Fora racialistas
- Por Nelson Correa
- 20 novembro, 2009
- 10 Comentários
O artigo publicado hoje, feriado de Zumbi (Dia da Consciência Negra) no jornal O Globo, escrito por Roberta Fragoso Menezes Kaufmann, Procuradora do Distrito Federal e Mestre em Direito e Estado pela UNB, apesar de não ser novidade, é de estarrecer. Kaufmann afirma que a Universidade de Brasília (UNB) tem uma Comissão Racial, tal qual os Tribunais Raciais na Alemanha nazista. Uma comissão secreta, baseada em critérios secretos, define quem é negro e quem é branco. Não está totalmente claro no texto, mas supõe-se que seja para preencher as vagas da universidade pelo processo de cotas.
No afã de ser o primeiro estadista na história da humanidade a agradar gregos, troianos e etc, como se isso fosse possível para um estadista (como populista a cumprir essa meta ele não será o primeiro, muito menos o último, infelizmente) Lula aceitou que racialistas se empoleirassem nas suas costas e ditassem padrões toscos, baseados em estatísticas viciadas, com o franco objetivo de se locupletarem do poder, prometendo o Paraíso para os negros (que eles escolhem) brasileiros.
Quem não lembra mais, aí vai uma chance de se lembrar de uma das boquinhas criadas por Lula e batizada de Ministério de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, comandado pela ministra Matilde Ribeiro por cinco anos, até ser denunciada pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal, por improbidade administrativa (suspeita-se que a ministra deitou e rolou no cartão de crédito oficial com despesas particulares). Lembrou agora não é? Então você há de se lembrar da pérola racialista, minto, racistona mesmo, da ministra quando incitou o racismo afirmando:
“Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso.”
Eu detesto repetir artigos publicados no Pô, meu! Mas concordo veementemente com a última frase do artigo de Roberta Kaufmann: a estupidez humana parece não encontrar limites. Apesar de concordar, não aceito não lutar contra o fim da estupidez humana. Por isso, depois de mais de três anos da primeira publicação, peço licença meu amigo e minha amiga leitora para republicar abaixo o artigo Qual é a sua raça? de 31/10/2006.
Qual é a sua raça?
Há alguns dias atrás o Globo Online publicou que na Inglaterra nasceram gêmeos com a cor da pele diferente: um negro e o outro branco, um caso bem raro.
No dia seguinte, eles publicaram que no Brasil também temos casos semelhantes, e apresentaram a foto do Sr. Carlos Henrique da Fonseca com seus dois filhões, gêmeos raros como os ingleses. Pedro Henrique e Nathan Henrique Rodrigues, são os gêmeos com cor de pele diferente, um negro (mulato escuro?) e outro branco (mulato claro?).
Uma lei de 1951, a lei 1390/51 – Lei Afonso Arinos, dizia: “constitui infração penal (contravenção penal) punida nos termos dessa lei, a recusa por estabelecimento comercial ou de ensino, de qualquer natureza, de hospedar, servir, atender ou receber clientes, comprador ou não, por preconceito de raça ou de cor”.
Em 1985, 34 anos depois da Lei Afonso Arinos, foi promulgada a lei nº 7437/85. Essa lei continua a considerar os comportamentos preconceituosos, meramente contravenção penal. Pela lei, a contravenção foi estendida para preconceito de: raça, cor, sexo, estado civil.
A nossa Constituição Federal de 1988, no capítulo Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Art. 5º, foi mais fundo e disse o seguinte:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Inciso XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.”
Apesar de termos uma formação racial bem diferente de outros países que também praticaram o escravagismo, como os Estados Unidos, nunca segregamos brancos e negros como lá. Muito pelo contrário, nos orgulhávamos da miscegenação que nos deu biotipo invejado no mundo todo.
Mas então não existe racismo no Brasil? Claro que existe! Como existe corrupção, caridade, ou qualquer outra característica, boa ou ruim, do ser humano. Mas não somos racistas como sociedade. Por termos pessoas corruptas, não podemos dizer que somos uma sociedade de ladrões.
Nossa legislação garante punição forte para crimes de racismo, mas infelizmente, um populismo que finge proteger negros (raros aliás) contra a opressão descabida de brancos (raros também), pode trazer um grande problema para o Sr. Carlos Henrique no futuro: explicar ao Pedro, porque o Nathan já nasceu com mais chances do que ele, seja na faculdade ou no mercado de trabalho, só porque a pele dele é mais escura.
