar essas pérolas acontecendo no Judiciário????? rs… Ótimo este quanto o da outra sentença. Ri bastante com minhas lembranças. Kisses & good luck! ;-)

    Comentário do Pô, meu!
    Hi sister,
    Olha, acho até que isso ainda não é uma “pérola do judiciário”, é uma pérola do nosso dia-a-dia. Mas como entre mortos e feridos salvaram-se todos, podemos rir do acontecido.
    Kisses,
    Nelson

  • Nine disse:

    AH Nelson estou rindo para o laptop as 8hs da manha de um dia cinza em sp !You make my day,hilaria essa ,como disse a sua outra leitora “pérola do judiciario”,tomara que o preguinho nao tenha ficado triste nao é!? bjs

    Comentário do Pô, meu!
    Tá vendo como são as coisas Nine. Essa história eu sabia há muito tempo, mas nunca pensei em contá-la aqui no Pô, meu! Foi a foto que meu amigo enviou que motivou buscar a história em algum recanto da memória, mais uma ajudinha do Google para os detalhes, e pronto. Também ri com o resultado final.
    Que bom que seu dia começou dessa forma!
    :-)
    Beijos,
    Nelson

  • Gostei que a decisão tenha usado o termo “confraternização”. A palavra desdiz tudo o que anteriormente, no parágrafo, foi dito. Apesar de tudo, o magistrado admite, mesmo numa orgia, a existência da con-fraternidade, da amizade e tudo o mais. Hohoho.

    :-)

    Abraços!

    Comentário do Pô, meu!
    Grande Alessandro,
    E veja bem, mais que isso, criou-se uma jurisprudência sobre a regra básica de uma suruba: a regra é que não há regra, e ninguém é de ninguém. Pô, meu! Tô fora.
    :-D
    Abração,
    Nelson

  • Helô Fialho disse:

    Tô precisando mesmo de umas boas risadas! Many thanks:)

    Tô mandando prá Gabi!
    beijo

    Comentário do Pô, meu!
    Oi Helô,
    Que legal que o texto te fez dar risadas.
    De nada. Obrigado vocês rirem aqui comigo.
    :-)
    A vantagem é que a Gabi está vendo que a profissão que ela escolheu pode ser também hilária.
    Beijos,
    Nelson

  • Sandra Leite disse:

    Acho o MÁXIMO você escrever sobre coisas sérias com esse humor tão fino. Coisas do Rio. Acho que o carioca é sempre mais aberto para ver a vida de maneira mais sinuosa. Ou não (se fosse Caetano) :)
    Adelante, geekman! Adoro seus textos! Como disse Nine, numa manhã cinza de SP…..nem sempre é fácil rir:) Mas hoje é 6a feira e portanto há esperança:P

    beijos

    Comentário do Pô, meu!
    Oi Sandra,
    Que coisa séria? Ah, você está brincando. O tal do Preguinho e os amigos dele não eram sérios. Mas concordo com você que os cariocas tem uma forma mais relaxada de ver as coisas do dia-a-dia.
    :-)
    Que bom que você também riu. Sempre há esperança!
    beijos,
    Nelson

  • Chantinon disse:

    Mas o caso se deu por encerrado??
    Ele não recorreu?
    Manda ele ir para o *******!
    Lá tem muito ******, ele vai conseguir uma retratação. Afinal ele foi vítima…
    Adoraria ver a pena para os outros que não cumpriram o acordo…
    Hahahhahahhahaha!!!!!!

    Comentário do Pô, meu!
    Meu amigo Chantinon.
    Me perdôe, mas os asteriscos tiveram que entrar.
    ;-)
    Veja bem, ele perdeu na primeira instância. Recorreu ao Tribunal que é a segunda instância, e os desembargadores confirmaram a sentença do juiz de primeira instância. Ele perdeu de novo. A última hipótese é o Supremo Tribunal Federal, mas nem todo processo pode chegar até lá, em Brasília. Tem uns mecanismos que não conheço. Mas é caro e demora muitos anos para se resolver. Nossa justiça peca ainda por ser tão lenta.
    Agora veja bem, essas coisas de suruba devem ser como dívida de jogo, se não pagar na hora, não dá para cobrar depois. Só indo às vias de fato.
    :-D
    Mas que foi gozada (sem trocadilho) a história, ah isso foi.
    Abração,
    Nelson

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