Amor de pica

• Por Nelson Correa
• 7 agosto, 2013
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Passavam alguns minutos depois de 8h da manhã. Havia dois carros no ponto. Saímos do ponto de táxi na Pompeia em direção à Berrine. Endereço de destino solicitado e uma rápida olhada no celular para ver e-mails do início do dia quando o motorista pergunta:

– O senhor viu o outro motorista que estava no ponto quando saímos?

– Vi que havia outro táxi mas não reparei no motorista. Por que?

– Nós, os motoristas daquele ponto, estamos  com um grande dilema. Não sabemos o que fazer.

Meu silêncio ou a minha cara de bobo tirando os olhos do celular e direcionando-os para os olhos do motoristas através do espelho retrovisor, deram a deixa para ele continuar.

–  O senhor sabe o que aconteceu? Nosso amigo se apaixonou por uma prostituta.

– Normal, isso é super comum. Prostitutas oferecem muito mais que sexo, elas entregam também carinho, atenção, cuidado e outras coisas semelhantes que os homens carentes que as procuram têm falta. Me lembro até de uma música de um cantor brega do passaso, o Odair José.

– Eu vou tirar você desse lugar? (Clique e vá ouvindo como música de fundo)

– Essa mesmo.

Sorri.

– Então. Nosso colega de ponto propôs a ela a mesma coisa: tirá-la de lá. Pediu ela em casamento.

– Sério? Ele estava bem carente mesmo. Convencer o cliente que está ali porque precisa de dinheiro por algum motivo nobre, e tão logo possa, vai deixar aquela vida, cria uma aura menos deprimente ou de culpa para o casal.

– Pois é, ele estava apaixonado e levou ela para casa. O senhor sabe que até se casou mesmo!

– Legal. O amor é lindo. E poderoso.

Sorri de novo e voltei a olhar os e-mails no celular. Mas ele continuou.

– Então. Nosso problema é que descobrimos que ela anda saindo com outros caras. Está traindo nosso amigo.

– Ué, contem para ele, ora!

– É difícil, ele era um cara acabrunhado e agora anda sempre feliz, faz piada… é um outro Zé.

– Ih, rapaz, isso é difícil mesmo.

– Pois é… o senhor sabe, meu avô sempre dizia: mulher de muitas pica (sic) com uma só não fica.

Ri largado. Me lembrei que o meu avô também tinha uma frase parecida: amor de pica, quando bate fica. Acho que foi essa química que faltou ao casal, não bateu. :-D

P.S. A reportagem do G1 sobre Vivi ex-Ronaldinha foi só um gatilho para me lembrar dessa história. Clique na imagem para ampliá-la.