Violenta esperança
- Por Nelson Correa
- 19 maio, 2006
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Os acontecimentos dos últimos dias removeram um véu que encobria uma realidade que vinha sendo deixada debaixo do tapete há muitos anos. As cenas de violência mostradas acima não são na saída do túnel Dois Irmãos, em frente à favela da Rocinha no Rio de Janeiro.
Elas aconteceram em diversos bairros da cidade de São Paulo, e em várias cidades do interior do estado. Apesar das estatísticas mostrarem que a criminalidade em São Paulo é só um pouquinho menor do que no Rio, as ações cinematográficas do crime organizado no RIo faziam crer que Bagdá sim, era lá. É bem verdade também que a polícia que está nas ruas de São Paulo, te transmite mais segurança e seriedade que a do Rio. Mas pode ser só uma sensação.
É fato que o crime e a polícia no Rio participam obrigatoriamente da midia local, com presença muito mais forte do que em São Paulo. Se quiserem experimentar, que se faça uma pesquisa entre cariocas e paulistanos para saber quem conhece mais os nomes do secretário de segurança e dos responsáveis pela polícia civil e militar. Aposto que o carioca está mais familiarizado com esses nomes.
Mas na verdade, o que se encobria é que o problema segurança pública é uma das grandes mazelas nacionais, e não regional. Desde o controle das fronteiras até o centro das metrópoles. A truculência ganha da inteligência. As ações pontuais ganham da integração das forças de segurança. A corrupção ganha da ética. E todos nós perdemos, com a ajuda da justiça.
Quem sabe agora, depois da desgraça de dezenas de mortos, ações concretas possam começar a acontecer. Ah esperança! Mas acontecer aqui, do nosso lado (Sampa), pode dar uma força para alguma mudança. A frase que a jornalista Cora Rónai encerra sua coluna dessa semana no O Globo é a síntese que esperamos como desfecho, ou início, para a solução desse problema:
“Quem sabe agora alguém não acorda e começa a tratar a questão da violência como algo de fato sério, como o problema de dimensões nacionais que é, e não apenas como uma bizarra peculiaridade carioca?”
Vejam como as coisas mudam radicalmente da noite para o dia. Mostrando na verdade, que somos muito iguais, apesar de parecer diferentes. Depois de muitos anos, o Maracanã, o maior estádio de “futibol” do mundo vai ser palco de uma final de um campeonato brasileiro, a Copa do Brasil. E dentre os finalistas, não veremos São Paulo, Coríntians, Santos ou Palmeiras.
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