A cagada de Hamilton

Essa madrugada, tão esperada pelos amantes das corridas de automóveis como o momento da coroação do novo “escolhido”, poderia ter sido só frustrante pelo abandono de Lewis Hamilton e o adiamento da entrega da coroa até o GP Brasil, daqui a duas semanas. Mas tivemos que ouvir uma montoeira de bobagens expelidas pelos comentaristas da Globo sob o comando do sr. Galvão Bueno.

“Hamilton abriu a janela e jogou o título fora”, foi a frase mais repetida pelo locutor da Globo. Tudo porque Hamilton foi combativo, e mesmo não precisando da vitória hoje, andou duelando com Kimi Haikkonen pela liderança da prova. Mas o pneu não resistiu e na entrada dos boxes, havia um jardim de brita no escape da curvinha de 90 graus que leva os pilotos da pista para os boxes.

Hamilton foi o pole. Hamilton largou na frente. Hamilton abriu uma bela vantagem para Haikkonen. Mas uma chuva chata, bem paulistana, daquelas que nem inunda tudo como em Fuji na semana passada, no GP do Japão, e nem pára de vez, para a pista secar, fez com que os pilotos usassem o mesmo jogo de pneus (intermediários) por muito tempo. Quase todos fizeram uma primeira parada somente para reabastecimento, sem trocar os pneus. “Hamilton é muito bom, mas falta-lhe experiência para administrar uma vantagem”, disseram os experts da Globo, enquanto Hamilton pedia por gestos desesperados que empurrassem seu carro atolado na brita. Hamilton abandonou a prova e a decisão ficará para daqui a duas semanas.

A foto que ilustra esse artigo é também de uma McLaren. O ano era de 1988. A pista, no Principado de Mônaco. O piloto, um jovem que corria pela primeira vez em uma equipe de ponta, e não tinha o hábito de aliviar o pé para administrar vantagens. E foi essa característica de piloto brigador, que quer sempre ser o primeiro, que o levou a enfiar o carro no guard rail no momento que liderava esse GP com um vantagem de dezenas de segundos para o segundo colocado.

Desolado, ele saiu do carro e foi se refugiar no seu apartamento, lá mesmo em Monte Carlo. A vitória caiu no colo do francês Alain Prost. Provavelmente, alguns comentaristas e locutores da época (quem sabe franceses?) expeliram muitas bobagens sobre a “desnecessária” atitude daquele jovem piloto, virtuoso é verdade, arrojado também, quase um gênio, mas inexperiente e com muita estrada para aprender, quem sabe até com o Professor.

Ao final daquela temporada, o jovem voluntarioso e “pouco experiente” piloto somou mais pontos que o Professor Prost e foi o campeão do mundo. Foi mais duas vezes durante os dez seis (corrigido por Marcus) anos seguintes. Encantou o mundo, não só por ser arrojado e adorar a liderança, mas principalmente por não desistir de brigar para estar sempre na frente. Ah, ele se chamava Ayrton Senna, e se pudéssemos apagar as estatísticas, seria o maior de todos os tempos.

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4 Comentários

  • Paulo Corrêa disse:

    Creio que o gênio talvez tenha tido seu dia de taxi driver. Achei, todavia, infeliz a comparação do choque do Senna em Montecarlo com a “cagada do negão afro-english” na China. O cara não tava conseguindo levar o carro na pista e ao resolver fazer o pit stop poderia ter agradecido o fato de que, finalmente, trocaria os pneus, mas não, ávido pelo retorno à pista nas primeiras colocações, entrou muito quente no pit lane e foi comer brita… Como diria uma querida senhora muito conhecida nossa, “…………………”.

    Comentário do Pô, meu!
    Eu te entendo Paulo… só quem tá sentado lá dentro, no calor da disputa, onde ganhar é o único resultado que se busca, consegue desligar o mundo em volta e se meter num guard rail por nada, ou se enfiar numa caixa de brita na entrada dos boxes. Depois da merda feita, é mole dar um parecer. ;-)
    Desculpe os cortes no seu comentário, mas perante a lei, sou responsável por tudo que é publicado aqui. Inclusive pelos comentaristas. :-D
    Abração,
    Nelson

  • Sandra Leite disse:

    Gênio….antes era gênio…
    E vc sabe quem vai ser campeão né?
    Alonsooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Quer apostar?

    bjs

    Comentário do Pô, meu!
    Eu sabia que apareceria alguém que não entenderia o que escrevi. Principalmente por conta do título. Ser gênio ou não, isso já foi decidido. Hamilton é um dos gênios da Fórmula-1, como foi Fangio, como foi Stewart, como foi Fittipaldi, Piquet, Senna, Prost, Mansel, Alonso, Schumacher e outros. Não deixei de achar que ele é o melhor desse grupo. Não importa se o Alonso for campeão ou o Haikkonen. O Hamilton, que estreou esse ano, será muito melhor que os dois quando tiver a mesma experiência deles.
    O problema é que torcedores de futebol, não conseguem entender como funciona a paixão por corridas de automóveis. Não temos camisas, nem uniformes. A paixão é pela arte. Não aposto quem será o campeão desse ano, mas torço desde a primeira prova para que o campeão seja o Hamilton. ;-)
    Bjs,
    Nelson

  • FMatt disse:

    Como piloto amador te digo uma coisa, se você aliviar o pé, acaba perdendo a concentração. O negócio é buscar a perfeição, o limite.

    O que aconteceu neste domingo foi um milagre, só mesmo pra dar mais emoção no último GP.

    Previsão: Hamilton domina os treinos livres. Hamilton domina a tomada de tempo. Hamilton vence de ponta a ponta. Hamilton vence o campeonato. E depois disso o galvão diz, eu já sabia :P

    hahahahah

    ps. não estou contando com a possibilidade de um pneu furar, ou um louco entrar na pista e estragar a minha previsão :P

    abraço

    Comentário do Pô, meu!
    Grande Matt,
    Amém! :-D
    Abração,
    Nelson

  • marcus disse:

    Senna correu por mais 10 anos depois de 1988? Acho que não… ;)

    Comentário do Pô, meu!
    Claro que não Marcus! Vacilei!
    Senna correu no total 10 anos (ainda não fui pesquisar, mas sou capaz de apostar). Ele estreou em 1984 e morreu em 1994, no dia primeiro de maio. Vou pesquisar para ver se acertei.
    Obrigado pela dica e correção. ;-)
    Abração,
    Nelson

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