Palacete da rua São Clemente
- Por Nelson Correa
- 3 março, 2011
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A namorada do meu filho, uma paulista que nasceu em Barra do Garças-MT, mora no Rio há mais de três anos e ainda não conhecia a Quinta da Boa Vista e, principalmente, o Paço Imperial, a residência da família real portuguesa após a mudança para o Brasil em 1808 e depois da Independência, residência oficial da família imperial brasileira, onde hoje funciona o Museu Nacional, mantido pela UFRJ. Em um sábado de dezembro passado (2010), pela manhã, levamos a Ray para conhecer esse local, além de ponto turístico, importante relíquia histórica da cidade do Rio de Janeiro.
E por que esse passeio de quase três meses atrás virou pauta agora no Pô, meu!? Primeiro porque em dezembro esse blog estava funcionando só para visitação, nada se produzia. Depois porque escrever é o que motiva o blogueiro, e para tanto precisa-se de temas. :-) Mas na verdade, o que disparou o processo da lembrança dessa visita, rever e remover as fotos que ficaram no cartão de memória do smartphone e redigir esse texto, foi a volta da discussão se a prefeitura do Rio deve ou não comprar um casarão avaliado em 10 milhões de reais (barato para os preços inflados hoje na cidade) que fica na rua São Clemente.
Esse casarão (foto ao lado) pertence a uma tradicional família rica da cidade. Está fechado há muitos anos. É lindo, pelo menos por fora. Aliás, a rua São Clemente era repleta de casarões e palacetes. Boa parte foi ocupada por embaixadas, que acabaram se mudando para Brasília depois da troca de capital. Fui criado ali no bairro e fico feliz quando passo pela rua São Clemente e vejo o casarão da antiga embaixada de Portugal, o Palácio São Clemente, agora espaço do Consulado Geral de Portugal na cidade. Ainda resta também o casarão que hospedou a Embaixada da Grã-Bretanha, depois Consulado, que foi vendido para a prefeitura usá-lo como sede.
Não vejo mal algum na preservação destas relíquias históricas da cidade. Que bom que o casarão da rua São Clemente, o Palacete Linneo de Paula Machado, é tombado pelo estado e pelo município. Ninguém pode tirar ele de lá. Mas a idéia que surgiu dos cérebros oficiais, provavelmente superaquecidos pelo infernal verão carioca, foi comprar o casarão e entregar ao Luiz Inácio para que ele colocasse lá a tal fundação que quer criar. Não faltaram empresários da boquinha desinteressados se oferecendo para comprar e doar o casarão paro o filho da do brasil.
E onde as duas histórias se juntam? Na constatação que para orgias de puxa-saquismo, favorecimentos e outras bobagens, há dinheiro disponível. Já para manter em condições dignas uma obra que pertence à história do país, o Paço Imperial da Quinta da Boa Vista, só sobra descaso e abandono. Peças do mobiliário externo quebradas, pintura descascando, grades enferrujadas. O Museu lá instalado, um dos principais, em acervo, da América Latina, que não tem nem ar condicionado, estava tão vazio que um integrante da famosa (entre a garotada) banda Família Restart pôde passear pelos salões sem que se ouvisse um só gritinho histérico ecoando pelo casarão ou reclamações do tipo “puta falta de sacanagem” no lado de fora.
Veja o resultado (prestável) da minha visita à Quinta da Boa Vista nestas fotos. Lá eu mostro o que é belo e o que está abandonado.
P.S.1) Não tenho nada contra o Instituto do Luiz Inácio, mas acho que os prefeitos de Garanhuns-PE e São Bernardo-SP têm prioridade na oferta de local para instalá-lo.
P.S.2) Hein??? Alguém ofereceu o Senegal?
P.S.3) Lá na Quinta tem um zoológico também. Não fui. Gostaria de ver outros “bichos”, que andam soltos, enjaulados.
Eu queria que um casarão desses virasse uma biblioteca; sinto falta de uma por aqui. Em Ourinhos eu ia toda semana pra lá :)
Eu também senti a falta de conservação do Museu Nacional. Fico me perguntando como será a infra-estrutura dos cursos de mestrado da UFRJ que lá atuam (principalmente Arqueologia). E como as pessoas chegam lá pra estudar? Tem que ser só de carro, pelo visto.
Ah, ainda não conheço o Teatro Municipal, O Museu de Belas Artes e mais um monte de lugares interessantes da cidade. Dicas para programas em família :)
Olá Ray,
É verdade, poderíamos ter uma biblioteca por bairro, tenho certeza que estariam sempre bem movimentadas.
Anotadas as sugestões (ou seriam pedidos?) de passeio. ;-)
Bjs,
Nelson