Escárnio
- Por Nelson Correa
- 14 setembro, 2014
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Pedir aumento é justo e é direito de qualquer trabalhador ou grupo de trabalhadores. Seja a sua empregada doméstica (sua, porque eu não tenho), sejam os professores, os médicos, o CEO da sua empresa ou o presidente do Banco do Brasil. Enfim, reivindicar aumento é natural e legítimo.
Eu mesmo, quando supervisor de profissionais, recebi diversos pedidos de aumento de salário. A maioria justo. Alguns completamente sem noção, como por exemplo, justificar o pedido de aumento para bancar a dívida de poker do marido, ou a troca do carro para acompanhar o padrão dos moradores do prédio onde a pessoa morava. É pouco? Teve mais, uma vez um cara me pediu aumento para colocar silicone nos seios de sua amante, pois estava querendo limpar a barra dele, já que ela, a amante, descobrira que ele deu um anel de brilhante para a esposa. Pode?
Acho que tudo isso pode. Não importa se o seu pleito soa justo ou insano para quem o recebe. Para você, a causa sempre parecerá nobre. Mas há exceções neste tipo de pedido, ou melhor, na justificativa do pedido. O que estamos vendo aqui no Rio de Janeiro é um escárnio com a população pagadora de impostos do estado. Segundo o dicionário Priberam:
es·cár·ni·o
(derivação regressiva de escarnir)
substantivo masculino1. Atitude ou dito que fazem pouco de algo ou de alguém, provocando manifestamente o riso. = MOFA, MOTEJO, TROÇA, ZOMBARIA
2. Atitude de desconsideração por algo ou por alguém. = DESACATO, DESDÉM, DESPREZO, MENOSPREZO
3. Aquilo que é objecto de troça.
Escárnio é o único sentimento que se tem quando se lê a notícia abaixo.
Acho que os magistrados tem tantos direitos de pedir aumentos quanto os professores, mesmo que estes tenham seus salários vergonhosamente achatados e não recebam do estado do Rio de Janeiro, nem mesmo vale transporte ao tíquete refeição, e aqueles, têm um dos mais altos salários do funcionalismo público, mesmo sem contar benefícios. Poderiam justificar comparando-se com magistrados de outros países, com os ganhos médios de advogados, com o tempo que não recebem aumento, ou qualquer outro motivo, e não devem faltar motivos, mas o que foi apresentado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para a Assembleia Legislativa, soa muito mal para todos.
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