Antônio Brasileiro, simplesmente Tom Jobim


Já li em algum lugar que blogs são diários de efemérides. Vá lá, isso acontece muitas vezes, mas qual o problema disso? Eu poderia falar de Tom Jobim em qualquer dos 365 dias do ano, mas hoje é o dia que ele nasceu, há 82 anos. Pois vou falar sim do Tom. Até porque Tom representa um tempo onde o Rio de Janeiro era uma cidade maravilhosa, alegre, bonita, ingênua, gostosa… um tesão de cidade.

Tom Jobim e Frank Sinatra em duetoTom nasceu Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, no bairro da Tijuca no Rio de Janeiro. Ops, mas como um cara da Tijuca virou o verdadeiro “pai” da Bossa Nova? A Tijuca capitaneava os movimentos da Zona Norte da cidade. E a Zona Norte cantava o samba, o soul, o funk (o antigo) e o rock and roll.  A Tijuca era a área de Tim Maia, Jorge Ben (depois também Jor), Roberto e Erasmo Carlos. A Zona Sul é que era a área do banquinho e violão.

A explicação é que Tom e sua família se mudaram da Tijuca quando o máximo que ele produzia de música, era chorar de fome ou com as fraldas sujas. Ou seja, tirando seu primeiro ano de vida, Tom foi criado em Ipanema, Zona Sul da cidade, e berço da Bossa Nova.

E neste domingo, aniversário de Tom Jobim, se ainda não disse aqui no Pô, meu!, aproveito para dizer aos meus eventuais futuros netos: Tom Jobim foi o maior músico brasileiro que conheci. Ele escrevia letras, ele compunha músicas, não raro, fazia letra e música sozinho. Hoje fui ouvir algumas, e é preciso muito tempo para ouvir só algumas das grandes canções de Tom: Ela é carioca, Eu sei que vou te amar, Samba do avião, Luiza, Desafinado, Samba de uma nota só, Wave, Águas de março (adoro!) e muitas outras, com dezenas de parceiros.

E quantas músicas com nomes de mulheres? Ana, Maria Luiza, Bebel, Bibiana, Michelle, Gabriela, Maria, Luiza, Ângela, Ana Luiza, Ligia, Tereza, Sue Ann, Amparo, Maria da Graça, Luciana, Tereza da praia, fora as músicas que as mulheres estavam nas letras ou eram para quem Tom cantava suas músicas.

Para sempre, quando lembrarmos de Tom Jobim, temos que lembrar do Rio de Janeiro com o bairro de Ipanema, onde tinha um bar chamado Veloso (*), que ficava na esquina de Prudente de Moraes com Montenegro (**), e onde Tom e seu grande amigo (esse eu chorei quando morreu), Vinícius de Morais, sentavam para beber, compor e olhar as mulheres que passavam para e da praia. Não necessariamente nessa ordem. Uma delas, Heloisa, foi a musa desse clássico eterno, símbolo de Tom Jobim, símbolo do Rio de Janeiro e símbolo da mulher carioca.

(*) Agora chama-se Garota de Ipanema

(**) Agora chama-se Rua Vinícius de Morais




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12 Comentários

  • Dayse Corrêa disse:

    Hi brother!, muito bom este! Tem um bar lá no Centro, na Pres. Wilson, chamado Vilarino (Vilarinho). Ali Vinícius, Tom, nos bons tempos, também sentavam para nos deixar as lindas obras.
    Fora isso, gostaria de parabenizá-lo pelo novo visual do Pô, meu!, ficou muito melhor do que era. Aqui entre nós, há males que veem para bem, não é? rs
    Beijos

    • Nelson Correa disse:

      Hi Sister!

