Rio Body Count, minha opinião

Recebi de uma amiga no dia 2 de fevereiro, a Thalita Monnerat, o link para o site www.riobodycount.com.br. Inspirado no www.iraqibodycount.org, o nosso contador de mortos e feridos no estado do Rio de Janeiro iniciou sua contabilização no dia 1 de fevereiro de 2007.

Site Rio Body CountNo primeiro momento, achei a proposta vaga e sem muito sentido prático. Algo como abraçar a Lagoa Rodrigo de Freitas ou se vestir de branco e sair caminhando pela orla silenciosamente. Ambos os exemplos são belas performances, mas pouco práticas como resultados. Práticos são os movimentos sociais viajando a pé para Brasília para serem recebidos pelo presidente. Prático era o Chico Mendes liderando os seringueiros de Xapuri nos Empates (entenda), práticos foram os comícios pelas diretas ou o Fora Collor dos caras pintadas.

Um site contando feridos e mortos no estado do Rio de Janeiro é um pouco diferente do pessoal do Iraq Body Count, pois as nossas informações de mortos e feridos, são buscadas nos jornais e são números oficiais confiáveis. Lá no Iraq, números oficiais são uma balela, e ter quem junte tudo para mostrar ao mundo o tamanho da carnificina que acontece lá, é fundamental para se preservar a verdade.

A primeira coisa que fiz foi escrever um email para a Thalita copiando o pessoal do Rio Body Count. Eles não me responderam, mas a Thalita me respondeu, inclusive me dando o link do blog de um dos autores. Lá no blog dele, pude ler mais sobre a idéia do movimento. Achei a iniciativa muito interessante e louvável, mas sou pragmático. Um site contando mortos e feridos, com números recolhidos da grande mídia, é tão performático quanto o abraço na Lagoa ou a caminhada branca na orla.

Acho que faltam objetivos a serem alcançados para que se possa medir o sucesso do movimento. Objetivos que poderiam ser por exemplo: discutir para identificar, quais motivos fazem da polícia do Rio de Janeiro uma das que mais matam pessoas em relação à quantidade de pessoas presas. Ou quanto seria necessário de aumento no orçamento do estado, e de que forma isso poderia ser viabilizado, para que as polícias (civil e militar) do Rio de Janeiro, possam dobrar seus salários (valores reais, descontada a inflação) em um prazo de 5 ou 10 anos. Ou ainda, quanto é gasto hoje, proporcionalmente ao orçamento da segurança pública, em inteligência no estado do Rio de Janeiro. Mais? Listar as promessas de campanha de deputados estaduais, deputados federais, senadores, governador e presidente eleito, relacionadas à segurança do estado e cobrar através de email, passeatas, etc. Existem diversos outros objetivos concretos para se lutar.

Fico imaginando aquele relógio que conta os dias que faltam para a abertura dos Jogos Panamericanos de 2007 lá na praia de Copacabana. Se só bastasse o relógio para que tudo ficasse pronto na data certa, seria muito fácil. Todavia, muito mais que um simples relógio, há um grande planejamento estratégico, tático e operacional para fazer com que tudo esteja perfeitamente pronto no dia de abertura dos jogos. Será? Há controvérsias.

Enfim, ao menos contar, não deixa o assunto morrer. Nasceu o movimento, agora ele pode crescer e trazer o que todo carioca e brasileiro quer: um Rio que nos encha de orgulho. Sigam em frente, quem ama o Rio vai apoiar. Eu apoio.

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