Educação Moral e Cívica


Eu era adolescente, lá pelos 15 anos, e uma professora gaúcha, com seus 50 anos e longos cabelos pintados de vermelho, toda hora pegava no meu pé quando eu me desfocava da aula dela. Ela parava e cheia de sotaque, mandava em alto e bom som: “O rrrruivo de novo?”

Como manter a atenção naquelas aulas de Educação Moral e Cívica? Vivíamos a época do “Brasil, ame-o ou deixe-o.” Aliás, neste aspecto, um pouco parecido com os dias atuais, pois quando você discorda do governo, ele acha que você torce contra.

“Para os que torcem contra, eu aviso que vão quebrar a cara.” (Luiz Inácio da Silva, alcunha: Lula)

Mas voltando à sacal Educação Moral e Cívica, essa matéria foi criada pelos milicos que comandavam a ditadura em 1969. Era obrigatória em todo o território brasileiro. O grande foco era doutrinamento. Aliás, um pouco parecido com os dias atuais, conforme opinião do sociólogo Demétrio Magnoli, em artigo no Estadão:

“…o Enem converteu-se num pátio de folguedos da pedagogia da doutrinação. O desfile de catecismos ideológicos abrange, ao lado de versões cômicas de um marxismo primitivo, constrangedores panfletos do ambientalismo apocalíptico e manifestos rudimentares do multiculturalismo pós-moderno.”

Doutrinação na formação educacional faz parte do DNA das instituições e organizações autoritárias, na tentativa de impedir que as pessoas aprendam a pensar. Eles querem entregar um pensamento pronto, que atenda aos seus objetivos de controle, para quem está na formação dessa qualidade diferencial do ser humano: a capacidade de pensar.

Mais que uma tentativa de doutrinação do professor de Geografia do 8º ano do Colégio Andrews, do Rio de Janeiro, foi a prova cabal da sua estupidez. O Andrews é um colégio particular que tem na sua história uma preocupação de ter uma atitude laica na educação. Eles sempre fizeram o contra-ponto aos colégios particulares com foco religioso, os São e Santo alguma coisa. Lembro que no Andrews não se comemorava Páscoa, Natal, Dia dos Pais ou Mãe.

Talvez por motivo econômico, é claro (money makes the world go round), famílias judaicas que não queriam que seus filhos estudassem nas tradicionais e orientadas escolas judaicas, acabavam tendo como opção, as boas escolas católicas. O Andrews era um porto interessante para o equilíbrio central, e por conta disso, muitos dos seus alunos eram judeus.

Pois o bobalhão doutrinador nem parou para pensar (deve ter sido doutrinado) que aquele monte de Alguma-coisa-steins na lista de chamada não se aborreceria com a questão da prova que ele criou? Fora isso, há controvérsias fortes sobre a posição do professor a respeito do conflito entre Israel e Hamas. E pior, a comparação entre os judeus nos campos de concentração nazista e o povo palestino, incluindo aí os integrantes do Hamas. A imagem abaixo mostra a questão e no link, o Colégio Andrews pede desculpas aos pais e alunos pelo chute na canela. Cadê o coordenador que não verificou a prova? ;-)

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