Cérebro drogado
- Por Nelson Correa
- 12 junho, 2007
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Hoje no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, pronto para embarcar de volta para Sampa, ouvi do meu vizinho de fila uma tese muito interessante sobre o processo de estupidificação do cérebro de um junkie, independente se usuário de drogas formalmente comercializadas ou das que se depende do submundo do crime.
É bom frisar, aproveitando também para me desculpar, eu não participei ativamente da conversa. O dono da tese explicava para alguém, ao telefone celular, o papo que tivera durante um jantar, com um conhecido comum viciado em alguma ou diversas drogas. Ou seja, fui ouvinte passivo de 50% do diálogo. Aposto que tenha ouvido a melhor metade.
Não vou explicar o etilo de vida de um junkie, me apoiarei no modelito mostrado nos quadrinhos do magnífico cartunista Angeli (aqui), através de sua maravilhosa personagem Rê Bordosa. Bares sujos, noites escuras, personagens patéticos, enfim o cenário onde se encontra a maioria dos junkies.
Na tese do meu inteligente e bem articulado vizinho, não é a droga que estupidifica o cérebro a partir do consumo e morte acelerada dos neurônios do consumidor, mas o próprio cérebro, em um processo inteligente de adaptação, se estupidifica para poder conviver com aquele tipo de vida imbecil.
O mais interessante é que o junkie ouviu isso do meu falante vizinho de fila. Um tremendo tratamento de choque. Pois o indivíduo teve que ouvir que não eram as drogas que o tornavam um vegetal bobalhão, mas o próprio cérero dele, que para acompanhá-lo naquele estilo de desperdiçar a vida, resolveu ficar estúpido.
Quando meu companheiro de viagem começaria a discorrer sobre o uso positivo de drogas (que interessante tema!), fomos convidados a embarcar. Que pena, queria ter ouvido essa outra tese, pois sobre o uso negativo de drogas e a ação inteligente do cérebro para acompanhar a estupidez, adorei ouvir. :-D
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