Como conviver com o bafômetro?
- Por Nelson Correa
- 13 julho, 2008
- 4 Comentários
Eu defendo, por princípios, que mais do que intervir na escolha individual das pessoas, o Estado precisa responsabilizar e punir. Todo mundo deveria poder fazer o que quisesse quando isso não interferisse com outras pessoas. Se eu prefiro andar de moto sem capacete e enfio a cabeça em algum lugar, azar o meu. Se você quer queimar um baseado, então que você possa comprar e que a indústria pague formalmente impostos. Se você pode beber uma taça de vinho a mais que eu sem perder os seus reflexos, ou pelo menos ter mais reflexos que aquele velhinho que insiste em dirigir ou que aquele garoto que foi aprovado colocando o carro na vaga, que você possa assumir seus atos nessa situação.
Tá certo, eu sei que se eu enfiar a cabeça em uma guia (meio-fio em carioquês) e não morrer, o Estado vai gastar dinheiro com ambulância, médicos e hospitais para recuperar a minha cabeça quebrada. Claro que se você for um descontrolado, e pode ser que você seja, você pode até roubar e matar para comprar sua trouxinha de maconha. Sem contar que o que você pensava ainda estar dentro do seu limite de álcool para manter sua capacidade de dirigir, te coloca com reflexos de um velhinho e a incompetência com velocidade do garoto da vaga. E isso pode fazer você matar inocentes.
Com tudo isso, ainda acho que a punição séria e a responsabilização são as melhores ferramentas de educação. Estava sem capacete e abriu o quengo e o Estado gastou com você para te consertar? Cobra do sacripanta, libera o seguro de reembolsar as despesas. Matou, roubou ou cometeu qualquer outro crime com os sentidos alterados por uso de drogas? Aumente-se a pena, retire-se vantagens quando condenado. Que as punições possam existir de fato e que sejam rigorosas.
Mas como o nosso modelo é de se criar controles e mais controles com fiscais e fiscais dos fiscais para tomar conta do povo levado e sem responsabilidade, vamos usando capacetes de qualquer procedência para não incomodar na cabeça ou no bolso, comprando a droga ilícita de quem não paga impostos formais e deixando de beber um vinho no jantar romântico para não pararmos no bafômetro. Isso até a imprensa largar do pé de acompanhar essas blitzes, pois existem policiais corruptos, são poucos é verdade, mas existem, e tão logo esse oba-oba passe, ninguém mais perderá sua habilitação na mão desses poucos policiais.
Por enquanto, temos duas boas opções. Comemorar as vidas que foram poupadas nos últimos dias com a fiscalização intensa e sem muita chance para a corrupção, isso realmente merece um brinde (se você não for dirigir, é claro), ou então ir no blog Enochatos, do amigo Claudio Torres e usar por sua conta e risco a calculadora de tempo necessário para “limpar” o álcool do sangue. Acho que quem mais vai aproveitar são os grandes canalhas que dirão às 5h da madrugada ao entrar em casa, pé ante pé: “Benzinho, tive que esperar o efeito do álcool passar, não podia deixar o carro na rua, o seguro estava vencido”. E viva o Brasil, o país de leis que podem pegar ou não. No final, vai acabar mesmo em pizza. Hummm, e com um choppinho pode?
Eu nunca fui um grande fã de bebidas alcoólicas, mas ultimamente tenho gostado de, eventualmente, consumir uma garrafa de vinho em jantares com minha noiva. Esta lei absurda me impede totalmente de dar continuidade a este prazer fora da minha casa.
Comentário do Pô, meu!
Oi Marcus,
Olha, na verdade eu acho que o absurdo virá a partir de agora, que a mídia começa a afrouxar na cobrança. Quanto a mais, custará uma garrafa de vinho para o jantar com a mulher amada? Pode ser um táxi ou um galo esquecido junto da CNH.
;-)
Abração,
Nelson
P.S. Vinho é alimento. :-D
Concordo que a lei, como está, é rigorosa demais. Mas é o único jeito de funcionar, e proteger a vida de inocentes. Quem sabe logo podemos voltar a algo mais normal, com a consciência dos frequentadores de bares e baladas em preservar a vida de inocentes.
