Lewis Hamilton fuoriserie
- Por Nelson Correa
- 19 março, 2008
- 5 Comentários
Era um verão como sempre no Rio de Janeiro. Final de tarde. O vento que dava vida à biruta do Aeroporto de Jacarepaguá aliviava a temperatura e deixava as tonalidades do céu mais perceptíveis. Tomávamos uma Coca-Cola (poderia ser uma cerveja) eu e Sergio Rinland, um argentino, o engenheiro responsável pelo novo carro da equipe March de Fórmula-1 que viria a se chamar RAM Racing. As equipes de Fórmula-1 vinham cedo para o Brasil e faziam a pré-temporada no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Isso era em 1983. Conversávamos sobre uma única paixão que faz com que um brasileiro e um argentino concordem entre si: corridas-automóveis-pilotos.
Nessa época, um fenômeno brasileiro encantava a Europa, mais precisamente a Inglaterra e sua Fórmula-3. Lembro que saía em determinados domingos do posto 9 da praia de Ipanema, no início da tarde, com o tempo cronometrado para uma parada no Bob’s do Leblon. Almoçava com a Cris um Big Bob que lá não existe mais (mas tem no Fifties de Sampa) sentado dentro do carro, ouvido petrificado no rádio, atento a narração de uma corrida de Fórmula-3 inglesa.
Na mesinha de madeira branca da lanchonete à beira da pista do Aeroporto de Jacarepaguá, em determinado momento da conversa vem a pergunta que me angustiava fazer: – Sergio, o que você acha do Ayrton Senna. Como se precisasse de mais adjetivos, completei: o brasileiro que vem liderando e ganhando belas corridas na Fórmula-3 inglesa. Sergio, cabeludo como todos argentinos devem ser e de rosto redondo, bastante vermelho do sol de verão do Rio, abriu um grande sorriso e com os olhos brilhando me disse: – Em breve será um dos maiores campeões da Fórmula-1. Talvez até maior que Fangio. Aquilo me emocionou. Ayrton era meu ídolo, apesar do meu xará Piquet ainda ser um dos top drivers da Fórmula-1. Fangio era mais importante que a bandeira Argentina tremulando nas Ilhas Malvinas. Pelo menos para um argentino apaixonado por Fórmula-1.
Por que me lembro dessa cena? Porque quem ama a Fórmula-1, diferentemente de quem ama futebol, não torce para um time, torce pela arte (há exceções). Isso nos proporciona a capacidade de ao ver uma largada e sua primeira curva, antever que um piloto é um fuoriserie (aqui, aqui e aqui).
Quis o destino que ele não fosse o campeão no ano de estréia. Mas uso somente um argumento para justificar minha certeza que Lewis Hamilton está no mesmo degrau de Fangio, Ayrton e Michael. Para um novato, terminar o campeonato na frente do bi-campeão Fernando Alonso, ambos com o mesmo carro, é surpreendente. Alonso é o único que, nesse momento, anda de igual para igual com o Hamilton. Por quanto tempo? Pouco, certamente. Um ano ou no máximo dois. É uma pena que sua Renault ainda esteja tão longe dos carros de ponta neste ano. Ao final desta temporada aposto que o Schmacher pensará seriamente em voltar para tentar aumentar seus números e deixar a tarefa do Hamiltão um pouco menos fácil. ;-)
Lamento que naquele 1983 não tínhamos Internet e email, não fiquei com nenhum contato do Sergio. Se tivesse ainda contato com ele, faria novamente a mesma pergunta, sabendo que mesmo mudando o personagem, a resposta seria idêntica.
Aproveitem os domingos para assistir a arte do Pelé da Fórmula-1. Schumacher era o Maradona. :-D
Uma pergunta que sempre me fazem e eu não sei responder: Qual o melhor, Senna ou Schumacher?
Sempre torci pelo Senna, apesar de minha paixão pela Scuderia Rossa, onde ele não chegou a atuar. Sei que, não fosse o acidente que o roubou de nós, ele teria ainda brilhado por muito tempo nas pistas.
Mas sempre gosto de lembrar que já naquela época, um certo alemão correndo numa Benneton dava bastante trabalho para os pilotos de ponta.
O ideal seria que tivessemos tido mais disputas entre eles. Ganharíamos, com certeza, nós fãs do esporte.
Comentário do Pô, meu!
Meu caro Enio,
Essa é a pergunta que não temos uma resposta automática. Eu era fã do Senna ao ponto de ouvir pelo rádio as corridas dele na F-3 inglesa. Era capaz de apostar todas as minhas fichas que ele seria o melhor de todos os tempos. Mas a merda daquela suspensão quebrada na Tamburelo nos cala.
O Schumacher é hoje o dono de todos os recordes da F-1. Para a história, até hoje, qualquer tentativa de dizer que este ou aquele seriam melhores que o Schumy é pura conjectura. Números são frios e cruéis.
Abração,
Nelson
Olá, Tudo bem? Gostei muito do seu blog e gostaria de estabelecer uma perceria, irei te linkar em meu blog, espero ser linkado também…Abraço!
Comentário do Pô, meu!
Oi Fernando.
Que bom que você gostou.
Abraços e sucesso,
Nelson
Ops, o “Pelé da Fórmula-1” teve seu dia de Fio Maravilha no Bahrein. Segundo os jornais ingleses, o espanhol freiou de propósito para provocar o choque… Ainda seria um fuoriserie?
Comentário do Pô, meu!
Paulo,
Até você já teve, no futebol, o seu dia de Nelson. Mas calma, pega leve que o acidente no Bahrein foi uma grande malandragem do Alonso. Ali, o grande pecado do Hamilton foi ter sido ingênuo. Mas isso faz parte do aprendizado dele. ;-)
Beijos,
Nelson
Senna era sem dúvida alguma o melhor. Um verdadeiro mago das pistas. O alemão deve muito de seu estrelato a eletrônica embarcada.
Comentário do Pô, meu!
Oi Arthurius,
Sou fã de Senna, mas muito a contra-gosto tenho que reconhecer: o alemão é braço prá cacete. Pode acreditar. ;-)
Abraços e sucesso,
Nelson
tbem acho que senna era o melhor,pena que ele se foi :o(
Comentário do Pô, meu!
Pena mesmo BB.
Aliás, desculpe perguntar, mas seu BB não é Banco do Brasil e muito menos Brigitte Bardot né?
Abraços e sucesso,
Nelson