Eu já apanhei de mulher
- Por Nelson Correa
- 4 fevereiro, 2009
- 12 Comentários
É verdade, isso é uma confissão. Nunca antes eu tive peito de tornar esse fato público. Nem pense que foi fácil. Estou há vários dias com esse tema martelando a minha cabeça. Não sabia como começar. Não sabia se depois que começasse, teria coragem para ir até o fim. Mas o motivo justifica, eu vou contar.
Antes de mais nada, quero dizer que o gatilho que me fez lembrar esse acontecimento do meu passado, foi todo o – mais que justo – auê feito pela blogosfera, que tomou as dores da Ana Lúcia Fernandes, a menina que sofreu uma bolinada não autorizada no Campus Party, de um babaca que se apresentava com o nick LewisIceman. Não vou recontar a história, se você não tomou conhecimento disso amiga leitora, caro leitor, lá no fim do texto tem vários links que são suficientes para entender a história.
Claro que achei o cúmulo a atitude desse grande babaca, mas te juro, o que mais me surpreendeu foi ler, inclusive de mulheres, que ela, a Ana Lúcia, foi a culpada, pois estava vestida de coelhinha da Palyboy, fazendo propaganda da revista no meio da nerdaiada do Campus Party. É gente. Fecha a boca e não vá babar no teclado. Tem pessoas que acham que a mulher é que provoca, daí o homem pode usar de qualquer violência contra essa mulher que não se deu ao respeito. Brincadeira!
Eu aprendi em casa, desde pequenininho, que mulher é para a gente respeitar e nunca, sob hipótese alguma, bater em uma mulher, nem com uma flor. Era isso que eu ouvia do meu pai repetidas vezes. E acreditava naquilo, mesmo quando o meu avô Manoel, o contador de histórias, retrucava com seu sotaque português: “… nem com uma flor, só com uma barra de ferro.” E ele ria. E eu já conhecia o senso de humor dele e entendia aquilo como mais uma de suas piadas. E era uma piada.
Pois é. A lição foi aprendida. Um dia, talvez com 7 ou com 8, poderia ter sido 9 no máximo. Hum… quem sabe 10 anos. Bom, estava eu em uma festa de aniversário no apartamento da tia Lúcia, pequeno para a molecada bagunceira. Por isso, estávamos espalhados pelos quartos e até no corredor do prédio. Havia uma menina, maior que eu, gordinha bem mais forte, que me sentou a mão em determinado momento da festa, lá no corredor.
Eu aguentei firme, mas apanhei bastante. Foi vergonhoso para o meu pai tirar seu filho debaixo das bofetadas da menina ensandecida. E ele, até com a cara fechada, me perguntou como eu estava apanhando daquela garota. Obviamente, repeti o que ele sempre me ensinou e que parece, tinha esquecido naquele momento. Meu pai deve ter ficado surpreso, disse até que, em uma situação daquelas, quando eu estava sendo agredido, que deveria reagir, sem machucar, mas pelo menos impedir a surra.
Não, não adianta perguntar, já tentei de tudo para chamar nos cantos mais escondidos da minha memória o que fiz para aquela menina para ela me sentar a mão. Não lembro. Mas ela deve ter tido uma pré-estreia de uma TPM. Talvez eu tenha merecido. Não, de maneira nenhuma passei a mão nela, nem naquela idade eu agiria sem a cumplicidade dela, até porque esse hormônio ainda não tinha brotado em mim.
Mas voltando ao LewisIceman. Meu caro bobalhão, ainda dá para você mudar, dá tempo para você se transformar em um Homem de verdade, mas eu te peço, de coração, para o bem de todos, se você não conseguir mudar, pelo menos ensina teu filho, se você vier a ter um algum dia, que mulher não é prá gente fazer o que quer sem que ela também queira. Muda a tua história. Ou pelo menos,a dos teus filhos.
P.S.1) Nunca mais voltei prá casa tendo apanhado em briga de rua, muito menos de corredor.
P.S.2) Esse pequeno incidente não me causou nenhuma sequela, sem problema me transformei em um adepto da seita do Roger, do Ultraje a Rigor.
P.S.3) Os links que falei acima:
– No Cracatoa Simplesmente Sumiu
– Na Abril
– No Flickr do f_mafra
– No Flickr do jiguryo
– No Twitter do lebravo
– No Flickr do f_mafra
– No Dois Espressos
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OI Nelson nao estava sabendo desse episodio,vergonhoso!Pior é que mesmo as leis desse pais sao coniventes de certa forma com esse comportamento,em caso de estupro,existem atenuantes para o criminoso se a vitima “estava vestida de maneira provocativa”…E ja escutei ao vivo e a cores ,investigador de policia, dizer que” nao acreditava” na estoria da vitima(um caso em sp que teve bastante repercussao sobre uma moça que foi trancada no esgoto)…Escandaloso,mas ai confesse, o que voce fez para a “gordinha” te bater?bjs
Nine,
Infelizmente isso é um dos mais antigos dogmas da raça humana: essa relação com a mulher. Veja que várias religiões colocam na histórias dos messias, o nascimento de uma virgem.
