Sonhos diferentes
- Por Nelson Correa
- 17 agosto, 2014
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A morte do ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos, me chocou por ser ele tão jovem e ter deixado esposa e cinco filhos, entre jovens, crianças e um bebê. A morte normalmente não me choca, pelo menos aquela que é esperada, seja pela idade, seja por conta de frágil condição de saúde, tenho uma relação tranquila com a morte. Mas me frustra quando ela derruba planos em plena construção. Foi o caso de Campos, tanto na sua carreira política, quanto, principalmente, na construção da sua família. Lamento a dor de todos.
Apesar do respeito à dor de muitos, não compactuava com a visão política e, talvez ideológica, do falecido candidato. E por que isso agora? Hoje no Twitter do senador Cristovam Buarque vi uma foto que me fez lembrar uma tentativa que tive em dialogar com Eduardo Campos através do Twitter. Já fiz isso muitas outras vezes com diversos outros políticos. Alguns, respeitosamente, me responderam, a maioria, incluindo o senador Cristovam, nunca me deu bola. É bem verdade que muitos preferem responder a impropérios e xingamentos que recebem do que entrar em discussões complexas. E eu sou extremamente educado, o que reduz bastante minhas chances de diálogo.
Quando Campos iniciou a campanha nas mídias sociais, ele fez uma bate-bola de perguntas e respostas no Twitter. Fui um dos primeiros a perguntar, e minha pergunta foi a que aparece a baixo:
Foi a mesma pergunta que já fiz ao deputado Roberto Freire, do PPS. E Freire, a quem respeito muito pela franqueza, transparência e honestidade, me disse que sim, ele é anti-capitalista e tem o sonho de um dia podermos viver em uma sociedade socialista, superando o capitalismo. Alguém já deve estar pensando que sou neurótico com essa dicotomia de direita-esquerda. Eu respondo que não. Mas como defensor do empreendedorismo e do seu resultado individual, e, do estado sendo responsável por dar a rede de proteção social e não se arvorar em ator principal do mercado e da produção, essa pergunta é fundamental para definir meu voto.
Após o fechamento do Perguntas & Respostas de Campos, ele tuitou que não era hora de discussões ideológicas. Pode até não ter pensado na minha pergunta quando ele ou sua assessoria postou esse tuíte, mas eu entendi que ele não queria colocar esse tema em discussão. Lamentei, pois isso cria uma cortina de fumaça que escurece ao invés de transparecer a discussão política. Respeito qualquer posição quando defendida abertamente, como fez o deputado Freire. Mas considero negativo falar nas suas propostas de um mundo melhor sem querer dizer como são os planos do candidato para chegar nesse mundo melhor. Será melhor para mim também o caminho escolhido?
Qual candidato, de qualquer partido, e eles começarão a invadir em breve nossas casas através da campanha da TV, que não é a favor da educação, da saúde, da família, da tolerância, da segurança e de tudo que todos querem? Quem? Todos falam isso. Por isso essa frase da faixa no funeral de Campos me trouxe para o Pô, meu! Eu não quero que todos estudem na mesma escola, de maneira alguma! Porque se isso for verdade, os professores serão todos iguais, a forma de ensinar será igual, e estaremos mais uma vez tentando fazer iguais, todos os seres humanos, e isso não é viável. Somos diferentes.
Quero sim, que todos possam ter escolhas. Que todos possam ter ensino de qualidade, saúde de qualidade, moradia de qualidade e oportunidades de trabalho. Se alguém mais rico preferir pagar para estudar em local diferente, estou pouco ligando, eu quero que meus filhos tenham cada vez mais oportunidades, independente de termos menos dinheiro que os mais ricos. E quem disse que eu quero que meus filhos estudem na mesma escola do meu vizinho rico? Posso ter uma visão diferente da vida e preferir outra linha educacional. Que bom! Somos diferentes. Precisamos ter opções diferentes.
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