Antes que a gente deixe isso acontecer por omissão, é bom ler o livro do jornalista Ali Kamel, “Não somos racistas”. Se não fizermos nada, acabaremos criando uma cisão racial no Brasil, como nunca antes foi vista por aqui. Segue abaixo um pequeno trecho do livro, que deveria ser lido e discutido nas nossas escolas, de Blumenau a Salvador.
“Certo dia, caiu a ficha: para as estatísticas, negros eram todos aqueles que não eram brancos. Cafuzo, mulato, mameluco, caboclo, escurinho, moreno, marrom-bombom? Nada disso, agora ou eram brancos ou eram negros. De repente, nós que éramos orgulhosos da nossa miscigenação, do nosso gradiente tão variado de cores, fomos reduzidos a uma nação de brancos e negros. Pior: uma nação de brancos e negros onde os brancos oprimem os negros. Outro susto: aquele país não era o meu.”
Eu também não quero esse país.
Citando o artigo sobre o livro do Kamel, “como justificar uma política de avanço “racial” que deixaria para trás a massa de 19 milhões de brancos pobres?//A pobreza é a chaga social renitente do Brasil. Ela não discrimina: atinge brancos, negros, mulatos.”
Concordo contigo: eu também não quero um país assim.
Parabéns pela coragem de apontar com clareza o racismo que existe por trás dessa política de cotas.
Oi Helô, bom receber você aqui de novo!
Eu me revolto com essa posição que esquece os pobres que não são negros. Pior, quem é negro nesse país? Se posicionar desse jeito é esperteza.
Não sei se é coragem ou loucura, pois além de apoios como o seu, tenho recebido também algumas pedradas. Mas isso faz parte de quem quer falar o que pensa.
bjs,
Nelson
Caro Nelson,
Nestas horas é bom lembrar que existiram escravos de todas as origens ao longo da história. É bom também lembrar que eram negros africanos que abasteciam os navios negreiros com negros capturados. É bom lembrar que o heroi Zumbi e outros negros no Brasil também tinham escravos.
Obviamente nada disso justifica esquecer o sofrimento que os negros escravizados tiveram em nosso país. Mas daí a criar esse ambiente racial é uma distância monumental.
Abs,
Grande Nilo, é um prazer a sua presença aqui.
Olha, isso de escravos, infelizmente a história está cheia deles. Inclusive o comércio de vencidos em guerras.
Sim, sem dúvida que os portugueses e seus navios negreiros eram só especialistas em logística, quem capturava os negros, futuros escravos, eram outros negros locais.
Sei que escravos livres tinham escravos no Brasil, mas desconhecia essa história do Zumbi, vou pesquisar mais.
Abraços e sucesso,
Nelson
Ninguém deseja um país assim,mas é a realidade.Em um país onde não existe”raças puras” onde tudo é uma grande mistura de cores e culturas ainda vemos a indignante amostra do preconceito racial.
Branco e negros…aff¬¬’
Olá Nadyégila,
Fiquei um pouco afastado do blog (outras prioridades) mas estou de volta.
Tô contigo: pelo fim do preconceito racial!
Bjs,
Nelson
Nelson querido,você anda sumido.
Saudades,
Nadyégila.
Oi caríssima!
É verdade… sinto falta daqui, mas às vezes “o bicho pega” e preciso focar em algum trabalho que me consome.
Mas voltei e acho que irei pertubar a caixa postal de vocês com textos capengas versão 2010.
:-D
Bjs,
Nelson
Apenas quem fecha com a posição do Ali Kamel e do Magnoli escreveu para esse blog. Não esqueçam que essa luta pela igualdade no Brasil vem obtendo consideráveis conquistas, apesar dessa campanha contrária e dissimulada que aparenta cuidar de todos os brasileiros mas, na realidade, tem partido e está ao lado do conservadorismo e daqueles que se opuseram sempre ao crescimento das populações pobres.
Olá Jorge,
Que pena que você não acreditou que estou do lado dos pobres, seja qual for a cor da pele deles. Não concordo que estar ao lado dos menos favorecidos, que precisam de apoio e ações positivas seja conservadorismo e com partido definido. Mas enfim, acho que precisamos discutir mais esse assunto para que possamos entender e ser entendidos.
Acho que só me fiz entender quando você entendeu que sou contra o crescimento das populações pobres, quero sim, que elas cresçam e deixem de ser pobres e desamparadas, sem acesso à educação, saúde e bem estar mínimos!
Volte sempre, mostre seu ponto de vista, será sempre um prazer recebê-lo.
Abraços e sucesso,
Nelson