Várias vezes eu fui a bares e me diverti sem beber uma única gota de álcool. É possível, por incrível que pareça a algumas pessoas.
Comentário do Pô, meu!
Oi Enio,
Você sabe que eu aceito esse motivador, apesar de preferir que houvesse punição rígida para os assassinos ao volante. Nosso problema não é falta de leis, é sim, impunidade. Se houver punição, as pessoas teriam mais consciência da sua responsabilidade. Meu medo é que em breve, essa lei só sirva para aumentar o câmbio da “cervejinha” na rua.
Grande abraço,
Nelson
Meu Guru,
Infelizmente o Brasil é regido por lei em cima do muro. Aquelas que tem que ter brechas para quando um peixão destes tipo o Daniel Dantas está na berlinda, arrumar um jeitinho brasileiro para livrar a cara.
Estas questões só acabam com revolução ou com gente honesta e trabalhadora no poder. Mas para ser catador de lixo, você precisa de segundo grau completo, afinal, é uma tarefa concorrida, essencial para a vida civilizada. Já para dirigir um país, você só precisa de um vagabundo que mete o dedo no torno para poder se aposentar por invalidez e patrocinar uma vida imbecil de um jumento que depois disto tudo teve oportunidade de estudar e não fez. Afinal, aquela cachacinha do beberrão que assinou a absurda lei, não podia faltar.
Quisera eu poder falar que meu líder estudou na faculdade X ou Y, como acontece lá fora. Aqui o povo quer um mensalão também, quer poder ter a “oportunidade†de dar um golpe e ganhar o dele numa “bolsa vagabundagem†da vida. Acho que o nosso barbudo se inspirou na vida medíocre dele para criar um plano que dá prêmios a quem não trabalha.
Agora nosso alcoólatra, que não tem nada de anônimo, quer dar um de falso moralista. Já que se utiliza do meu, do seu, do nosso dinheirinho, para andar em carro luxuosos com um “James†que na teoria não bebe em serviço, lançar uma lei que não iria contra ele, se ele não tivesse dado sortes e se utilizado de “malandragens†mil. Afinal, no Brasil, o honesto nordestino, trabalhador ignorante, não tem a facilidade de ter um carro. Lula estaria polindo sua fivela num boteco qualquer, tomando aquela saideira para voltar para casa cambaleando a pé e tropeçando por aí.
E assim continua o Brasil, com a política do “é fazendo muita merda que se aduba a vidaâ€Â. Que a gente vai colhendo os frutos de um governo falso populista onde o povo acha que está bem, a classe média achatada e os “Daniel Dantas†da vida, limpando o que respinga no deles, como notas graúdas e frias.
E aquele chopinho que regava meu samba de forma prudente, me caparam. Aquele jantar romântico regada a uma singela taça de vinho, deixou a apaixonada na sede. Aquela amiga feia, nunca mais comeu ninguém e tudo acaba em fevereiro num carnaval de miseráveis.
Ao povo, Pão e Circo, ou Fome Zero e Carnaval!
Saudações
Comentário do Pô, meu!
Grande amigo Rafa,
Seu comentário fez esse artigo subir uns 5 níveis de qualidade.
A minha maior preocupação é com as feias e os feios, como minimizar esse problema?
Tive um(a) amigo(a) que dizia que nunca foi prá cama com gente feia. Mas que já tinha acordado muitas vezes com um(a) feio(a) ao seu lado. Tim-tim!
:-D
Abração e sucesso,
Nelson
Geekman,
““Benzinho, tive que esperar o efeito do álcool passar, não podia deixar o carro na rua, o seguro estava vencidoâ€Â.
Ri muito – de um assunto tão sério. To super a favor da lei agora essa frase acima foi de 1a cara de pau né?;)
Comentário do Pô, meu!
Sandra,
Minha dica para as mulheres que queiram evitar esse tipo de situação:
1) Controlem os seguros dos veículos de seus homens;
2) Arrumem pelo menos 2 opções de telefones de empresas de táxi e deixem na agenda deles;
3) Estejam prontas para apanhá-los ao final das happy hours com os amigos deles, e
last but not the least
4) Tratem seus homens com o carinho e cuidado que eles merecem para que esse tipo de situação não saia da piada.
;-)
Abraços e sucesso,
Nelson