Classificação racial, quem ganha com isso?

No domingo 12/11/2006 fui fazer o ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), antigo provão, na qualidade de ingressante no curso de Administração da UFRRJ. Apesar de estar com uma gripe fortíssima, fui valentemente, pois topo qualquer coisa para ajudar a melhorar o ensino no país.

O que não topo é ser obrigado a responder a um questionário socioeconômico que pede, logo na 5ª pergunta, que eu me classifique racialmente. Eles pediam que o aluno marcasse apenas uma resposta, e a pergunta era: Como você se considera? (a) Branco, (b) Negro, (c) Pardo/mulato, (d) amarelo (de origem oriental) ou (e) Indígena ou de origem indígena.

Eu me recuso terminantemente a ter que me classificar dessa forma. Li um artigo do Dr. Sérgio Danilo Pena, pesquisador do CNPq e membro, dentro outras organizações, da American Society of Human Genetics (cv aqui), em que ele conclui que:

Não faz sentido, do ponto de vista biológico, dividir o homem em “raças”; há só uma raça de Homo sapiens: a raça humana.

No artigo, ele comenta que se compararmos geneticamente dois seres humanos escolhidos ao acaso, serão percebidas milhões de diferenças no código genético, não importando a origem geográfica ou étnica deles. Mais de 90% dessa variação ocorre entre indivíduos e menos de 10% ocorre entre grupos étnicos diferentes.

Independente de qualquer discussão científica, o que eu gostaria de ver em um questionário desses sobre classificação racial ou seja lá como queiram chamar o espectro de cores da pele, é que houvesse a opção de me abster dessa auto-classificação. Melhor ainda, se houvesse uma opção em que eu pudesse marcar (x) raça humana.

Estou cobrando isso dos parlamentares em quem votei e foram eleitos. Se você concorda que nossa raça é a humana, envie esse post para o parlamentar em que você votou. Não podemos nos deixar conduzir na contra-mão da história. Só para lembrar aos que não conheceram e/ou esqueceram: Hitler exigia que judeus e homossexuais entre outros, se auto-classificassem. Para quê? O verdadeiro motivo não importa, mas que facilitou o trabalho dos nazistas no holocausto, ah isso facilitou.

Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos da América, escreveu certa vez para o The New York Times sobre problemas raciais:

Diferenças de cor não são o problema, mas sim a promessa, dos EUA. Se conseguirmos aproveitar ao máximo a nossa diversidade, teremos mais sucesso na era global da informação.

P.S. Se você ficou curioso para saber o que marquei no tal questionário, fique sabendo que não obedeci o proposto e marquei as cinco opções. Se eu deixasse em branco, vai que um burocrata estúpido resolve marcar uma delas para mim? ;-)

Como você se considera?
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