Eike deveria ter sido campeão nacional
- Por Nelson Correa
- 29 julho, 2013
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Li um artigo interessante sobre o Eike Batista no Infomoney: O que a Empiricus (não) pensa do Eike. Ele vem complementar todos os comentários feitos por especialistas ou não sobre o artigo de mea culpa feito pelo empresário do Grupo X e publicado nos jornais Valor Econômico e O Globo: O Brasil como prioridade, ontem, hoje e sempre. Pode ir lá ler os dois artigos. Eu aguardo. E se depois de lê-los não tiver mais disposição de continuar lendo sobre Eike aqui, não fico triste não. Na verdade, só um pouquinho. ;-)
Não tenho fundamentos para julgar se o Eike Batista deu um golpe no mercado, se ele só é incompetente ou se foi somente um empreendedor que teve alguns negócios que não deram certo, como acontece com qualquer empreendedor de sucesso ou sem sucesso. Na verdade, e isso tenho quase certeza, ele teria agido absolutamente diferente se a política brasileira não fosse vergonhosamente conduzida por pessoas que no mínimo, são incompetentes, e no máximo, criminosas com a gestão pública.
Eike foi um dos escolhidos para ser beneficiado pela estratégia do governo Lula, e considero que ainda estamos no governo Lula em pleno julho de 2013 após as palavras da presidenta, quero dizer, gerenta, em entrevista na Folha: Lula não vai voltar porque ele nunca saiu. Voltando ao assunto foco, o governo Lula imaginou, prefiro dizer que não faço a mínima ideia do motivo, criar algumas poucas empresas super poderosas, chamadas “empresas campeãs nacionais”, usando os recursos do Tesouro, através do BNDES. Ou seja, ao invés de distribuir os financiamentos entre várias empresas, de diversos setores econômicos e distribuídas por todo o Brasil, somente umas poucas dividiram o imenso bolo de recursos.
O grupo EBX, do Eike Batista, recebeu mais de 10 bilhões de Reais em empréstimos subsidiados para se tornar um grupo de empresas campeãs do governo Lula. O mercado financeiro, através de pedidos de políticos, ou por sua própria vontade e “falta de aversão ao risco” (com sarcasmo), emprestou mais dinheiro ainda. Banco do Brasil e Caixa emprestaram mais de 2 bilhões de Reais. Itaú, Bradesco e outros, mais que dobraram esse cacife oficial que estava na mesa. Tudo junto deve dar uma Olimpíada do Rio de Janeiro, algo em torno de 30 bilhões de Reais. UAU!!! UAU de novo, agora pela custo da Olimpíada. :-(
O que Eike fez? Primeiro fez política. Um agradinho aqui, umas doações para as principais campanhas políticas, um aviãozinho emprestado ali, uma graninha para despoluir a Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro, outro troquinho para ajudar nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). E sim, deve ter produzido muito PPT (técnica criada para mostrar produtos / serviços / empresas que ainda não existem através de apresentações com o software Power Point da Microsoft), além de uma ultra exposição na mídia, se apresentando como um empreendedor campeão. Não era isso que o governo Lula queria? E um montão de incautos que procuram ganhar dinheiro com a possibilidade de descobrir grandes negócios, acreditou e despejou uma montanha de dinheiro comprando as ações das empresas do Grupo X na Bolsa de Valores. Viraram pó, na verdade ainda não, talvez nem virem, mas chegaram a areia.
Hoje o BNDES está reavaliando essa política de empresas campeãs. Eu acho que merecia uma investigação do Ministério Público, da Polícia Federal, da Receita Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. Será que houve contaminação desses recursos “campeões” com campanhas políticas? Ou até mesmo para aumento de patrimônio pessoal? Não posso responder, mas essas instituições republicanas ao certo poderiam. No fundo, nosso capitalismo socialista é bem sem vergonha, inzoneiro. Ademais (sonhava um dia usar essa palavra :-), se o Eike não conseguir pagar as dívidas, não tem problema, a gente já se acostumou a ser chamado a cumprir com nosso dever patriótico nessas horas, nóis vai pagá dinovo.
Vamos Brasil, quando teremos vergonha na cara? Tá demorando!
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