Educação Cubana
- Por Nelson Correa
- 13 março, 2014
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Instigado pela curiosidade e pela busca de subsídios para formar minhas próprias opiniões, resolvi pesquisar sobre esse tema. Tudo porque li na Internet uma matéria sobre a educação cubana, era o seguinte:
“O milagre é que Cuba investe em educação 12.9% do PIB, no bojo de um investimento social de 30%.”
(…)
“O estado é o responsável integral da educação, como na Finlândia e na França. Há uma grande valorização social da profissão docente em todos os seus níveis e os salários dos professores equivalem aos de outros profissionais como médicos e físicos. As Universidades Pedagógicas têm um alto grau de formação e de exigência. Nunca há mais de 18 crianças por sala e o tempo dedicado a cada criança pra elaborar e problematizar respostas individuais duplica o da região.”
Fui à luta em busca de dados sobre os três países: Cuba, Finlândia e França. Antes mesmo de abrir o Google, já vi um aspecto gritante de vantagem para Finlândia e França, eles conseguem estar no mesmo nível de comparação com Cuba, pelo que li no tal texto, mas são países democráticos! Para mim isso bastava, já que Cuba vive uma ditadura familiar há mais de 50 anos. Aliás, pensando nesse aspecto democrático, é por estar em uma democracia que esse tipo de texto com opiniões antagônicas ao modelo estabelecido em nosso país, pode ser publicado livremente. Imagina se fosse publicado em Cuba? Posso até imaginar a perseguição, talvez até prisão, para o autor da publicação. Isso se pudesse ser publicado.
Mas vamos ao trabalho. Comecei pelo site do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP – United Nations Development Programme). Lá eles têm um ranking que classifica os países com relação ao aspecto geral da educação. Nesse ranking, Cuba ocupa a 59ª posição. A França é a 20ª e a Finlândia a 21ª. Quem lidera é a Noruega, seguida de Austrália e Estados Unidos. Mas uma fonte só é pouco. Voltando ao Google.
Caí no site da OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development) que é uma entidade respeitadíssima aqui no Brasil e em todo o mundo. Eles também me mostraram um ranking sobre educação no mundo. Este ranking não apresentava todos os países, é limitado, mas é interessante também. Lá, a Finlândia faz bonito e é a 1ª colocada. A França é 27ª e Cuba não aparece. O Japão é o 2º e a Suécia a 3ª.
Não consegui entender porque Cuba não estava neste ranking, pois até o Brasil fazia parte dele. Mas enfim, vamos continuar pesquisando. Pensei: que tal ver como anda o ensino superior dos três países? Caí no site QS TopUniversities. As três melhores universidades do mundo segundo o ranking deles, são: 1ª Massachusetts Institute of Technology (MIT), 2ª Harvard University e 3ª University Of Cambridge. As duas primeiras são estadunidenses e a terceira, britânica. Nenhum dos três países da minha pesquisa estava no topo.
Busquei dentro das quinhentas primeiras colocadas, quantas cada país tinha na lista. Achei que a França tinha 24 universidades, a Finlândia tinha 9 universidades e Cuba não tinha nenhuma universidade classificada entre as 500 melhores do mundo. Estiquei mais um pouco e fui para as mil melhores do mundo. A Finlândia ficou nas 9, a França ampliou para 64 e Cuba colocou no 701º a Universidade de Havana. É, não tá fácil para Cuba.
Então pensei, que tal avaliar o resultado prático da educação nesses países? Quantidade de prêmios Nobel. Lá fui eu para a Wikipedia (Prêmio Nobel por países). A França tem 66 prêmios Nobel, a Finlândia apenas 4 e Cuba se iguala ao Brasil: nenhum prêmio Nobel. Alemanha 101, Reino Unido 115 e Estados Unidos 350. Esses estadunidenses são gulosos, hein!
Tá, prêmio Nobel é que nem classificação de Escola de Samba no Rio ou Oscar em Hollywood, é um grupo de juízes que escolhe. Apelei? Tudo bem, vamos em frente. Resultado prático do ensino… hum… sim! Número de patentes é um resultado palpável, real e que gera riqueza para o país. Google? Caí na WIPO (World Intellectual Property Organization) que me mostrou que os três países com mais patentes registradas em 2011, são: 1º Estados Unidos com 48.596, 2º Japão com 38.888 e 3º Alemanha com 18.568. Estadunidenses… A França ocupa um honroso 6º lugar com 7.664 patentes e a Finlândia fica em 13º com 2.080 patentes. Cuba registrou apenas 10 patentes e nem aparece na lista. Como curiosidade, fui procurar nosso Brasil varonil. Temos 572 patentes registradas em 2011.
Caramba, Cuba até agora além de perder em todos os aspectos que pesquisei, teve resultado muito longe de França e Finlândia. Bom, mas o texto que me inspirou dizia que “Há uma grande valorização social da profissão docente em todos os seus níveis e os salários dos professores equivalem aos de outros profissionais como médicos e físicos”. Isso é realmente importante. De novo caí na OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development). Salário mensal médio do professor secundário na Finlândia é US$ 3.750. Na França US$ 3.033. Em Cuba US$ 20.
Acho que a brincadeira perdeu a graça depois dessa comparação. Mas não fico satisfeito em não pensar por mim mesmo e tentei imginar como um país que não permite que os estudantes tenham acesso a qualquer livro, ao estudo de outros modelos que não seja o comunismo, ao intercâmbio com outros estudantes, já que só no ano passado Cuba iniciou um processo lento de permissão para que seus cidadãos possam viajar para outros países, poderia ter um ensino de tão alta qualidade? Não duvido que eles tenham universalizado o ensino, mas isso o sociólogo-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou pertinho de conseguir aqui neste nosso país continental (PNE), e Cuba é uma ilhota.
Não achei a resposta. Aí pensei no texto que li na Internet. Começava logo com a palavra “milagre”. Milagre é coisa de religião. Religião demanda fé. As pessoas precisam acreditar em dogmas, mesmo que não façam muito sentido lógico. Pronto, entendi o texto. Religião. É isso. Uma questão de fé. Amém.
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