Botero e a dor da Colômbia

• Por Nelson Correa
• 23 abril, 2007
• 4 Comentários

O Memorial da América Latina, em São Paulo, está apresentando já em seus últimos dias, a exposição “A dor da Colômbia” do pintor colombiano Fernando Botero. A exposição começou no dia 23 de março e terminará no próximo domingo, 29/04/2007, e é gratuita. Botero é ótimo com suas formas rechonchudas e cores na composição certa. E a exposição te permite chegar muito próximo das telas, o que é fantástico para avaliar os detalhes das pinturas.

São 67 telas pintadas entre 1999 e 2004 que expõe com profundidade a violência que imperou na Colômbia por essa época. Este estado de guerra civil tem mudado nos últimos anos. Um governo sério conseguiu impor limites na ação dos terroristas/narco-traficantes, prendeu vários de seus chefes e a Colômbia tem mudado.

Conheci Bogotá no início de 2005, e confesso, estava super assustado de ter que ir lá profissionalmente. E para a minha surpresa, Bogotá me encantou. Uma cidade organizada, com pessoas querendo viver livremente sem medo, com forte vida cultural e social. Caí de paixão por Bogotá. É uma nova Colômbia. Torço para que eles consigam vencer a guerrilha unida aos narco-traficantes.

Mas voltando ao Botero no Memorial da América Latina, fiquei surpreso com o texto impresso na parede de entrada da exposição, que conta a história cronológica da vida de Fernando Botero. Nunca vi tantos erros infantis de português fora de uma prova do ensino básico. Inconcebível para um ambiente cultural. Uma vergonha! Em outra parede, um texto explicativo da mostra, assinado por Fernando Calvozo e Ângela Barbour (Diretor de Atividades Culturais e Coordenadora do Projeto Botero no memorial), traz a seguinte frase:

“… retrata a dor de seu povo provocada pelos conflitos sociais que assolam o país. Visão da injusta e violenta perseguição, que acaba derramando o sangue inocente de irmãos…”

Conflitos sociais? Injusta e violenta perseguição? Será que eles falam da Rússia de Stalin ou da China de Mao? Quem sabe o Brasil de Vargas ou da ditadura militar pós 64? Não ficou claro, pois o foco da violência colombiana é o banditismo, a criminalidade e o tráfico de drogas.

Isso não diminui a oportunidade de ver de perto a obra de um dos maiores pintores latino-americanos de todos os tempos, e que ainda está vivo e produzindo. E tem mais, é grátis.