As veias de Galeano


Memorial da América Latina de Oscar Niemeyer inspirado no livro ‘Veias abertas da América Latina’

“As veias abertas da América Latina”, do jornalista e escritor uruguaio, Eduardo Galeano, é um clássico de esquerda que fez sucesso entre nós, adolescentes dos anos 1970. Hugo Chávez, o caudilho venezuelano que morreu em 2013 ainda fez muita propaganda da obra, tendo até presenteado o presidente dos EUA, Barack Obama, com o livro (2009).

‘As veias abertas da América Latina’ sempre gerou muita controvérsia, pois os que contestavam Galeano diziam que o livro não tinha fundamento acadêmico, trazia um amontoado de bobagens, algumas poucas verdades estruturadas para raciocínios direcionados e era uma literatura quase infantil. Talvez por conta disso, fosse leitura fácil para alunos entre 15 e 18 anos, estimulados por professores de esquerda, que queriam nos mostrar a eterna exploração que sofríamos desde o século XV, e quem não os teve?

Nesta semana, com a presença de Galeano no Brasil para a 2ª Bienal do Livro de Brasília, o livro ganhou um novo capítulo bem interessante. Seu autor disse:

“A obra foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever sobre economia política sem conhecer devidamente o tema. Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada”.

Galeano disse ainda:

“Eu não seria capaz de ler o livro de novo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico [atual] não aguentaria. Eu cairia desmaiado”.

Ele tem 73 anos, por isso brincou com o peso. Mas se você tem menos, vale reler ou lê-lo pela primeira vez. É uma visão de um jovem no auge das ditaduras militares da América do sul, no início da década de 1970, incluindo seu Uruguai. Onde era forte o posicionamento de esquerda. E ainda, que todas as soluções do mundo passariam obrigatoriamente por nós, que tínhamos menos de 30 anos. Hoje essa leitura tem um sabor especial, já que uma boa parte das discussões foi acalmada pelo depoimento do autor, e o entedimento, deve ficar bem mais fácil.

Furou a minha fila de (re)leituras, vai ser o próximo.

 



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