Não podemos aceitar a bolinada na coelhinha da playboy no evento nerd, nem o beijo forçado na boate e, muito menos, o estupro na prostituta. Nenhuma dessas situações difere muito dos tapas que os valentões aplicam, dentro de suas próprias casas, em suas companheiras.
Isso tem que mudar.
Mas quanto à gordinha, Nine, não lembro mesmo o que a levou aquela loucura.
:-D
beijos,
Dizer que a garota foi culpada por estar vestida de coelhinha (estava mais vestida do que habitualmente se vê nas praias) é um passo de absolver um estuprador ou algum criminoso do gênero. Um passo de fazerem as mulheres cobrirem os corpos como se o corpo merecesse ser alvo de vergonha. Muitos passos no sentido de admitir que somos mais animais que humanos.
Grande Alessandro,
Seu texto estava ótimo sobre o caso. Eu estou só fazendo coro, porque acho que esse tema merece um alarido bem alto. Merece entrar na preocupação de pais, para que tentem ensinar aos seus filhos, que ser pegador, não implica a estupidez da violência.
Abração,
O clássico de culpar a vítima. Está na história das nações, nas fábulas (lembra do lobo e do cordeiro?) e na psiquê do covarde.
Seja bem vindo, caríssimo Daniduc!
Veja que nesse clássico da covardia, o homem está sempre no topo. O macho é sempre o covardão. A mulher, sexo frágil, essa sim, é sempre muito valente nessa história toda, mesmo quando a lágrima, teima em escorrer, como na foto da coelhinha lá no Campus Party.
Abração,
O sujeito é um tremendo babaca.
Mas na ordem do universo, babacas nunca deixarão de existir.
E sobre apanhar de mulher, você é um felizardo, porque meu caso foi muito mais violento. Acho que tinha uns 10 anos também, e minha “rival” 16 ou 17. Não foi nenhuma bolinação, já que ela era tão feia que não provocaria nada em qualquer tarado.
E apesar de ter apanhado algumas vezes no colégio, acho que a maior surra que levei foi dessa criatura, já que brigando com meninos, nunca levei unhada e puxão de cabelo :)
Mas sem traumas… E também faço couro com a seita do Roger :)
Grande Chantinon,
Mas ele tem até cara mesmo né?
Quer que eu te fale uma verdade? Acho que esse seu papo de ter entrado na porrada de uma mulher tá estranho… vc diz que tinha 10 anos e a menina, quase mulher, tinha 16 ou 17, isso parece palmada em moleque bagunceiro.
:-D
Conta a verdade aí!
Abração,
Pô brother! eu não sabia que essa menina aí tinha batido em vc!!!! Se houvesse me contado juro que teria ido lá tirar satisfações com ela… afinal, em nosso almoço com papai na quarta feira o mesmo comentou que lhe dizia sobre não bater em mulher nem com uma flor justamente para vc não bater em mim, sua irmãzinha caçulinha… eheheheh… tá vendo, teria dado uns tapas nela para proteger vc… kisses!
Sister,
Ela era grande, pode acreditar em mim.
Quanto ao aprendizado, mesmo que tenha sido enviesado, fico feliz por ter aprendido.
:-D
Beijo,
Nelson
Ola Nelson!
Eh a 1a vez que deixo comentario e to nervosa… Ah, e desculpe pela falta de acentos, meu computador eh gringo!
Olha, pensando bem, eu acho que fazia parte do time da gordinha que te bateu: qdo menina vivia dando surra nos moleques menores! E nem precisava grandes motivos, achava algum franzino e sentava a mao com vontade no pobre! Que horror… To aqui tb confessando essas intimidades serias!
Quem me indicou seu Blog foi a Sandra Leite do Isso eh Bossa Nova e adorei mesmo (ela sempre acerta!) Agora virei leitora-tiete de voces dois!
Sucesso e que venham mais posts empolgantes!
Bianca Osmondi
Oi Bianca,
Relaxe, a casa é pobre mas é limpinha, e tá arrumadinha há pouco tempo. :-)
Que bom que você deixou um comentário. Amigos da Sandra são super bem vindos, ela é quase sócia da casa.
Olha, deixa eu ficar achando que apanhei uma única vez na rua, daquela menina, porque eu não bateria nunca, mesmo ainda tão pequeno, em uma mulher. :-D
Menina, que inveja, você vive em San Francisco? Eu não conheço… Quantas idas a trabalho para Miami e nem umazinha para a California. Essa é uma das coisas que está na minha lista de obrigações a fazer um dia (próximo).
Fique à vontade, comente o que quiser, me ajude a encher essa garrafa para o futuro com as coisas do nosso tempo.
Abraços e sucesso,
Nelson