Jovens demonstram indignação… a esperança não morreu
- Por Nelson Correa
- 11 maio, 2006
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A geração anterior à minha tomou muita porrada mas foi para as ruas mostrar sua indignação contra a ditadura que se instalou no país. Dezenas sumiram e foram mortos. Muitos foram torturados, mas eles não se calaram.
Depois de ver o pessoal mais velho morto, desaparecido ou com hematomas, minha geração primeiro demonstrou sua indignação votando, onde podia, contra os donos do poder. Culminando com a participação nas grandes manifestações pelas Diretas Já!
Meu primeiro voto, para deputado, não se podia votar em presidente, governador ou prefeito de capitais, foi para a oposição. Votei em um advogado de presos políticos com discurso socialista, que foi eleito. É bem verdade que anos mais tarde encontrei o meu primeiro eleito atuando como lobista, facilitando participações na “pizza” do governo do Rio de Janeiro. Mas não me arrependo, foi importante mostrar minha indignação naquela primeira eleição.
A geração seguinte, já não tinha a ditadura para esbravejar, e já tinha eleições em todos os níveis, de presidente a vereador. Mas se vestiu de verde-amarelo e pintou as caras para demonstrar sua indignação com as falcatruas que se instalaram em torno do Palácio do Planalto.
E essa geração? Calada. Anestesiada. Quem ainda grita, quase sem eco, mas ainda grita, são os jovens que um dia lutaram contra, mas que hoje são a favor disso-tudo-que-está-aí.
Mas lá das Minas Gerais surge a esperança de que os jovens ainda tenham fôlego. O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas convidou para falar sobre mídia e crise política o político José Dirceu, ex-ministro citado na denúncia do Procurador Geral da República como um dos chefes da quadrilha que tomou de assalto o poder brasileiro no esquema de corrupção e desvio de dinheiro público.
E viva! Voltamos a ver os jovens indignados! Vaias, faixas e cartazes representaram o protesto daqueles jovens, cerca de 700, poucos ainda, mas que nos dão um grande alento de que estamos vivos.
Se eu fosse o Arnaldo Jabor, eu diria que não é verdade que essa geração é a geração do depois do orgasmo, da larica depois do bagulho.
Ela tá inteiraça e pronta para dar outra. Pô, meu, se me chamar, eu vou junto.
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