Fittipaldi, meu primeiro ídolo



Imagem: Bob Dance, chefe dos mecânicos da Lotus

Bob Dance, chefe dos mecânicos da Lotus

A bela foto da baratinha que o Emerson Fittipaldi foi campeão do mundo pela primeira vez (1972) na Fórmula-1, o Lotus 72, passando sozinho pela Ponte Estaiada em São Paulo, que estampou todas as publicações de automobilismo ontem (03/11/2010), me traz imediatamente duas recordações com o Emmo ou Rato, como o Emerson era conhecido naquela época. Já disse aqui em algum momento, que minha paixão por Fórmula-1 e corridas de automóveis começou em 1968. Foi por aí também que conheci o Emerson correndo, torcendo por ele e pelo Luizinho Pereira Bueno em um campeonato de Formula Ford na Inglaterra. Deixa eu confirmar isso no Google, que é mais confiável que minhas lembranças esfumaçadas. Hehehe. Tem um vídeo legal no Youtube. Tempos depois, lembro da molecada na rua me chamando para a pelada de futebol e eu lendo palavra por palavra, olhando foto por foto, babando com uma Quatro Rodas (ou seria a Auto Esporte) que trazia a reportagem da primeira vitória de Emerson na Fórmula-1 (1970).

Emerson foi campeão mundial em 1972, e eu já estava perdidamente, irremediavelmente, prá sempre apaixonado pelas corridas de Fórmula-1. E Emerson foi o primeiro ídolo. Logo depois do título, Emerson fez um evento, uma exposição de automóveis – incluindo o Lotus 72, que se chamou Fittipaldi Motor Show. No Rio ela foi montada no Estádio de Remo da Lagoa. Eu lembro que vi Emerson pessoalmente, na minha frente, dando autógrafos para a garotada que o cercava. Eu e o grupo de amigos já estávamos de saída. Me enchi de coragem, muita coragem, abri o poster do Autorama da Estrela que havia ganho na exposição e pedi o autógrafo do Emerson. Eu ao lado do primeiro ídolo. Uau! Ufa! Era muito mais fácil colocar o Aero-Willys Itamarati (parecido com esse) com câmbio na coluna de direção, do meu pai, na garagem estreita lá de casa. Apesar dos 13 anos, eu já alcançava os pedais perfeitamente.

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Dez anos depois, eu já dirigia (guiava em paulistês) meus próprios carros, e até já fazia algumas merdas. O GP Brasil era no Autódromo de Jacarepaguá e eu trabalhava ao lado, no Aeroporto de Jacarepaguá. Fiz amizade com o chefe dos mecânicos da Lotus, o mais inglês dos ingleses que conheci: Bob Dance. Quando ele chegava ao Brasil para o GP, passava no aeroporto, apertava minha mão, me dava uma garrafa de Glenfiddich e me convidava para conhecer o carro novo, a Lotus daquele ano. Já não eram mais as Lotus da era Chapman, mas chegaram a contratar um tal Ayrton, de família Silva. \o/ Um dia acho o diploma de agradecimento pela ajuda assinado pelo Bob Dance e pelo Peter Warr, recém falecido (out/2010), chefe da equipe Lotus desde a morte de do mago Colin Chapman.

E eu já saí voando com as minhas recordações da Fórmula-1 que já fiz até você que me lê nesse momento, se esquecer que ali em cima eu havia prometido contar “duas” recordações do Emerson Fittipaldi. Recapitulando, a primeira foi o único autógrafo que pedi na minha vida… frente a frente com o ídolo… mão tremendo. Ok, retomamos o fio da meada. Bom, num desses GPs em Jacarepaguá, onde eu era o responsável por acompanhar os serviços que prestávamos para as equipes de Fórmula-1 na época que estavam no Brasil, para o nosso GP. Pois estava eu sentado à minha mesa, trabalhando, quando toca o telefone. Eu atendo e uma voz com forte sotaque paulista, com todos os erres que tinha direito, um tanto quanto esganiçada, fala do outro lado da linha: Néllllson, quem fala é Emerrrson Fittipallldi. Meeeuuu, bastou o Néllllson, eu gelei e reconheci a voz do ídolo, que era o responsável, junto com o irmão dele, pela equipe Fittipaldi. Ah, ele queria saber se as mini-saias flexíveis que compunham o túnel de ar sob o carro para o efeito-solo que o Ricardo Divila, engenheiro projetista, tinha deixado pela manhã, já estavam prontas para ele ir buscar.

Nem lembro mais o que falei, quem foi buscar, se respondi na hora ou fiquei mudo, só lembro que foi uma puta emoção esse segundo e último contato direto com o meu primeiro ídolo da Fórmula-1. Valeu Emerson, pena que o projeto familiar nos tirou a possibilidade de comemorar com você mais alguns títulos na F1.

P.S. Depois que foi morar nos Estados Unidos, onde foi campeão da CART e duas vezes vencedor da Indy 500, a voz do Emerson mudou substancialmente, assim como seu sotaque paulista foi praticamente zerado. Vida longa a Emerson Fittipaldi!



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1 Comentário

  • Mauro Guerreiro disse:

    Eu estive na exposição de F1, no Estádio de Remo da Lagoa no final de 1972. Tirei fotografias dos carros, inclusive da Lotus Negra do Emerson, e ainda devo tê-las.

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