Carnaval 2011. Queda de avião. Centenas de mortos


Acidente aeronáutico

Airbus da TACA acidentado em Tegucigalpa, Honduras em 31/05/2008 com 65 feridos e 4 mortos (3 no avião e 1 em um automóvel)

Os números oficiais falam em 213 mortos durante o carnaval somente nas estradas federais do país. Mais pessoas morreram em acidentes de automóveis na alegria do carnaval do que nos dois últimos maiores acidentes aeronáuticos no país: o do Boeing da Gol que se chocou com um jato Legacy (2006 – 154 mortos) e o Airbus da TAM que saiu da pista de Congonhas e explodiu em chamas no posto de gasolina do outro lado da rua (2007 – 199 mortos, sendo 12 em solo). O pior, se é que ainda pode existe pior – e existe, é que toda semana, sem passar no Jornal Nacional e sem o olhar comovido da Fátima Bernardes, “cai um jato comercial” nas estradas federais do nosso país.

Ninguém faz ou fez a contagem de todos os mortos nas estradas estaduais e nas áreas urbanas devido a acidentes rodoviários. Talvez tivéssemos três ou quatro jatos comerciais em número de mortos toda semana no país. É certo que as condições das estradas, boa parte delas, é de um abandono criminoso. Por outro lado, uma parte significativa (não achei números consolidados) é causada por motoristas embriagados. Aliás, não conheço frase mais canalha proferida pela mídia do que as que acompanham propagandas de drogas a base de álcool: Beba com moderação.

O que é beber com moderação? É o limite de 0,2 grama de álcool por litro de sangue? Quantas taças de vinho ou latinhas de cerveja um homem de 90kg e sua namorada de 50kg podem beber para estarem dentro da moderação? Antes do governo dizer o que eu posso ou não beber para me parar em uma blitz de Lei Seca, eu gostaria que aqueles que matam dirigindo, sóbrios ou não, fossem tratados do mesmo jeito dos que matam usando uma arma de fogo ou uma arma branca. E se estiverem bêbados, que isso seja um agravante forte.

Milhares de pessoas perdem amigos e parentes que amam. Famílias são destroçadas com a estupidez de um assassinato que é tratado tal qual uma mijada um pouco mais séria na rua durante o carnaval. E não teve e nem terá blitzes de Lei Seca que impeçam milhares de mortes por ano e milhares de criminosos tendo que comprar algumas dezenas de cestas básicas, e nada mais. Nenhum desses assassinos foi preso. Provavelmente continuarão longe das penitenciárias no futuro próximo.

Eu particularmente não bebo mais, nem uma taça de vinho no jantar ou uma caipirinha com os amigos se estiver dirigindo. Sei lá como meu corpo vai reagir ao bafômetro, mesmo nunca tendo me envolvido em nenhum acidente em mais de 30 anos de volante. Já bebi mais do que o governo me impõe como limite hoje, algumas vezes eu estava perfeitamente apto a dirigir, como dirigi. Outras duas vezes, eu sabia que não podia dirigir e não dirigi.

Não sou contra a fiscalização, claro que não! Sou contra o governo decidir que uma tal quantidade de álcool me impediria de dirigir com segurança quando vejo nas ruas pessoas que nunca devem ter ingerido uma gota de álcool em suas vidas dirigindo de forma muito mais perigosa do que eu com meia garrafa de vinho no jantar. E sou contra, fundamentalmente contra, que criminosos do trânsito sejam tratados por nossas leis como bicheiros e outros meliantes são tratados por nossos governantes na época do carnaval.

P.S.1) Com mais de 0,6 grama de álcool por litro de sangue (equivalente três latas de cerveja aproximadamente), mesmo que não demonstre embriaguez ou que esteja sem condições de dirigir, o motorista pego em uma blitz da Lei Seca poderá ser preso. Se matar alguém, mesmo embriago, se apresentando com advogado 24 horas após o assassinato, dificilmente conseguirá ser preso.

P.S.2) Ah, e o avião que caiu? Pode ser visto aqui em baixo ou no Youtube.



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