      Eu conheço o Vilarinho, trabalhei ali perto muito tempo. Na verdade, o Tom e o Vinícius tinham um terceiro amigo comum que estava sempre com eles. Vinícius, no longa documentário do Miguel Faria Jr, chamado Vinícius, o próprio, bêbado, diz que o Whiskey é o melhor amigo do homem, é o cachorro engarrafado. Um pouco antes dessa cena, ele e o Tom falam, bêbados, dos problemas que a amizade tão forte com o whiskey provocava com as mulheres deles. Peguei a cena no Youtube. Olha a cara do Vinícius!
      :-D
      Beijo,

  • Chantinon disse:

    Nelson,
    Vou te falar… É uma tristeza o que vivemos hoje.
    Drogas, jovens que bebem pela motivação de simplesmente ficarem bêbados(eu lembro quando beber era um ato boêmio e para regar as prazerosas conversas).
    O mundo está ficando cada dia mais sem amor, sem música e sem cor.
    Não vi mais ninguém lembrar essa data (tudo bem… não vejo tv), e coube a você deixar esse gostinho de saudade.
    Hoje é vergonhoso amar, dançar coladinho e familia é algo que parece que se tornará palavras e fotos de museu.
    É bom saber que ainda existem pessoas que querem deixar essa luz para os netos.
    É sempre um prazer ler tudo que você escreve.
    (Ah! Não sou tão pessimista, tudo é cíclico… Mas temos que continuar “batendo” na cabeça da moçada)
    Abraços

    • Nelson Correa disse:

      Grande Chantinon!
      Eu realmente gosto muito da obra de Tom Jobim. Ele foi um grande músico. Músico de verdade e não mais um rostinho bonito.
      :-D
      Bom demais que você goste de vir aqui. Eu me sinto muito bem dividindo com você esse nosso tempo.
      Abração,

  • Nine disse:

    Esse é o segundo comentario que tento postar aqui…o pomeu esta de sacanagem comigo,me deleta assim do nada ,me publica tb assim do nada,vou me queixar para o bispo!Que legal que voce lembrou dele ,gosto muito do TOM e do Vinicius.Vi a peça e foi muito bom lembrar as musicas deles .Parceria mais que perfeita !bjs

    • Nelson Correa disse:

      Oi Nine,
      Que vergonha que esses duendes aqui do blog me fazem passar.
      Já dei uma grande bronca neles. Já falei para eles deixarem você postar seus comentários, porque eles (seus comentários) são sempre super bem vindos.
      Mas se esses sacaninhas continuarem te pertubando, vai, liga não… eles só brincam com quem eles gostam. E acho que gostaram de você.
      ;-)
      Beijos,

  • j. noronha disse:

    O Paulo Francis se referia a essa época como “o Rio antes dos bárbaros”. Pena que nunca vamos conhecer esse Rio.

    • Nelson Correa disse:

      Grande Mestre,
      Bom te ler aqui. Lá no Fim da Várzea leio sempre.
      :-)
      Olha, eu voltei pro Rio há menos de um ano. E estive fora daqui por 22 anos. Eu vivi nesse Rio antes dos bárbaros. Pode crer, era bom demais.
      Nessa época do ano, verãozão, o pessoal até tarde na rua, batendo papo, de repente um propunha: vamos subir ao Cristo.
      É cara, a gente pegava os carros, meia noite ou por volta disso, dois ou três carros, e subia para o Cristo pelo Horto. Hoje não teria peito. Naquela época, a gente chegava lá em cima, olhava a cidade maravilhosa do alto, a Baía de Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Pão de Açúcar, respirava o ar fresco a quase 800m de altura, e descia prá casa para dormir em paz e recarregado de energia prá praia do dia seguinte. Ipanema, Posto 9, pertinho de onde o Tom e o Vinícius enchiam a cara e paqueravam e faziam músicas para as garotas que passavam.
      ;-)
      Eu ainda tenho esperança de um dia isso mudar.
      Valeu a visita!
      Abração,

  • Sandra Leite disse:

    Você sabe emocionar sem ser piegas.
    Adorei! Seus netos vão amar o Tom…

    bjos

  • Dayse Corrêa disse:

    Brother, lendo sua resposta ao j.noronha veio na minha mente um desses momentos que você falou ali, da subida pro Cristo. Nossa, bateu até a nostalgia… ehehehhhe… Será que seus netos terão o direito de viver momentos de tanta liberdade assim? Kisses…

    • Nelson Correa disse:

      Hi sister!

      Espero que possam curtir como eu curti essa liberdade. Até porque eu tentei dar uma liberdade semelhante para os meus filhos, criando-os em cidades pequenas. Eles puderam ir e vir sem a neurose das grandes cidades.

      Portanto, se não for no Rio (acho difícil resolver tudo em uma geração) que seja em qualquer outro lugar. É bom poder viver essa liberdade.

      Beijos,

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