Bodes véios na sala
- Por Nelson Correa
- 7 fevereiro, 2009
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“Eu entendo que todo o processo que tem origem nesta Casa já nasce com o vício insanável da amizade, que é o relacionamento do dia-a-dia do parlamentar”
Os caras obram e nós é que engolimos. Esse papo do deputado Edmar Moreira (DEM-MG), assumindo que a Câmara de Deputados é uma grande organização (mafiosa?) que não tá nem aí para leis, eleitores, ética e o escambau é uma grande orquestração para despistar. Algo como o cara que chega em casa às 4:30h da madrugada, com a camisa cheia de batom, cheirando a perfume vagabundo feminino, descabelado e que resolve pisar no cocô de cachorro da calçada, antes de entrar em casa.
Ele mete e vira a chave na porta, e entra em casa. Claro, sua mulher está sentada no sofá da sala, só o abajur da mesinha aceso, olhos marejados, super tensa, noite em claro.
– José Alberto, isso são horas de chegar?
– Ô meu amor, eu sei que é tarde…
– Onde você andou até agora?
– Benzinho, o trabalho tá pegando, essa crise não está fácil, muita gente foi demitida, marolinha é papo furado do Lula e…
– José Alberto, que cheiro de cocô é esse?
– Nossa, que cheiro horroroso, meu amor! De onde vem?
– José Alberto, não me diga que você pisou no cocô e está entrando em casa com o sapato sujo!
– Querida, não pisei em cocô nenhum… ou será que pisei no cocô?
– José Alberto, vá tirar esses sapatos na área, imediatamente.
– Ana Clara, não fique aborrecida, vou tirá-los agora.
– José Alberto, você sujou o carpete de cocô?
– Aninha, eu limpo. Deixa eu limpar o sapato aqui no tanque, que depois limpo o carpete da sala.
– José Alberto, você tirou o balde com roupa de molho do tanque?
– … hã? Tinha balde aqui?
– José Alberto (chorando)… você suja o carpete de cocô e (soluço) meus panos de chão que estavam de molho…
– Amorzinho, vai deitar, vai. Eu vou limpar tudo, vou deixar tudo perfeito. Vai lá, eu já vou em seguida.
Quarenta minutos depois…
– José Alberto, você tomou banho? Tá cheiroso amor.
– Você não queria que eu viesse para a nossa caminha cheirando a cocô de cachorro e desinfetante, não é, minha querida?
No dia seguinte de manhã…
– José Alberto, você (sorrindo) lavou a roupa que estava usando ontem, meu amor?
– Ana Clara, naquele escuro acabei sujando tudo com o cocô do sapato.
– Meu fofinho, e você sabe lavar roupa? Não precisava, querido, eu colocava hoje na máquina. (selinho carinhoso)
Vida que segue. Tudo na mesma.
Vocês duvidam? Já viram os caras que (re)assumiram o comando lá do nosso (sim, é nosso!) parlamento? Zé Sarney, Michel Temer, Fernando Collor, Renan Calheiros entre outros, todos eméritos professores dos Josés Albertos da vida. Não duvido que Edmar seja o bode da vez.
Eles fazem as merdas e nós engolimos na boa.
Mas eu não engulo calado!
A culpa dos bodes é nossa. Se, mesmo reclamando do cheiro do cocô, víssemos o batom na camisa e puséssemos o sujeito para correr, quem viesse depois ao menos pensaria um poco mais antes de aprontar a mesma coisa.
Pois é Enio,
Somos um bando de “Anas Claras”…
:-(
Abração,
Nelson