Problema se resolve com carinho
- Por Nelson Correa
- 5 maio, 2006
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O presidente Lula, que responde pelo acionista majoritário da Petrobras – o governo brasileiro, confirmou que a empresa vai absorver o aumento que a Bolívia vier a praticar no gás que é vendido ao Brasil. Ou seja, os acionistas minoritários que esperem até depois da eleição, pois antes dela, todos pagarão com diminuição dos lucros da Petrobras na distribuição do gás boliviano para não deixar o candidato à reeleição mal na foto. Como se isso ainda fosse possível depois da foto de ontem.
Por duas vezes no século passado a Bolívia estatizou empresas envolvidas com hidrocarbonetos. Em 1937, foi expropriada a Standard Oil. Em 1969 foi a vez da Gulf Oil. Agora, quem deve sofrer a maior tunga é a Petrobras. Olhando o passado, é possível trazer dois aspectos muito importantes para analizar essa situação. Nas duas vezes que os bolivianos, sempre liderados por um futuro presidente destituído, tomaram conta do negócio, eles fizeram a festa e se lambuzaram gastando, gastando e gastando até que o negócio acabasse.
Outro aspecto importante a ser analisado é que o negócio de gás entre Brasil e Bolívia não nasceu ontem, é discutido há décadas. A Bolívia tem o gás, o Brasil teve capacidade de fazer um investimento, que lá na Bolívia foi de mais de 1 bilhão de dólares, mas aqui no país, para trazer e distribuir esse gás, foram gastos mais de 7 bilhões de dólares. Depois de muitos anos negociando, os dois países concluíram o acordo que hoje garante à Bolívia um comprador para uma commodity que eles possuem, mas não tinham a quem vender, e ao Brasil, depois de rever seu modelo energético e montar uma grande infraestrutura, garante o consumo e o pagamento por esse gás.
Em Don Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, Sancho Panza, logo no início do clássico, diz o seguinte ditado: “Dime con quien andas y decirte he quién eres“. Aqui no Brasil nós temos outros semelhantes, como por exemplo: “tatu cheira rabo de tatu” ou “diz-me com quem andas que te direi quem és”. Ultimamente não podemos nos orgulhar da gente que tem andado com a gente, ou que se coloca a nos cheirar.
Num discurso hoje em Aimorés, Minas Gerais, Lula disse:
– Tem gente que acha que ser duro resolve o problema. Às vezes, acho que ser carinhoso resolve melhor.
Presidente, se vire, e seja carinhoso é com a gente.
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