Bergman, Antonioni e minha memória visual
- Por Nelson Correa
- 2 agosto, 2007
- 1 Comentário
Minha memória visual não existe, ou quase isso, tende a zero. Ela é algo igual à memória RAM dos computadores, se acabar a energia ou se o micro for desligado, tudo que está nessa memória é perdido. Meu Deus, só eu sei o esforço que faço para me lembrar do rosto que fui apresentado há cinco minutos atrás.
Isso vale também para o cinema. Em casa, fui proibido de ir sozinho à vídeo locadora se não levar comigo o telefone celular. Houve um tempo, quando ainda não havia celulares, que eu só podia ir acompanhado. Isso por um lado é bom, pois filmes podem ser revistos ad eternum, e na maioria das vezes, ou o final, ou partes fundamentais do desenrolar da trama, são sempre novidades para mim.
Mas é chato, quando quase todos os blogs essa semana, dispararam posts e mais posts sobre as mortes de Ingmar Bergan e Michelangelo Antonioni, dois grandes mestres da arte do movimento, e esse blogueiro aqui não consegue se lembrar de uma cena dos filmes que povoaram muitos programas nos antigos cinemões de Copacabana. Dá uma grande frustração.
Eu poderia até ter buscado sustentação no Google e nos sites de vídeo, mas prefiro assumir e publicar que não tenho memória visual. Não. Não é velhice não. Com treze anos fui conquistado (* claro, só as mulheres é que conquistam) em uma festinha e, com encontro marcado para a pracinha do bairro no dia seguinte, não lembrava do rosto da menina com quem dancei a festa inteira. Quem seria ela na praça? Com vergonha não fui.
Mas tudo tem compensações. Minha memória auditiva é show! Lembro de vozes até sussurradas e não ouvidas há muitos anos. Telefone é moleza. Ninguém me engana por mais de 15 segundos. E na música, percebo instrumentos com clareza. Mas não é só! Minha memória olfativa, ah minha memória olfativa… quantos cheiros e perfumes inesquecíveis. Na década de 70 e 80 não íamos só ao cinema não, todos os iniciados praticavam o esporte de assitir às corridas de submarino na longíngua Barra da Tijuca.
Acho que não é tão ruim não ter memória visual, enquanto os olhos sempre se surpreendem com o renovado novo, ouvidos e nariz garantem a herança do passado.
Pô, Nelson!
Sem culpas….(mas como você consegue esquecer) :-)
Eu tenho problemas com nomes : uso uma dezena antes de acertas.
Já tem um excelente motivo para “pegar” um dvd.
bjs,
Comentário do Pô, meu!
Tá vendo as vantagens! Não encano mais de não lembrar de nomes, pois sem ter a referência do rosto, de que importa saber o nome? :-D